Fumaça em Santarém é provocada por queimadas em outros municípios da região, diz prefeito


De acordo com Nélio Aguiar, o vento está trazendo a fumaça para cidade. O prefeito destacou ainda que município não possui estrutura para combate a incêndio. Fumaça em Santarém
Breno Arthur
Afinal de contas, de onde está vindo tanta fumaça? Esse talvez seja um dos maiores questionamentos de grande parte dos moradores de Santarém, no oeste do Pará. Na segunda (25) o Prefeito Nélio Aguiar convocou uma reunião e falou com a imprensa sobre o problema que está deixando a população preocupada.
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Nélio Aguiar destacou que a fumaça presente em Santarém, que tem afetado inclusive na qualidade do ar, não é provocada exclusivamente pelo município, já que em Santarém não há muitos registros de incêndio e sim de outros municípios.
“Toda essa poluição ela não é causada pelos focos de incêndio de Santarém. Ela é agravada e muito pela fumaça que está sendo produzida em outros municípios, outras regiões e que o vento tem trazido, intensificando essa fumaça, aumentando a poluição e afetando a qualidade do ar”, afirmou o prefeito.
Prefeito Nélio Aguiar realizou reunião para tratar sobre a fumaça em Santarém
Dominique Cavaleiro/g1
O secretário de Meio Ambiente de Santarém, João Paiva, contou que foi iniciado um monitoramento para identificar a origem da fumaça na cidade. Segundo o titular da pasta, foi realizada uma reunião com o Ministério Público e outros órgãos federais, onde foi discutido o caso e foi constatado que a fumaça não é de Santarém.
“Foi possível identificar o que tínhamos localmente. Fomos até os locais, alguns focos de incêndio, notificamos, temos algumas autuações. Mas também identificamos ao longo deste período que a fumaça provocada pelo município não é suficiente para atingir nem 1% desse total, que está sobre a nossa cidade. A fumaça está viajando de outros municípios, por conta de queimadas nesses municípios”, informou João Paiva.
Soluções práticas
Para amenizar o problema, o Prefeito destacou que está buscando alternativas e pedindo ajuda para o Governo do Estado e Federal. Para Nélio Aguiar, além de fiscalizar, prevenir e multar, são necessárias ações práticas e imediatas para que os incêndios na região sejam combatidos, para que a qualidade do ar não seja comprometida.
“Estamos aqui pedindo ajuda ao Governo Federal, precisamos de uma fiscalização forte principalmente reforçar a fiscalização em outros municípios, precisamos do Ibama, da Força Nacional, do Exército, precisamos de muito mais homens e equipamentos. Não temos pernas só com picapes e lanchas, precisamos de helicópteros, o município não tem helicóptero, precisamos apagar incêndios que estão acontecendo, não só fiscalizar, prevenir e multar, mas precisamos combater os incêndios que estão acontecendo e não temos estrutura de combate a incêndio”, disse Nélio Aguiar.
O Prefeito também solicitou ao Governo do Estado que sejam realizadas ações da Operação Curupira em Santarém para que os responsáveis pelos danos ambientais sejam identificados e punidos.
“A nível municipal nós já fizemos uma portaria que proíbe que as pessoas utilizem fogo para limpeza em terrenos e quintais, mas as pessoas continuam desrespeitando. O caminho é o rigor da lei, penalidade mesmo, multar, atuar e fazer a união de forças entre os municípios, o Estado e o Governo Federal para gente sair desta crise que estamos passando, colocando em risco a saúde das pessoas que estão respirando um ar totalmente poluído”, completou o prefeito da cidade.
Para o secretário de Meio Ambiente de Santarém, o reconhecimento de situação de emergência ambiental no município fortalece ainda mais as ações realizadas pela secretaria para combater as fumaças em Santarém.
João Paiva destacou que existe um monitoramento diário das queimadas e da qualidade do ar. Com as ações, será possível traçar estratégias de atuação em Santarém.
“Hoje temos equipes diuturnamente na cidade, na região do planalto e na área urbana. Isso ajuda, qualquer recurso que vem é uma abertura para aquisição de equipamentos principalmente, que possa nos ajudar nesse monitoramento”, disse João Paiva.
Quem também está acompanhando a situação e monitorando as áreas afetadas pela fumaça, é a Defesa Civil Municipal. O coordenador, Darlison Maia, explicou que são realizados relatórios das áreas afetadas pela fumaça e esses dados são enviados para a Secretaria do Meio Ambiente.
Ainda segundo Darlisson, muitas vezes a Defesa Civil recebe fotos e vídeos de queimadas, mas não se sabe o autor dos crimes ambientais.
“As demandas que as comunidades enviam pra gente, a gente faz o monitoramento, faz os nossos relatórios, encaminhamos pra Semma, que é o órgão competente de fazer a atuação, caso seja necessário. Nós tivemos aqui, por exemplo, muitas queimadas na região de Várzea na semana passada, onde nós tivemos registros, vidros, fotografias, e a Semma tem que tomar as providências com relação a isso”, disse Darlison.
Fumaça tem causado problemas respiratórios a moradores de Santarém
Dominique Cavaleiro/g1
MPF cobra providências
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou a órgãos públicos federais, estaduais e municipais a adoção de medidas urgentes de divulgação e redução dos impactos da poluição do ar em Santarém durante este período de queimadas na Amazônia.
A recomendação aponta a necessidade da implementação de medidas imediatas para a divulgação da qualidade do ar e para a proteção da saúde da população, especialmente os grupos mais vulneráveis.
O MPF destaca que há mais de três semanas Santarém tem sido afetada por uma densa fumaça proveniente de queimadas de diversas partes da Amazônia, resultando na piora significativa da qualidade do ar.

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