Número de lares homoafetivos aumenta oito vezes em Sorocaba; conheça histórias de casais que decidiram morar juntos


Número saltou mais de 760% na cidade, em comparação com o Censo de 2010. O g1 traz as histórias de dois casais homoafetivos que, em interações despretensiosas, encontraram suas respectivas ‘metades das laranjas’ e decidiram ‘juntar as escovas de dentes’. Matheus e Mateus namoram há quase dez anos
Arquivo pessoal
Existem 2.104 lares homoafetivos em Sorocaba (SP), segundo dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São definidas assim as residências onde o responsável é casado com uma pessoa do mesmo sexo. O número saltou mais de 760% na cidade, em comparação com o Censo anterior, divulgado em 2010.
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Mas quais são as histórias de amor por trás dessas estatísticas? O g1 traz os relatos de dois casais homoafetivos que, em interações despretensiosas, encontraram suas respectivas “metades das laranjas” e decidiram “juntar as escovas de dentes”.
Atualmente morando em Sorocaba, o gestor de tráfego Matheus Garcia e o arquiteto Mateus Trevisan estão juntos há dez anos. Eles se conheceram por uma rede social, em um grupo voltado para a cantora galesa Marina, anteriormente conhecida como “Marina and the Diamonds”.
“Eu morava em Bragança Paulista (SP) e ele em Campinas (SP), por conta da faculdade. Começamos a conversar e vimos que nossos gostos eram muito parecidos, além do nome. Decidimos nos encontrar, eu fui até a cidade dele e me apaixonei. Hoje, caminhamos para dez anos e estamos com casamento marcado”, conta Matheus.
O casal resolveu morar junto em 2019, em Sorocaba, à convite da família de Mateus, devido à transferência do pai do arquiteto para um trabalho em outro estado. A oportunidade foi bem recebida por Matheus, que se sentia infeliz com o emprego que possuía em sua cidade natal.
“Naquela época, eu não era feliz com o meu emprego. Meu pai se aposentou e, com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), me ajudou a fazer intercâmbio, que era um sonho meu. Nesse meio tempo, o pai do Mateus foi transferido para outro estado e, por isso, ele e a mãe me convidaram para morar em Sorocaba”, lembra.
Casal mora em Sorocaba (SP) e pretende arrumar um novo lugar para viver
Arquivo pessoal
“Eu ia viajar somente em 2020, mas meu pai decidiu me ajudar com a aposentadoria, para que eu conseguisse sair do meu emprego que eu não gostava. Saí em julho e vim. Se eu tivesse esperado um pouco mais, não teria conseguido, pois a pandemia do Covid-19 estourou”, complementa.
Para Matheus, a sensação de que os planos estavam se concretizando era de euforia, de estar cumprindo uma nova etapa. Apesar de ser muito conectado com os pais, ele estava feliz de dar um novo passo no relacionamento.
“Eu estava saindo do ‘interiorzão’ para uma cidade grande, com mais oportunidades, o que possibilitaria a realização de um sonho em conjunto. Apesar da adaptação complicada, por sentir falta dos pais, estava feliz demais. Anteriormente, eu só via meu namorado a cada 15 dias. Foi questão de ajuste”, explica.
Já na visão de Mateus, a oportunidade de acordar ao lado do namorado todos os dias, apesar de sedutora, era assustadora. Porém, tudo fluiu com o passar dos anos.
“Sentia um frio na barriga imenso, mas, ao mesmo tempo, tinha medo de não dar certo. Felizmente, tive o apoio dos meus pais nessa decisão. Foram quatro anos à distância, mas o relacionamento funcionava muito bem. Na pandemia, passei a fazer home office, então, ficávamos 24 horas por dia juntos. Morar junto só reforçou tudo o que já tínhamos”, conclui.
Matheus e Mateus se conheceram por meio das redes sociais
Arquivo pessoal
Quem diria que o amor da sua vida pode estar no churrasco entre amigos? Esse é a história romântica das empresárias Giuliana Pecoraro e Maria Tegani.
“No dia, nós conversamos bastante. Jamais imaginaríamos que, um dia, estaríamos casadas. Decidimos morar juntas depois de dois anos de namoro. Temos bastante interesse em comum, como a gastronomia. Foi o lugar certo, na hora certa”, conta Giuliana.
Giuliana conheceu a esposa durante um evento com amigos
Arquivo pessoal
Ao g1, Giuliana diz que a transição de sair de sua antiga casa para viver uma rotina compartilhada com a esposa foi tranquila. A mudança maior aconteceu na vida profissional de ambas, que saíram de seus respectivos empregos para iniciarem um negócio juntas.
“A transição foi muito boa. Nós tínhamos certeza de que muita coisa boa estaria por vir. As mudanças na rotina aconteceram, não por conta do morar junto, mas, sim, pela transição do que estávamos fazendo dentro dos nossos trabalhos”, explica.
Na opinião da empresária, as maiores dificuldades estão dentro de si. Ao lembrar por tudo que passou, ela descreve a moradia com Maria como uma conquista.
“Acredito muito que as maiores dificuldades estão dentro de nós, temos que lidar com as nossas inseguranças, medos, ansiedade. O mundo onde vivemos hoje é muito acelerado e nossa maior dificuldade é desacelerar. Estar dentro de casa, em segurança, ao lado de quem amamos, é um refúgio”, comenta.
Maioria dos casamentos homoafetivos na região de Sorocaba ocorre entre mulheres
“Foi tudo muito harmônico. Essa foi uma das decisões mais certeiras da minha vida. Conforme o tempo vai passando, nos sentimos ainda mais felizes com esta escolha. Graças a ela, estamos aqui, no nosso agora, desejando que tudo seja para sempre”, completa.
*Colaborou sob a supervisão de Matheus Arruda
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