Crítica Em Ruínas | Pancadaria pós-apocalíptica honesta e divertida

Crítica Em Ruínas | Pancadaria pós-apocalíptica honesta e divertidaAndré Mello

O cinema sul-coreano vem entregando cada vez mais produções de ação com ideias mirabolantes para suas tramas, além de ótimas cenas de pancadaria e tensão. Na última década vimos filmes como Invasão Zumbi, que fez sucesso internacional no seu lançamento.

Em Ruínas é um filme que chega à Netflix também com uma ideia mirabolante, misturando um desastre que devasta a Terra para servir como pano de fundo para uma trama ainda mais insana, envolvendo um cientista maluco. Para coroar tudo, o longa é estrelado por Don Lee (Eternos), ator coreano responsável por vários longas bem divertidos de ação e que inclusive também esteve em Invasão Zumbi.

Sequência velada

Em Ruínas começa com um cientista em seu laboratório, fazendo experimentos que podem salvar a sua filha de uma doença sem cura. Segundos após ele ser detido, já que sua pesquisa pode ter causado a morte de várias pessoas, um terremoto absurdo devasta toda Seul.

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Parece o início de uma trama de sobrevivência em uma cidade destruída, mas a história pula alguns anos para o futuro, com a Coreia do Sul completamente devastada. A escassez de água e alimentos fez com que sobreviventes se juntassem em bandos, em algo que parece muito com a ideia de Mad Max.

Esse salto de tempo e mudança de gêneros do filme, que parecia ser uma trama sobre o desastre e vira uma distopia pós-apocalíptica, parece estranho, mas existe um motivo por trás disso. Em Ruínas é na verdade uma sequência de um filme chamado Concrete Utopia, lançado na Coreia do Sul em 2023 e que inclusive foi escolhido para representar o país no Oscar 2024, mas acabou não sendo indicado.

No filme anterior, a história segue sobreviventes logo após o terremoto, mostrando a queda da sociedade. Em Ruínas já mostra que tudo foi destruído e uma seca histórica prejudicou ainda mais aqueles que sobreviveram. O mais interessante é que a sequência não faz qualquer alusão ao filme anterior, o que deixa algumas perguntas sobre como tudo chegou a aquele ponto sem resposta.

Felizmente, isso acaba não importando tanto pois a produção já apresenta uma nova história, que resgata a ideia do cientista e de alguns sobreviventes que caçam para ajudar um vilarejo. Quando uma equipe chega ao local oferecendo refúgio para jovens de 18 anos, que seriam “o futuro da humanidade”, a jovem Suna segue com a sua avó para ter uma vida melhor.

O problema é que o local é dominado pelo cientista Yang Gi-su, que utiliza as instalações para continuar com seus experimentos. Entendendo o perigo, o caçador Nam-sam, interpretado por Don Lee, parte em seu resgate.

É uma história relativamente simples e, em vários momentos, bastante previsível, mas isso não tira o seu valor. A maneira como ela é conduzida é bastante comum à de outras produções do gênero vindas da Coreia do Sul, avançando tudo com um ritmo bastante frenético.

Isso é bom por um lado, já que torna o filme em algo bastante ágil, fazendo com que o espectador não sinta muito o tempo de sua duração. Ao mesmo tempo, é um pouco ruim pois algumas questões não são solucionadas, pois a trama não as desenvolve muito, apenas passando loucamente para a próxima cena.

Cientista maluco e pancadaria sem limites

O que nos leva ao lado mais “ficção científica” de Em Ruínas. Enquanto boa parte do primeiro ato do filme aborda mais a sobrevivência em uma terra devastada, em busca de água e alimentos, logo o cientista lá do começo da história retorna, apresentando um plano caótico que envolve pessoas mais jovens.

Falar mais sobre isso é entregar alguns spoilers importantes do longa, mas é um desenvolvimento que parece bastante previsível, até se transformar em algo digno de um cientista maluco de algum filme B. Não chega a ser esquisito para essa produção, mas quando as coisas começam a ser reveladas, tudo é tão absurdo que chega a ser um pouco engraçado.

Porém, isso também permite que a ação corra solta. Enquanto as primeiras cenas de pancadaria não são particularmente inspiradas, apesar de Don Lee se mostrar um verdadeiro tanque de porrada, as coreografias e tiroteios ficam mais elaborados conforme o filme se desenvolve.

A apresentação de uma personagem que ajuda os caçadores, vivida pela atriz An Ji-hye, torna a ação bem mais dinâmica e espetacular. Existe uma cena em particular em que os heróis são encurralados e precisam encontrar um jeito de sobreviver. Dessa cena em diante, toda a ação esperada da produção finalmente apareceu.

Todos os envolvidos se destacam pela violência e coreografia de suas lutas, que são realmente empolgantes e bem filmadas. Confesso que apesar de conhecer a fama de astro de ação de Don Lee, tinha apenas visto o ator em Eternos. Seu físico corpulento não parecia o de um “astro de ação”, mas vi que estava enganado quando ele simplesmente sai arrebentando todo mundo na porrada ou com tiros.

Se as outras produções com o ator forem tão boas ou melhores que Em Ruínas, parece que vou precisar fazer meu dever de casa e caçar os filmes estrelados por ele.

Divertido e inofensivo

Em Ruínas é um bom filme de ação e apresenta boas ideias, porém, fica claro que essas pretensões dele poderiam ter sido melhor desenvolvidas. Por conta disso, ele passa uma sensação de que poderia ser melhor se aproveitasse mais o seu tempo para explicar algumas coisas.

Mesmo assim, é inegável que a produção é divertida e consegue ser um acerto da Netflix ao trazer essa história para todo o mundo. E Don Lee é realmente um trator na porrada.

Em Ruínas estreia na Netflix no dia 26 de janeiro.

Leia a matéria no Canaltech.

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