Dólar abre em baixa, em dia de leilão do BC e com expectativa por corte de gastos e inflação nos EUA


No dia anterior, a moeda norte-americana ficou praticamente estável, com uma alta de 0,01%, cotada a R$ 5,7698. Já o principal índice de ações da bolsa de valores encerrou em queda de 0,14%, aos 127.698 pontos. Dólar
Karolina Grabowska/Pexels
O dólar abriu em baixa nesta quarta-feira (13), em um dia de agenda econômica mais esvaziada no Brasil, mas com o cenário fiscal ainda no centro das atenções dos investidores.
O mercado aguarda o anúncio do pacote de cortes de gastos públicos pelo governo federal — espera que vem desde o fim do segundo turno das eleições municipais. Esses cortes são bastante esperados porque trazem para os investidores uma visão de que o governo será capaz de cumprir o arcabouço fiscal (regra que limita o endividamento público do país).
A lógica do mercado é que, quanto maior a dívida de um país, maiores são alguns riscos importantes, principalmente o risco de calote em momentos de crise.
Assim, sem perspectiva de como as contas serão equilibradas para reduzir o endividamento do Brasil, investidores demandam rentabilidades maiores para investir no país, ou apenas migram seu capital para outros mercados considerados mais seguros, o que desvaloriza o real.
Por esse movimento de forte valorização do dólar em detrimento do real nas últimas semanas, hoje o Banco Central do Brasil (BC) vai realizar um leilão de compra e venda de dólares, para conter o avanço da taxa de câmbio.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Às 9h, o dólar caía 0,61%, cotado a R$ 5,7344. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda subiu 0,01%, cotada a R$ 5,7698.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,57% na semana;
recuo de 0,20% no mês;
ganho de 18,90% no ano.

Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na véspera, o índice encerrou em baixa de 0,14%, aos 127.698 pontos.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,03% na semana;
perdas de 1,42% no mês;
recuo de 4,70% no ano.

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O que está mexendo com os mercados?
Sem grandes destaques na agenda desta terça-feira, a atenção dos investidores ficou voltada para a ata da última reunião do Copom, divulgada pela manhã. No documento, o colegiado afirmou que o cenário econômico se tornou mais “desafiador” por conta do aumento das projeções para a inflação.
Segundo o colegiado, uma redução no ritmo do avanço dos gastos públicos, principalmente de “forma mais estrutural”, com cortes permanentes, pode ser um “indutor do crescimento econômico” do país nos próximos anos.
Esse crescimento, segundo o Copom, aconteceria por meio do impacto da contenção de despesas nas “condições financeiras, no prêmio de risco e na melhor alocação de recursos”.
A lógica é que, com a redução de gastos e menor pressão sobre o endividamento do país, as taxas de juros bancárias poderiam ser mais baixas. Isso ampliaria empréstimos para o consumo e para o setor produtivo, que realizaria mais investimentos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve uma série de reuniões com diversos ministérios nos últimos dias para tentar fechar um pacote de medidas de cortes de gastos e garantir as metas fiscais dos próximos anos.
Até o momento, representantes de pelo menos 12 ministérios já se reuniram com Lula e a estimativa é cinco devem ser atingidos pelo pacote:
Saúde;
Educação;
Trabalho e Empresa;
Desenvolvimento Social;
Previdência Social.
A demora no anúncio das medidas, no entanto, continua a preocupar o mercado financeiro. Especialistas explicam que, quanto mais tempo o governo demorar para anunciar o plano de corte de gastos, mais o mercado fica desconfiado e busca formas de proteger seus investimentos, o que tende a valorizar o dólar em detrimento do real.
Além disso, o mercado ainda continua a repercutir os dados do último boletim Focus, relatório que traz projeções de economistas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos do país. O documento, divulgado nesta semana, trouxe uma nova alta nas expectativas para a inflação deste ano, que chegaram a 4,62%.
A meta para este ano é de 3% e será considerada formalmente cumprida se estiver em um intervalo entre 1,5% e 4,5%. Para 2025, a estimativa de inflação também subiu, de 4,03% para 4,10%. A meta de inflação para o próximo ano também é de 3%, com o mesmo intervalo de limite inferior e superior.
No cenário internacional, a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos continua a fazer preço nos mercados. Pesam as perspectivas de que as medidas que o novo chefe de Estado quer impor na maior economia do mundo podem ter efeito inflacionário e pressionar por novos aumentos de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
As expectativas sobre a economia da China também seguem no radar, após investidores terem se decepcionado com o novo pacote de estímulo anunciado pelo governo do gigante asiático na última semana.

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