Familiares e amigos de criança de 4 anos morta em ação policial fazem manifestação por justiça; VÍDEO


Ryan da Silva Andrade Santos brincava no Morro São Bento, em Santos (SP), quando foi atingido por um disparo. Familiares e amigos de criança de 4 anos que morreu durante confronto fazem manifestação
Amigos e familiares de Ryan da Silva Andrade Santos, menino de quatro anos que morreu após ser baleado durante um confronto policial em Santos, no litoral de São Paulo, fizeram uma manifestação pacífica por justiça. O grupo fez uma caminhada até o trecho do Morro São Bento onde o garoto levou o tiro (assista acima).
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A ação que resultou na morte do garoto aconteceu na noite de 5 de novembro durante um patrulhamento de rotina da Polícia Militar (PM) entre as ruas São Sérgio e São Fernando. Dois adolescentes, de 15 e 17 anos, também foram atingidos. Segundo a polícia, ambos eram considerados suspeitos.
Enquanto o adolescente mais velho morreu, o mais novo foi socorrido sob escolta e recebeu alta alguns dias depois. O g1 apurou que o único sobrevivente baleado foi liberado para a mãe após a assinatura de termo de compromisso.
Manifestação
O grupo se concentrou no ginásio coberto da UME Professora Therezinha de Jesus Siqueira Pimentel e a saiu em passeata por volta das 19h30 de terça-feira (12), conforme apurado pela TV Tribuna, afiliada da Globo.
Manifestação pacífica aconteceu em Santos (SP)
TV Tribuna
A manifestação pacífica contou com um projetor para mostrar imagens em homenagem ao menino. A família solicitou que as crianças fossem com o uniforme da escola municipal, já os adultos com camisetas brancas.
Reforço de policiamento
A SSP-SP anunciou o reforço do policiamento na Baixada Santista, especialmente em Santos, após a morte do garoto. De acordo com a pasta, a ação será mantida por tempo indeterminado e contará com o apoio de policiais dos Batalhões de Choque da capital paulista.
Adolescente baleado em ação policial no Morro São Bento sofreu fratura no fêmur
g1 Santos e Redes sociais
Presença da PM gera tensão em velório de menino em SP
A decisão de reforçar o policiamento na Baixada Santista foi inicialmente divulgada pelo porta-voz da PM, coronel Emerson Massera.
“Essa operação tem um objetivo claro, que é identificar e prender esses criminosos. Nós não sairemos de lá enquanto eles não forem, pelo menos, identificados e responsabilizados. Enquanto for necessário, nós estaremos com esse policiamento reforçado, com uma operação específica, para dar essa resposta e devolver a segurança e tranquilidade”, contou.
Na quinta-feira, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) endossou a implementação da nova operação.
O que disse o coronel?
De acordo com Massera, o reforço do efetivo contará com profissionais do Comando de Policiamento do Interior 6 (CPI-6), responsável pelo policiamento da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, e por tropas do 2°, 3° e 4° Batalhão de Choque, que ficam na capital.
“Nós temos aí vários criminosos que conseguiram fugir, em torno de sete ou oito criminosos pelo menos. E, agora, a nossa preocupação também é identificar, localizar e prender esses bandidos. Até para dar uma resposta a sociedade em razão do fato grave que aconteceu”, revela .
O reforço, segundo Massera, ocorrerá em toda a Baixada Santista. “Não é apenas no Morro do São Bento. Já identificamos que alguns dos envolvidos [na ação de terça-feira à noite] moram em outras comunidades. O reforço vai ser estendido para toda a região da Baixada, principalmente o município de Santos”, disse.
O coronel ainda revelou na coletiva que “provavelmente” o disparo que atingiu Ryan partiu da arma de um policial. Ainda segundo a SSP, sete policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas.
“Esses sete policiais são encaminhados ao programa de acompanhamento e apoio do policial militar. Vão ser avaliados e receber todo o apoio da PM. Depois avaliaremos se é o caso de manter esse afastamento por um tempo maior ou não. Os policiais não estão sendo tratados pela Polícia Militar como acusados, eles são vítimas”, disse.
Morte de menino
Segundo o registro policial, três viaturas da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) estavam pelo bairro quando viram aproximadamente dez homens, sendo quatro em motocicletas. Eles fugiram ao notarem a equipe policial.
Caso ocorreu no Morro São Bento, em Santos (SP). Ryan, de 4 anos, estava brincando na rua quando foi atingido.
Redes sociais e Arquivo Pessoal
O grupo correu até um ponto de tráfico de drogas e, por isso, os policiais precisaram desembarcar das viaturas para iniciarem as buscas. Em depoimento, os agentes contaram que se aproximaram dos suspeitos, que começaram a atirar. Os policiais revidaram e solicitaram apoio.
A outra equipe da PM chegou pela parte superior do morro e surpreendeu ao menos oito dos suspeitos, que voltaram a disparar contra os policiais. Foi nessa segunda troca de tiros que os dois adolescentes acabaram baleados.
De acordo com a corporação, os demais suspeitos conseguiram fugir pela área de mata. Sendo assim, os policiais apreenderam três motocicletas, sendo que uma delas era furtada. Além disso, armas e um radiocomunicador também foram apreendidos.
Ao g1, a mãe do menino, Beatriz da Silva Rosa, disse que ele estava brincando com outras crianças em frente à casa de uma prima quando foi atingido na barriga. Ele foi levado até a Santa Casa de Santos, mas não resistiu e morreu.
“Os policiais chegaram atirando em cima de dois meninos, que eu acho que estavam ‘de fuga’. Só que eles viram que a gente estava na parte de cima [da rua] com as crianças e tudo, mas começaram a atirar”, relembrou a mulher, que presenciou a cena.
Em nota, a SSP-SP informou que a Delegacia Seccional de Santos instaurou um inquérito para apurar os fatos e determinou a realização de perícia nas armas apreendidas e no local do confronto para esclarecer a origem do disparo que atingiu a criança.
Pai morto em operação
Leonel Andrade e Ryan da Silva Andrade morreram com intervalo de nove meses no Morro São Bento, em Santos (SP)
Arquivo Pessoal
O pai de Ryan, Leonel Andrade Santos, de 36 anos, foi um dos 56 mortos durante a Operação Verão, que aconteceu entre janeiro e abril deste ano, cerca de nove meses antes de Ryan falecer.
“Meu sentimento é de revolta. Eu perdi meu marido tem nove meses, a polícia matou. Agora eu perdi o meu filho assim”, lamentou a viúva de Leonel.
Ele foi morto por agentes do 4º Batalhão de Choque em 9 de fevereiro, durante a Operação Verão. Familiares e vizinhos que testemunharam a ação informaram que os agentes chegaram atirando. À época, a SSP afirmou que o homem foi baleado por apontar uma arma para os PMs.
“O pai do menino se envolveu em duas trocas de tiros com a Polícia Militar, e na segunda ele acabou falecendo. É triste falar isso nesse momento, porque estamos diante de uma vítima, de um menino de quatro anos, totalmente inocente, mas são ocorrências muito distintas. O que levou o pai dele a confrontar a PM é algo muito distinto”, explica o porta-voz da PM.
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