Direita minimiza e esquerda celebra indiciamento de Bolsonaro

O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nessa quinta-feira (21/11), sob a acusação de envolvimento no plano para dar um golpe de Estado em 2022, gerou reações opostas no mundo político. Enquanto nomes ligados à direita classificaram o caso como “perseguição política” , políticos da esquerda comemoraram o avanço das investigações da Polícia Federal (PF) e o encaminhamento do material ao Judiciário.

Bolsonaro e outras 36 pessoas foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Eles são investigados por envolvimento em uma trama golpista que tinha como objetivo a manutenção do ex-presidente no poder mesmo após a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Reação da direita

O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado Federal e secretário-geral do PL, disse que o indiciamento de Bolsonaro e do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, já eram “esperados”. O político chamou a ação de “perseguição” ao grupo político.

“Diante de todas as narrativas construídas ao longo dos últimos anos, o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro, do presidente Valdemar Costa Neto e de outras 35 pessoas, comunicado na presente data pela Polícia Federal não só era esperado como representa sequência a processo de incessante perseguição política ao espectro político que representam”, afirmou o senador.

A deputada Bia Kicis (PL-DF), líder da oposição na Câmara dos Deputados, afirmou que o indiciamento de Bolsonaro foi construído com base em uma “narrativa fantasiosa” de golpe e defendeu o ex-presidente.

“Na construção de uma narrativa fantasiosa de golpe sem armas, plano de assassinatos por militares altamente capacitados frustrados por um taxi e muito mais. E a verdade é que Bolsonaro sempre jogou dentro das 4 linhas. Esperamos que o PGR analise o inquérito com a seriedade e a isenção devidas”, escreveu a deputada na rede social X.

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP e ex-ministro da Casa Civil da gestão de Jair Bolsonaro, indicou ter “certeza” da inocência do ex-presidente.

Reação da esquerda

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), defendeu que o indiciamento de Bolsonaro e dos outros 36 envolvidos “abre caminho” para responsabilização judicial.

“O indiciamento de Jair Bolsonaro e sua quadrilha, instalada no Planalto, abre o caminho para que todos venham a pagar na Justiça pelos crimes que cometeram contra o Brasil e a democracia: tentar fraudar eleições, assassinar autoridades e instalar uma ditadura. Prisão é o que merecem! Sem anistia”, publicou Gleisi nas redes sociais.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), pontuou que as investigações indicam a real intenção dos ex-membros do governo Bolsonaro de darem um golpe de Estado.

“Com o encerramento da investigação conduzida pela PF sobre a tentativa de golpe de Estado e o indiciamento de Bolsonaro e mais de 35 golpistas que ocuparam o Palácio do Planalto para conspirar contra nossa democracia, o Brasil demonstra ao mundo que possui instituições republicanas consolidadas, prontas para defender o Estado democrático de direito. Ditadura, nunca mais! SEM ANISTIA!”, escreveu José Guimarães.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES), membro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de janeiro, diz que há evidências do envolvimento de Bolsonaro no plano de golpe. “Considero que a Justiça deve ser implacável e exemplar, para que não haja impunidade.”

Os membros da Esplanada dos Ministérios também se manifestaram a respeito do indiciamento dos envolvidos no plano hospital. O ministro Paulo Pimenta, chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, afirmou que espera que o caso de Bolsonaro seja julgado já no próximo ano.

“São crimes muito graves, acusações muito sérias. Devemos agora aguardar manifestação do Ministério Público Federal para ver o entendimento destas pessoas, quais devem ser denunciadas. E, aí sim, virarem réus e, num segundo momento, com certeza ainda no ano de 2025, elas serão levadas a julgamento”, pontuou Pimenta.

A PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros membros da gestão passada pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. Segundo a corporação, foi identificada uma “organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder”.

Para a PF, a organização atuou nos seguintes grupos:

a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
c) Núcleo Jurídico;
d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
e) Núcleo de Inteligência Paralela;
f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas

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