G20: texto final defende fim da guerra em Gaza, taxação de super-ricos e combate à fome

Líderes do G20 destacaram a necessidade de ampliar a assistência humanitária na Faixa de Gaza e manifestaram apoio a um cessar-fogoAFP

A declaração final dos líderes do G20 foi divulgada nesta segunda-feira (18) e aborda temas críticos da atualidade, como a crise humanitária na Faixa de Gaza, a guerra na Ucrânia, as mudanças climáticas e propostas para a taxação de super-ricos. 

O documento, com 24 páginas e 85 tópicos, foi aprovado por consenso entre os países-membros, sem vetos ou ressalvas.  

Os líderes do G20 destacaram a necessidade de ampliar a assistência humanitária na Faixa de Gaza e manifestaram apoio a um cessar-fogo, em linha com resoluções do Conselho de Segurança da ONU

O documento descreve a situação na região como uma “catástrofe humanitária” e reafirma o compromisso com a solução de dois Estados, defendendo que Israel e Palestina coexistam em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas.  

“Reiteramos nosso compromisso inabalável com a visão da solução de dois Estados, onde Israel e um Estado palestino vivem lado a lado, em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas”, diz o documento.

Sobre a guerra na Ucrânia, o texto não menciona a Rússia diretamente, um dos membros do G20, mas ressalta os “impactos devastadores para a humanidade” causados pelo conflito, além de consequências negativas para a segurança alimentar, energética e as cadeias globais de suprimentos.  

“Nós nos comprometemos a avançar a meta de um mundo livre de armas nucleares e um lugares mais seguro para todos”, ressalta o documento.

Outro país que não foi citado no documento é a Argentina. Segundo informações da UOL, o presidente Javier Milei sinalizou que não vertaria o documento.

Taxação de super-ricos e combate à fome 

A declaração do G20 também discute a possibilidade de tributar indivíduos classificados como de patrimônio líquido ultra-alto. A proposta envolve o intercâmbio de melhores práticas entre os países para garantir a implementação dessas medidas, que, segundo o grupo, são essenciais para combater a extrema pobreza e reduzir desigualdades internas.  

O combate à fome recebeu atenção especial, com nove páginas dedicadas ao tema. O documento aponta que 733 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar e enfatiza que “o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicar a fome”. 

Os líderes se comprometeram com ações voltadas para a segurança alimentar e nutricional, incluindo o fortalecimento da agricultura sustentável. 

O documento está de acordo com o discurso de Lula contra a fome. Todos os líderes assinaram uma carta e assumiram o compromisso com a segurança alimentar e nutricional.

“O mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicar a fome”, diz o documento.

O documento do G20 também destacou o papel das organizações multilaterais. Um dos exemplos citados foram a OMS (Organização Mundial da Saúde), FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial. 

“Nós incentivamos o FMI e o Banco Mundial a continuar seu trabalho relacionado a opções viáveis que sejam específicas de cada país e de forma voluntária para ajudar aqueles países e relatar aos Ministros de Finanças do G20 no ano que vem”, reitera o documento.

Ação climática 

A declaração reforça o compromisso com o Acordo de Paris, destacando a meta de limitar o aumento da temperatura global a 2ºC, com esforços adicionais para restringir a elevação a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.  

O G20 também defende a triplicação da energia renovável até 2030 e a eliminação gradual de subsídios ineficientes a combustíveis fósseis. Contudo, o texto não oferece compromissos concretos de financiamento para mitigação das mudanças climáticas, mencionando apenas de forma genérica a ampliação de recursos públicos e privados para países em desenvolvimento.  

“Reafirmamos a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a bem abaixo de 2ºC acima dos níveis pré-industriais e de empreender esforços para reduzir para 1,5ºC, reconhecendo que isso diminuiria significativamente os riscos e impactos das mudanças climáticas”, destaca um trecho do documento.  

O discurso sobre o Acordo de Paris é importante devido à vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. No seu primeiro mandato, Trump retirou o país do Acordo de Paris. 

Há expectativa de que o mesmo possa acontecer a partir do seu segundo mandato,  no ano que vem. Por outro lado, diversos estados americanos anunciaram que vão se manter no acordo, mesmo que o país saia. 

Discurso sul-americano 

Embora tenha concordado com o documento final, o presidente argentino Javier Milei utilizou seu discurso para se desvincular parcialmente da Agenda 2030 e defender o neoliberalismo, em contraposição ao tom adotado pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. 

A postura de Milei gerou reações de outras delegações, mas suas ressalvas não foram incorporadas ao texto final.  

Já o Brasil, que exerce a presidência rotativa do G20, celebrou a aprovação unânime da declaração. O documento também destaca o papel de organizações multilaterais como a OMS, o FMI e o Banco Mundial no enfrentamento de desafios globais.  

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