Com indicação do radical Matt Gaetz para procurador-geral, Trump mostra que promessas de campanha são para valer


Congressista leal e simpatizante fervoroso sinaliza metas do presidente eleito de retaliar e reformar o Departamento de Justiça que o indiciou. Matt Gaetz é o escolhido de Trump para ser procurador-geral. Nomeação vai depender de aprovação do Senado
Mike Blake/Reuters
Indicado por Donald Trump para comandar o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o congressista republicano da Flórida Matt Gaetz se intitula como “populista libertário”. Em outras palavras, isso faz dele um “Maga puro-sangue” — partidário leal e fervoroso do movimento “Torne a América Grande Novamente”, criado pelo presidente eleito.
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Daí a ser nomeado procurador-geral, o mais alto cargo para reger a aplicação da lei no país, é outra história. O anúncio de Trump abalou gabinetes do Capitólio, principalmente, os de republicanos da ala tradicional do partido, mas segue uma linha coerente de suas promessas de campanha.
O presidente eleito está dizendo a que veio e sinaliza que é para valer a sua proposta de reformar o Departamento de Justiça e tachada pelos críticos como vingança pessoal às investigações e aos indiciamentos a que foi submetido desde que deixou a Presidência, em 2020.
“Ele vai governar com um senso de vingança, e a lealdade pessoal realmente é a moeda de seu reino”, resumiu o colunista David French, do “New York Times”.
Nesse contexto, aos 42 anos, o radical Gaetz é o candidato ideal para Trump levar adiante a sua agenda, com a meta de “erradicar a corrupção sistêmica no Departamento de Justiça”, conforme justificou a nomeação.
Ele ascendeu como congressista em 2016, no mesmo ano em que o candidato republicano foi eleito presidente. Foi extremamente fiel aos seus argumentos de que, quatro anos depois, a reeleição foi roubada.
“Esta deve ser a pior nomeação para um cargo no Gabinete na História americana. Gaetz não é apenas totalmente incompetente para este trabalho, ele não tem caráter”, analisou John Bolton, um dos principais conselheiros de Trump no primeiro mandato, que se tornou um desafeto.
O deputado destacou-se como provocador e orquestrou, no ano passado, a tumultuada rebelião do partido Republicano na Câmara dos Representantes para derrubar o então presidente, Kevin McCarthy. Em seu lugar, foi eleito o atual líder, Mike Johnson, outro soldado raso leal a Trump e ao Maga.
Assim que foi indicado por Trump, nesta quarta-feira, para ser o futuro procurador-geral, Gaetz enviou carta a Mike Johnson pedindo a renúncia ao cargo de legislador. A rapidez, antes mesmo da confirmação do Senado, foi atribuída à investigação do Comitê de Ética da Câmara, que corre contra ele, sobre alegações de má conduta sexual e uso de drogas ilícitas. Ele nega as acusações.
O Departamento de Justiça, a que Gaetz foi escolhido para comandar, também o investigou por uma viagem do congressista às Bahamas com uma jovem de 17 anos — o que violaria a lei federal — mas o caso foi encerrado.
Com a rápida renúncia ao cargo de congressista, a investigação ética foi automaticamente encerrada. Conforme observou o presidente da Câmara, o comitê não tem jurisdição sobre ex-membros do Congresso.
A questão em aberto é se a nomeação de Gaetz para o Departamento de Justiça terá o aval do Senado. Os republicanos terão 53 cadeiras na Câmara Alta do Congresso e ainda poderão contar com o vice-presidente eleito J.D. Vance para desempatar o voto, em caso de 50 a 50.
A confirmação de Gaetz, que tem desafetos abertos no Capitólio, será um teste para o novo Senado. Resta saber se estes desertores vão emergir ou sucumbir a Trump.
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