Geladeira caindo aos pedaços e farmácia particular: como era a casa de ex-funcionária de asilo que levou idosos para morar com ela


Suspeita mantinha contato com a família dele, mas não fornecia o endereço nem permitia visitas. Ela foi presa por cárcere privado, mas conseguiu liberdade provisória no mesmo dia. Medicamentos encontrados na residência da mulher
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Geladeira caindo aos pedaços com apenas garrafas d’água e leite, uma coleção de cartões de contas bancárias, documentos e uma espécie de farmácia particular com dezenas de remédios de compra controlada. Assim era o cenário da casa onde a ex-funcionária de um asilo de Uberaba abrigava sete idosos, sendo um deles desaparecido de um asilo há quatro anos.
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De acordo com a Polícia Militar, o imóvel estava desorganizado, com mau cheiro e com medicamentos espalhados, sem indicações sobre quando e para quem deveriam ser ministrados. Também foram encontrados restos de comida na cozinha e louças sujas.
O promotor de Justiça Eduardo Fantinati, contou à TV Integração que o imóvel não era adequado para a estadia dos idosos.
“As condições eram muito precárias. De alimentação, de moradia, banheiro compartilhado, falta de acompanhamento médico. Toda a proteção que existe para o idoso em uma instituição regular não eram atendidas”, afirmou.
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Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social informou que está acompanhando o caso e após a alta hospitalar, os idosos sem vínculo familiar ou com vínculo rompido serão encaminhados para instituições de longa permanência para idosos. Três idosos foram levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São Benedito, onde estavam até a última atualização da reportagem.
A Polícia Civil informou que a mulher foi encaminhada ao sistema prisional onde se encontra à disposição da justiça. O caso segue sob investigação da Delegacia de Orientação e Proteção da Família, em Uberaba.
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Liberdade provisória
Conforme o advogado Guilherme Pessato Pena, que defende a mulher, a liberdade provisória foi solicitada com pedido de alvará de soltura. A solicitação foi acatada pelo juiz Stefano Renato Raymundo durante a tarde.
No pedido, a defesa afirmou que a suspeita tem bons antecedentes e tem três filhas, sendo uma adolescente e duas crianças. Uma delas, ainda, tem problemas de saúde.
“A defesa postulou pelo pedido de liberdade provisória, pois ausentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva, a liberdade provisória é a medida mais justa que se impõe. Não havendo motivos para manutenção da prisão em flagrante, porquanto a acusada possui os requisitos legais para responder o processo em liberdade. Que posteriormente a defesa irá provar que suas condutas nunca foram pautadas na ilegalidade”, afirmou o advogado.
De acordo com o magistrado, “por não vislumbrar risco à ordem pública, até porque os idosos já foram retirados do local, concedo-lhe liberdade provisória, sem fiança”.
Apesar de liberdade provisória, “a flagrada deverá ser advertida a comparecer a todos os atos processuais, quando intimada e comunicar imediatamente a este Juízo qualquer mudança de endereço, sendo que o descumprimento das medidas cautelares impostas poderá ensejar a decretação da prisão preventiva”.
Entenda o caso
O caso veio à tona quando um idoso desaparecido há cerca de quatro anos foi encontrado mantido em cárcere privado em uma casa que funcionava como asilo clandestino no Bairro Jardim Santa Adélia na manhã de quarta-feira (24).
A família do homem resgatado, de 73 anos, não sabia do paradeiro dele desde que o asilo em que ele estava internado fechou em 2020 por estar em situação irregular.
Conforme Fantinati, na época, os internos deveriam ter sido encaminhados para outras casas de acolhimento, mas o idoso foi levado sem autorização para o imóvel em que foi achado.
Idoso era mantido cárcere privado nesta casa em Uberaba
Ticianna Mujalli/TV Integração
A dona da casa é ex-cuidadora da clínica, de 45 anos, e mantinha contato com os parentes dele, avisando que ele estava bem, mas não informava onde ele estava nem permitia visitas.
“Ela também admitiu que administra os benefícios do idoso e que tem um empréstimo feito no nome dele, mas que não foi ela quem fez. Ela negou ter acesso a outros cartões, mas documentos e cartões dos outros idosos foram encontrados no local”, afirmou Eduardo.
Após descobrir o endereço da mulher, o promotor esteve no imóvel acompanhado de equipes da PM e da Vigilância Sanitária. Primeiro, a suspeita se negou a abrir o portão, mas 20 minutos depois, permitiu a entrada dos fiscais.
Questionada pelos policiais, a cuidadora disse que olhava os idosos há um ano a pedido do ex-patrão dela por conta de uma dívida trabalhista que ele tinha com ela. Conforme o promotor, o homem também será investigado pelo envolvimento no sequestro do idoso retirado da clínica.
A mulher foi presa em flagrante por cárcere privado. As investigações vão continuar para apurar como os outros seis idosos chegaram à casa e se também houve crime de cárcere privado referente a eles.
Idoso desaparecido é encontrado em asilo clandestino; outros seis idosos estavam no local
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