Aniversário de SP: instituto apoia moda sustentável e inclusiva, com foco na cadeia de produção


Ecotece junta pequenas oficinas a marcas, ajudando a garantir remuneração justa para quem produz as roupas. Trabalho se conecta ao ODS 12, consumo e produção sustentáveis. Instituto apoia moda sustentável e inclusiva, com foco na cadeia de produção
Reprodução/TV Globo
Tornar a moda mais sustentável e inclusiva. Este é um dos objetos do Instituto Ecotece. Fundado em 2005, é uma organização da sociedade civil não governamental que existe para viabilizar novas lógicas de consumo e produção.
Atualmente atuam em três frentes: educação e cultura, com foco em difundir os valores da moda sustentável em ambientes como escolas, empresas e projetos sociais; produção, com o serviço de consultoria e desenvolvimento de produtos que tenham valores sociais nas peças e atuação social, com foco em apoiar empreendimentos de costura e artesanato, ligando marcas as oficinas e promovendo geração de renda e trabalho digno.
A presidente do instituto, Julia Toro, de 38 anos, conta que muitos desses grupos apoiados pelo Ecotece são compostos de mulheres das periferias, que estão em situação de vulnerabilidade.
“São mulheres que muitas vezes não conseguem trabalhar numa fábrica, porque estão em uma região distante e precisam ficar perto do seus filhos, ou porque já estão numa idade em que não se contrata mais. O Ecotece olha para essas mulheres que têm muito a oferecer ainda, tem gás pra continuar, tem técnica e conhecimento. Apoiamos esses grupos que estão fora da economia formal a serem incluídos no mercado através dessa nossa ação com marcas.”
Além de passar as encomendas para os grupos, o Ecotece ainda pratica oficinas de precificação, para que as costureiras entendam a melhor forma de saber quanto vale cada peça.
Uma dessas oficinas apoiadas é a Retrós Vest, localizada em Guaianases, no extremo Leste de São Paulo. Lá trabalham seis costureiras. “A gente faz costura, acabamento, passadoria e embalagem. Já mandamos a peça no jeitinho que ela [a marca] vai mandar pro cliente”, explica Inês da Silva Andrade, costureira.
Ela conta que a parceria com o Ecotece começou um pouco antes da pandemia, mas foi fundamental principalmente nesse período, já que estavam sem trabalho. “Tava bem difícil, aluguel pra pagar, máquinas paradas, água luz, internet… as dívidas vindo e a gente sem nada, sem fundo para pagar. Aí entrou o Ecotece.”
Julia explica que uma moda sustentável é aquela que olha para todas as fases da cadeia de produção, principalmente para as profissionais da costura. “Não são máquinas que estão produzindo, são pessoas que têm uma história e quanto mais em situação de vulnerabilidade mais complexidades essas pessoas trazem. Fazemos uma uma produção com o olhar bastante humano e parceiro. Juntos a gente vai entender quais são as questões que o grupo tem que ultrapassar e os apoiamos.”
No futuro, o sonho da Julia é que o Ecotece não precise existir. “ A gente só existe porque só existe problema, porque existe uma falta. Quando a gente pensa nos grupos produtivos, se algum dia tiver maravilhoso, rodando bem, esses grupos nem precisam do Ecotece, eles podem ter uma relação com as marcas, todo mundo dialogando bem, sem relações opressoras, sem precarização. Então o nosso futuro, bem a longo prazo, é não existir. Pode parecer triste, mas quer dizer que a moda tá bem, ela tá conseguindo atuar de uma boa forma.”
Instituto apoia moda sustentável e inclusiva, com foco na cadeia de produção
Reprodução/TV Globo
Por dentro do ODS
Para as celebrações dos 470 anos da capital paulista, o Bom dia São Paulo, o SP1, SP2 e o g1 exibem nesta semana uma série de reportagens sobre paulistanos que estão fazendo a diferença em cada uma das áreas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, ajudando a tornar a cidade um lugar melhor e mais justo para todos.
Nesta reportagem, tratamos do ODS 12, que fala sobre assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
Confira em detalhes o que ele estabelece:
12.1 Implementar o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo Sustentáveis, com todos os países tomando medidas, e os países desenvolvidos assumindo a liderança, tendo em conta o desenvolvimento e as capacidades dos países em desenvolvimento;
12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais;
12.3 Até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita;
12.4 Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida destes, de acordo com os marcos internacionais acordados, e reduzir significativamente a liberação destes para o ar, água e solo, para minimizar seus impactos negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente;
12.5 Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reúso;
12.6 Incentivar as empresas, especialmente as empresas grandes e transnacionais, a adotar práticas sustentáveis e a integrar informações de sustentabilidade em seu ciclo de relatórios;
12.7 Promover práticas de compras públicas sustentáveis, de acordo com as políticas e prioridades nacionais;
12.8 Até 2030, garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham informação relevante e conscientização para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza;
12.a Apoiar países em desenvolvimento a fortalecer suas capacidades científicas e tecnológicas para mudar para padrões mais sustentáveis de produção e consumo;
12.b Desenvolver e implementar ferramentas para monitorar os impactos do desenvolvimento sustentável para o turismo sustentável, que gera empregos, promove a cultura e os produtos locais;
12.c Racionalizar subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis, que encorajam o consumo exagerado, eliminando as distorções de mercado, de acordo com as circunstâncias nacionais, inclusive por meio da reestruturação fiscal e a eliminação gradual desses subsídios prejudiciais, caso existam, para refletir os seus impactos ambientais, tendo plenamente em conta as necessidades específicas e condições dos países em desenvolvimento e minimizando os possíveis impactos adversos sobre o seu desenvolvimento de uma forma que proteja os pobres e as comunidades afetadas.
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