Anúncio da demolição atrai curiosos e admiradores para últimas lembranças do Edifício São Pedro


Daniel Sousa e outros moradores de Fortaleza passaram pelo prédio nesta terça-feira, quando começou o processo de demolição. Edifício São Pedro vai ser demolido por risco de desmoronamento em Fortaleza.
Curiosidade, saudosismo, admiração. São muitos os sentimentos da população de Fortaleza ao reagir à demolição do Edifício São Pedro. Entre eles, está Daniel Sousa, que mudou o caminho que faz normalmente do trabalho para casa só para conseguir ir ao prédio e fotografá-lo antes da demolição total da estrutura.
“Eu vim fazer fotos para ficar na lembrança, mostrar para filhos e netos como era esse espaço tão especial para Fortaleza”, disse o maqueiro.
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Demolição do Edifício São Pedro vai acontecer por etapas e deve ser concluída em 90 dias
A demolição do São Pedro foi comunicada pelo prefeito José Sarto (PDT) nesta segunda-feira (4). O processo iniciou nesta terça, e vai ser feito por etapas. A expectativa é que todo o trabalho dure cerca de 90 dias.
“É um marco histórico de Fortaleza que infelizmente vai ser demolido. Eu nunca tive oportunidade de entrar, mas queria muito ter visto funcionando”, destacou Daniel.
Depoimentos de moradores
Edifício São Pedro, em Fortaleza, antes da demolição
O Edifício São Pedro, que antes deu lugar ao Hotel Plaza, é um dos principais elementos do cenário da Praia de Iracema. A demolição mexe com o sentimento dos moradores da capital, especialmente aqueles que vivem no entorno do prédio.
É o caso da aposentada Eliana Firmino, que mora há 72 anos na Praia de Iracema — o prédio existe também há sete décadas.
“Tenho muita saudade. É triste essa demolição. Esse prédio era a coisa mais linda. É uma relíquia da Praia de Iracema”, declarou a aposentada.
Ela disse ainda que lembra de vários shows que assistiu no prédio como, por exemplo, dos artistas da Jovem Guarda.
Prefeitura decide demolir o Edifício São Pedro, em Fortaleza.
Kid Junior/ Sistema Verdes Mares (SVM)
Já a professora Socorro Almeida lembrou das férias que costumava passar no local. “Eu tenho histórias maravilhosas. Na década de 80, eu vinha passar férias porque a minha irmã morava no Edifício São Pedro. Eram férias maravilhosas. Nessa época, a gente tinha como curtir, ir à praia. Era muito gostoso”, disse.
“Eu acho lamentável [a demolição]. Na minha concepção, deveria ser restaurado. Porém, eu entendo que, na situação em que ele chegou, realmente tem de ser devolvido, de alguma forma, para a população”, declarou a professora. Para ela, o processo ajuda a apagar a história da cidade.
Edifício São Pedro ajuda a contar a história de Fortaleza.
As memórias positivas também mexem com Marisa Lidia, moradora da Praia de Iracema. “Eu já entrei no apartamento de uma amiga minha, na época que era o Hotel Plaza. Eu fico até emocionada porque eu acho que as autoridades deveriam ter cuidado disso antes, porque é um prédio histórico. Acabar em demolição eu acho muito triste”, disse.
“Eram apartamentos grandes, belíssimos. Só morava aí quem realmente tinha dinheiro porque o aluguel era caro. Eu já tive muita vontade de morar no São Pedro. Quando criança, a gente subia e descia no elevador para brincar, conhecer, matar a curiosidade”, complementou.
Do luxo à demolição
Edifício São Pedro, em Fortaleza, antes da demolição.
Prefeitura de Fortaleza
O Edifício São Pedro era referência de luxo e boemia para os fortalezenses, tanto pela movimentação do hotel como pelo uso residencial. A proximidade com o mar e o clima festivo dos eventos sociais marcaram a memória de quem passou pelo imóvel.
O prédio foi inaugurado em 1951, sendo o primeiro a ter mais de três andares na Praia de Iracema. Ele surgiu como Iracema Plaza Hotel, consolidando uma era de luxo e lazer à beira do mar para os boêmios e visitantes da capital cearense. Era o começo da ocupação hoteleira na praia, que até então abrigava casas de veraneio.
O São Pedro esteve no centro de debates e decisões que tentaram o tombamento do imóvel e tinha futuro incerto.
Contudo, com o passar dos anos a estrutura do edifício foi se tornando cada vez mais desgastada, com depredações e falta de conservação. A prefeitura de Fortaleza decidiu pela demolição do prédio, alegando que os laudos técnicos mais recentes indicam não ser mais possível a recuperação.
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