Será que as decisões que tomei na vida me levaram ao lugar certo?

Será que as decisões que tomei na vida me levaram ao lugar certo?Kalel Adolfo

“…..Recebi o convite do seu casamento /Com letras douradas num papel bonito /Chorei de emoção quando acabei de ler…”

Assim como na música, podemos ver um filme diante de nossos olhos ao recebermos um convite de casamento, o que nos leva a repensar todas as decisões tomadas por uma vida. Acredito que a fase dos 30 anos é o momento em que você, de fato, começa a realizar, entender e perceber as escolhas que fez e está fazendo em sua trajetória.

É aquele momento em que você começa a se estabelecer na profissão, começa a ganhar um pouco melhor, a gastar um pouco mais, fazer algumas dívidas, quem sabe? Além disso, também percebe que seus amigos fizeram escolhas diferentes das suas. Aquele amigo que casou com 25 anos, agora com 35, já tem 10 anos de casado. Uma vida. Em paralelo, você está na sala comendo Fandangos e pensando na próxima viagem de Réveillon com os amigos, ou com o Paquera.

Na série Sex and the City, há um momento em que a Carrie vai a uma festa de uma amiga e tem que tirar os sapatos na entrada. Ela tira seus lindos sapatos Manolo e vai curtir a festa. Na saída, percebe que alguém roubou os caríssimos sapatos. Carrie fica chocada e passa o episódio inteiro pensando no que fazer.

Logo, percebe que já gastou muito dinheiro com essa amiga: presente de casamento: check! Presente de noivado: check! Presente para as filhas da amiga: check. Por isso, acha de bom tom cobrar a amiga, já que o sapato estava na casa dela, e os convidados eram dela. A amiga se sente ultrajada, confronta Carrie e diz: “Carrie, você não tem problemas reais. Seu sapato é caríssimo. Eu jamais vou pagar pelas suas futilidades”.

Carrie fica um pouco chocada. Ela tem problemas reais. A amiga também tem problemas reais. Elas apenas escolheram caminhos diferentes. Enquanto a amiga se preocupa com escola para as crianças, médicos e casamento, Carrie gasta com o que a amiga julga como “fútil”. Mas essas também foram escolhas de Carrie.

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O que quero dizer é que, no fundo, a amiga de Carrie sentia uma ponta de inveja das escolhas da protagonista escritora, porque tinha que se preocupar com outras coisas ditas “mais sérias”. E Carrie não compreendia o outro lado da amiga, que tinha filhos e outras preocupações. Logo, o choque entre elas.

Inevitavelmente, atravessamos um momento de colisão das escolhas que fizemos e estamos fazendo nessa etapa da vida. Você pode ter 40, 50 anos; em algum momento vai entrar em choque com as escolhas de amigos e familiares. E talvez, assim como eu, entrar em uma crise.

Não digo que uma escolha é mais certa que a outra, ou que uma é mais fútil que a outra. Cada um cuida do seu. Mas é importante perceber que, às vezes, também sentimos uma invejinha do outro. Às vezes, eu gostaria de me preocupar com a lição de casa de um filho, mas não tive esse filho.

“Ah, mas você escolheu, Martchela”. Sei não, viu? Muita gente escolheu por aí, por mim . Não casei mas tenho minha casa. Gasto com contas e com minhas futilidades, que provavelmente não teria, se tivesse casado e tivesse três filhos. Minha escolha é mais certa do que a outra? Não sei. Provavelmente estou perdendo coisas também. E gastando com outras.

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Esses dias, eu estava conversando com uma amiga muito querida que, assim como eu, não casou, não teve filho, mas que se relacionou com um cara que tem um filho. E ele, no auge de sua autopercepção e autoconhecimento, disse: “Gata, eu não tenho espaço emocional para um relacionamento à distância, eu tenho um filho que me ocupa com todas as preocupações do mundo.”

Ela virou para mim e disse: “Imagina isso!”, e eu: “Amiga, nem sei como imaginar, porque não vivi isso”. É só uma *colisão de escolhas.* Um crash maior que a bolsa de valores de 1929. E a gente ficou brisando nisso por muito tempo.

Pessoas da minha idade estão casando, tendo filhos, morrendo. A vida está acontecendo. E é estranho quando as minhas escolhas e as de outra pessoa se colidem e não se alinham mais. Como diz a outra série, How I Met Your Mother: “Timing is a bitch”. Você pode conhecer o amor da sua vida, mas se ambos não se encontrarem no momento certo, esse amor pode passar, e dói… Dilacera a alma.

“If you have chemistry you only need one other thing: timing. But timing is a bitch.”

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Ai ai tempo….

Confesso que a cada convite de casamento que eu recebo, levo um pequeno susto e começo a refletir sobre todas as decisões que tomei para chegar até aqui. Ou seja, sem um relacionamento certo, sem ter casado, sem nunca ter recebido um pedido sequer de casamento. Quiça um amor duradouro? Aonde foi que eu errei? Por que estou aqui? Onde foi que acertei? Cadê todo mundo da minha idade?

O que estou fazendo na minha vida? Para onde estou indo? Acho que essa é a grande questão das mulheres de 30 e poucos (ou muitos). Pressão social? Pressão interna? Relógio biológico? Não faço ideia do que estou fazendo.

Mas, quando vejo as escolhas que minhas amigas fizeram e os problemas que enfrentam como consequência, sinto um certo alívio pelas minhas próprias escolhas — e pelas escolhas que os caras também fizeram por mim.

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Estou aprendendo a curtir essa fase da vida. Dolorida, às vezes, mas um barato. A vida tem dessas: dá e tira. A gente faz escolhas, mas elas têm consequências. Será que sabemos lidar com essas consequências? Dizemos que sim, mas na hora do pega-paca-pá, muitos fogem. Estão certos? Estão errados? Eu não tenho a menor ideia. Pensa aí, que eu penso aqui.

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