Melly celebra o sucesso de Amaríssima: “Coloquei meu coração ali”

Melly celebra o sucesso de Amaríssima: “Coloquei meu coração ali”Arthur Ferreira

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ntre shows lotados e indicações a prêmios,Mellyvive o que ela mesma descreve como uma fase extasiante. Seu primeiro álbum,Amaríssima, ultrapassou as barreiras do debut e se consolidou ao ser indicado em premiações de peso, incluindoGrammy Latino,Prêmio Multishowe WME Awards.

Enquanto faz as unhas com as cores favoritas da namorada que a acompanha no salão, a cantora conversou com aCAPRICHOsobre esse novo momento da carreira e o reconhecimento que tem recebido. “Fico imensamente feliz por todo o trabalho duro, toda a pesquisa e o amor colocado nesse disco. Coloquei meu coração ali“, diz Melly sobre as indicações.

Apesar de toda a dedicação, a notícia do Grammy foi uma surpresa. “Eu tinha esquecido qual era o dia. Não coloquei alarme, não coloquei nada na minha agenda para ficar ligada nisso, porque eu não estava esperando”, relembrou a cantora sobre como descobriu a nomeação.

“Eu estava dormindo e, quando eu penso que não, está todo mundo batendo na porta do meu quarto. Quando eu abri a porta, foi minha mãe que deu a notícia. Parecia que eu estava sonhando. Minha reação foi ficar sem reação durante uns 10 minutos. Uns 10 minutos não, o dia inteiro tentando cair na real sobre tudo que estava acontecendo. Ainda não dá para acreditar”, continuou.

Entre as 13 faixas do álbum,Cacause destaca por sua fusão única de samba-reggae com o amapiano, traduzindo as raízes afro-baianas da artista e conectando-as às batidas sul-africanas. “Quando eu era pequena, aqui na Bahia quando chove, a gente fala que ‘cai Cacau’.Eu sempre amei isso, sempre adorei. Eu tenho algo no meu trabalho de sempre referenciar e valorizar as minhas raízes.

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Outra canção que brilha nos holofotes é10 Minutos, indicada no WME Awards. A música nasceu de um momento pessoal, mas ganhou vida em parceria comLiniker. “Postei no Instagram despretensiosamente porque eu tinha gostado muito. Aí a Liniker, que já estava ligada no meu trabalho na época, me mandou mensagem falando que queria escutar inteira. Eu mandei para ela no WhatsApp e, em 10 minutos ela me mandou um áudio cantarolando uma composição que ela tinha feito em cima.”

Com shows lotados por todo o país, Melly se emociona ao olhar para trás e perceber o quanto cresceu. “Teve um tempo em que eu fazia shows quase pra ninguém. O início é sempre muito difícil, né? Lembro da primeira vez que cheguei em São Paulo, fiz um showzinho que não tinha nem 200 pessoas. Recentemente com a casa lotada, 800 pessoas, e ainda tinha mais gente querendo entrar.”

Isso é o motivo pelo qual eu faço música. Poder me conectar com as pessoas, estar no dia delas, mesmo sem saber. É muita emoção ver o público cantando lá embaixo como se a música tivesse sido feita pra elas. E, de certa forma, foi.

Melly

Leia a entrevista completa:

CH: Como está sendo a sensação de ver “Amaríssima” reconhecido dessa forma, especialmente sendo seu álbum de estreia?

Melly:É extasiante. Eu fico imensamente feliz por todo o trabalho duro, toda a pesquisa feita, todo o amor colocado nesse disco. Coloquei meu coração ali. Participaram muitas pessoas que também têm trabalhos incríveis. É muito legal que essa mensagem tenha chegado a esse lugar e que esse disco faça sucesso agora, enquanto o jovem afro-baiana. Ele tem muito para dizer. Eu tô muito feliz.

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Como foi a sua reação ao descobrir que o disco estava indicado ao Grammy Latino?

Foi engraçado, sabia? Eu tinha esquecido qual era o dia. Não coloquei alarme, não coloquei nada na minha agenda para ficar ligada nisso, porque eu não estava esperando. É meu primeiro disco e, por mais que eu sei que foi feito com muito carinho, cuidado e esmero, eu não queria ficar exigindo nada do universo. Deixei acontecer. No dia anterior eu cheguei em casa muito tarde, eu tinha passado o dia no estúdio. Eu estava dormindo e, quando eu penso que não, tá todo mundo batendo na porta do meu quarto. Aí eu acordei brava que terminaram com o meu sono de bela. Quando eu abri a porta, foi minha mãe que deu a notícia. Parecia que eu estava sonhando. Minha reação foi ficar sem reação durante uns 10 minutos. Uns 10 minutos não, o dia inteiro tentando cair na real sobre tudo que estava acontecendo. Ainda não dá para acreditar.

Cacaufoi indicada como MPB do ano no Prêmio Multishow. Essa música traz uma fusão muito especial de samba-reggae e amampiano. Como foi o processo criativo dessa faixa?

Todo o disco dia é uma pesquisa do que a gente tem de influência rítmica afro-baiana. Eu tento, na maior parte do meu trabalho, ser bastante atual e mesclar as coisas que eu tenho ouvido com o que me interesso e com outros movimentos que acontecem ao redor do mundo. Eu reparei que tem muitas similaridades entre o que a gente costuma escutar com o som da África do Sul, o amapiano.

A gente fez essa pesquisa rítmica para poder compor a produção de Cacau. Enquanto baiana, eu queria falar sobre um cenário que eu sempre gostei muito, que sempre achei muito legal e fantasioso. Quando eu era pequena, aqui na Bahia quando chove, a gente fala que ‘cai Cacau’. Eu sempre amei isso, sempre adorei. Eu tenho algo no meu trabalho de sempre referenciar e valorizar as minhas raízes. E eu fiquei com muita vontade de compor algo nessa linha de pensamento, de escrever sobre os dias de chuva e o que a gente sente num dia assim.

Como você se sente ao trazer essas referências culturais da Bahia na sua música?

Os artistas que eu admiro nunca deixaram de referenciar os seus espaços de origem. Sempre tiveram esses movimentos de pertencimento na música. É muito difícil você desassociar a música da sua experiência pessoal, porque está inerente à você e ao que você consome e vive. A gente só consegue falar e desenvolver sobre que a gente tem experiência, É muito difícil você criar do nada. Às vezes até para você mergulhar em outros gêneros que não fazem parte da sua vivência, você tem que sair do país e conhecer as pessoas que vivem aquilo para poder falar daquilo na arte.

Você também está indicada a algumas categorias do WME Awards. Entre elas a de Melhor Compositora e Melhor Música Alternativa por 10 Minutos..

Foram duas? Não foi só por Música Alternativa? Eu não vi essa outra da Melhor Compositora. Teve essa também? Acabei de descobrir.

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Você faz parte de todos os processos de produção da sua música, como é para você ser reconhecida como compositora?

Rapaz, é gratificante demais. A gente se esforça, estuda. Eu trabalho todos os dias. Eu durmo e acordo pensando em música e qual é a melhor forma de transmitir a minha mensagem, de fazer valer a pena essa verdade que eu tenho para contar. Todas as recompensas são extasiantes, são o motivo para continuar.

Como foi o processo criativo de 10 Minutos, que está sendo indicada em Melhor Música Alternativa?

Você vai me engabelar porque eu estou aqui com a minha namorada e essa música é sobre um outro relacionamento que eu vivi antes (risos). Como eu sou uma canceriana nata, eu acabo ficando hiper focada no amor. Isso era um padrão de repetição nos meus relacionamentos. Eu morava exatamente 10 minutos da pessoa que eu estava naquele momento e eu acabava, irracionalmente, deixando de fazer o que eu deveria fazer para mim.

Eu peguei o meu bendito violão e compus umas coisas sobre isso. Postei no Instagram despretenciosamente porque eu tinha gostado muito. Aí a Liniker, que já estava ligada no meu trabalho na época, me mandou mensagem falando que queria escutar inteira. Eu mandei para ela no WhatsApp e, em 10 minutos ela me mandou um áudio cantarolando uma composição que ela tinha feito em cima. Eu perguntei “nega, posso produzir?”, ela topou e assim aconteceu.

Qual a sua música favorita do álbum?

Nenhuma, eu estou cansada. Eu escutei essas músicas tanto… É um processo tão exaustivo para o artista que está envolvido em todos os aspectos da produção. A gente acaba escutando tudo umas 400 milhões de vezes. Eu confesso que esse disco eu gosto mais que meu primeiro EP. Se for para escolher uma música que eu ainda não cansei pela repetição, talvez “Falar de Amor”.

A maioria dos seus shows estão esgotados. Como está sendo receber a recepção do público no ao vivo?

É muito legal acompanhar o tempo passando e as coisas evoluindo. Eu também evolui junto, assim como minha equipe, e a música vai crescendo com a gente. Teve um tempo em que eu fazia shows quase pra ninguém. O início é sempre muito difícil, né? Lembro da primeira vez que cheguei em São Paulo, fiz um showzinho que não tinha nem 200 pessoas. Em Belo Horizonte, ninguém me conhecia, e eu também fiz um show para uma plateia pequena. Mas agora, depois de tanto trabalho, ver a diferença é muito emocionante. Recentemente, toquei em São Paulo com a casa lotada, 800 pessoas, e ainda tinha mais gente querendo entrar. No Rio de Janeiro, fiz três datas esgotadas. Em BH, participei de um festival que estava lotado, e em Natal, que é uma cidade muito especial pra mim porque morei lá, foi incrível. Além dos meus amigos que já me acompanhavam desde os shows de barzinho, tinha muita gente que se conectou com a música.

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Isso é o motivo pelo qual eu faço música. É o que me move, o que me faz arriscar. Poder me conectar com as pessoas, estar no dia delas, mesmo sem saber, e talvez dizer algo que elas precisem ouvir naquele momento. É muita emoção ver o público cantando lá embaixo como se a música tivesse sido feita pra elas. E, de certa forma, foi.

Desde o lançamento do EP “Azul”, em 2021, até agora, como você vê sua trajetória até aqui?

Eu acho que agora eu estou muito mais segura do que eu faço e dos motivos pelos quais eu faço. Eu não tenho mais medo de me arriscar. Eu não tenho mais receio do que vão dizer. Claro, às vezes batem muitas dúvidas sobre o caminho. Se a gente vem ao mundo de certa forma, em tal lugar e condições, é porque a gente precisa enfrentar aquilo ali. A gente precisa dar o nosso melhor. Eu tenho dado o meu melhor e tenho sido recompensada pela vida e pelo universo. Agora me vejo orgulhosa do que faço.

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