Delator do PCC, morto no Aeroporto de Guarulhos, relatou ser reconhecido por devedor

Vinicius Gritzbach em entrevista ao Domingo EspetacularReprodução/TV Record

O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, havia revelado ao seu motorista que foi reconhecido ao desembarcar em Maceió por um homem que lhe devia R$ 6 milhões. O relato foi feito por Danilo Lima Silva, de 35 anos, motorista de Gritzbach, durante depoimento prestado anteontem ao delegado Severino Pereira de Vasconcelos, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em São Paulo.

Em contraste, a versão apresentada por Maria Helena Paiva Antunes, namorada de Gritzbach, à polícia paulista, sugere outro cenário. Ela afirmou que o empresário teria dito que reconheceu um homem na praia de São Miguel dos Milagres, que o ameaçava em São Paulo.

De acordo com o depoimento de Danilo, o empresário explicou que, no aeroporto de Maceió, foi abordado pelo devedor, que tinha uma dívida de R$ 6 milhões com ele. Em compensação, o homem ficou de entregar algumas joias como parte do pagamento, avaliadas em pelo menos R$ 1 milhão.

O motorista relatou que Gritzbach o instruiu a buscar as joias em um quiosque localizado na praia e que ele deveria procurar um homem identificado apenas como Alan. Durante a espera, Danilo recebeu uma ligação de Gritzbach, que lhe disse que Alan usava uma camisa do Barcelona e carregava uma sacola preta. Alan foi ao encontro de Danilo e fez a entrega das joias, sendo acompanhado por Samuel Tillvitz da Luz, um soldado da Polícia Militar, de 29 anos, que estava entre os cinco PMs contratados para fazer a escolta de Gritzbach.

Alan foi descrito como um homem de pele morena clara, forte, com aproximadamente 1,78 m de altura e aparentando entre 35 e 38 anos. A Polícia Civil de Alagoas busca o local de onde Alan teria vindo para encontrar o devedor de Gritzbach. O policial Samuel Tillvitz da Luz, que estava com Alan durante a entrega das joias, foi afastado de suas funções e, tanto ele quanto os outros PMs que acompanhavam Gritzbach, negaram qualquer envolvimento no assassinato do empresário em depoimentos à Corregedoria da Polícia Militar e à Polícia Civil.

Após receber as joias, Danilo entrou no carro e instruiu Samuel a esperar do lado de fora. Ele então fotografou as peças, enviou as imagens a Gritzbach para confirmação e foi autorizado a retornar à pousada onde estavam hospedados.

A Polícia de São Paulo investiga uma possível conexão entre o devedor de Gritzbach e o caso de um operador de criptomoedas, apontado como o responsável por uma dívida de R$ 70 milhões com Anselmo Bechelli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, um narcotraficante de grande influência no PCC, assassinado em 27 de dezembro de 2021. Gritzbach foi acusado de ser o mandante desse assassinato, já que ele teria investido R$ 100 milhões de Cara Preta em criptomoedas, mas não teria devolvido o montante.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.