Caso Igor Peretto: o que se sabe sobre morte de comerciante após descobrir caso da esposa com irmã e cunhado


Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou três pessoas pelo assassinato do comerciante Igor Peretto, de 27 anos, em Praia Grande (SP). Rafaela Costa, a viúva, Mario Vitorino, o sócio, e Marcelly Peretto, a irmã da vítima, podem ir a júri popular. Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP)
Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais
A Polícia Civil encontrou nesta quinta-feira (7) a foto de um bilhete supostamente para Rafaela Costa, a viúva suspeita de envolvimento no assassinato do comerciante Igor Peretto, irmão do vereador de São Vicente, Tiago Peretto (União Brasil).
Igor Peretto tinha 27 anos e foi morto a facadas no dia 31 de agosto em Santos. De acordo com as investigações, o crime teria sido premeditado por três pessoas próximas à vítima:
Rafaela Costa, viúva de Igor Peretto;
Marcelly Peretto, irmã de Igor Peretto;
e Mario Vitorino, cunhado e sócio de Igor.
De acordo com depoimentos dos envolvidos, o casal Mario e Marcelly teriam um envolvimento amoroso com Rafaela, a viúva de Igor, o que teria motivado o assassinato.
Segundo a Polícia, Mario teria escrito um bilhete para Rafaela Costa enquanto ele ainda estava foragido. Na carta, que teria sido escrita em 12 de setembro, Mario encorajava a viúva de Igor a ser “forte e corajosa”. Na época, Rafaela já estava presa sob suspeita de envolvimento na morte do marido.
Rafaela Costa e Marcelly Peretto, a irmã de Igor, se entregaram e foram presas em 6 de setembro. Mário, o cunhado da vítima, foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), no dia 15 do mesmo mês.
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Veja, a seguir, o que se sabe e o que falta saber sobre o caso:
Como aconteceu o crime?
Igor Peretto foi morto no dia 31 de agosto, no apartamento da irmã, Marcelly Peretto.
De acordo com a promotoria do MP-SP, Igor teria sido atraído por Rafaela e Marcelly até o apartamento onde foi moto a facadas por Mário.
No imóvel estavam a vítima, Marcelly (irmã) e Mário Vitorino (cunhado e sócio de Igor). Rafaela Costa (viúva) chegou com Marcelly ao apartamento, mas o deixou 13 segundos antes do marido chegar com o suspeito pelo assassinato.
De acordo com os depoimentos do trio e dos advogados, a viúva Rafaela tinha um caso com Mário. Além disso, o advogado de Marcelly chegou a dizer que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
Segundo o MP-SP, apesar de Rafaela, a esposa de Igor, ter sido filmada deixando o imóvel antes do crime, ela participou do “plano mortal” e até fez pesquisas sobre em “‘quanto tempo o corpo demora a feder?”.
Imagens mostram Marcelly, Rafaela, Mário e Igor momentos antes do crime em Praia Grande (SP)
Reprodução
Ainda de acordo com o MP-SP, Rafaela deixou o apartamento, mas permaneceu em seu veículo nas proximidades, aguardando o desfecho do homicídio e a fuga dos comparsas”.
Quando trio foi preso?
Rafaela e Marcelly se entregaram para a polícia em 6 de setembro. No dia 15 do mesmo mês, Mario foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP).
A prisão de Mario só foi possível graças às informações que o irmão da vítima, o vereador Tiago Peretto, recebeu em forma de denúncia anônima sobre o paradeiro do cunhado.
No início de outubro, a prisão temporária de Rafaela, Marcelly e Mario foi prorrogada. Na ocasião, a defesa de Rafaela chegou a entrar com pedido de habeas corpus, que foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A Justiça de Praia Grande (SP) converteu as prisões do trio para preventivas, após a denúncia feita pelas promotoras Ana Maria Frigerio Molinari e Roberta Bená Perez Fernandez, do MP-SP.
A esposa, irmã e o cunhado de Igor Peretto podem ser levados a júri popular.
O que disseram as testemunhas?
Em depoimento à Polícia Civil, duas vizinhas contaram detalhes sobre a discussão que ouviram no dia do crime.
Segundo a denúncia do MP-SP, Igor entrou no apartamento desconfiado de uma traição e demonstrou estar decepcionado com a irmã e o cunhado. “Do que adiantou eu fazer tudo? Eu me esforço tanto, eu fiz isso sempre por todos, seus traíras, p***”, teria dito a vítima antes de ser morta a facadas.
Uma delas relatou que Igor declarou amor pela esposa:
“Vocês sabem o quanto eu amo aquela mulher, [o] quanto sou louco por ela”, disse Igor, de acordo com uma testemunha. “Vocês tudo contra mim, tudo armando contra mim. Eu era o único que não sabia de nada.”
Vídeos mostram momentos antes e depois do assassinato de comerciante que descobriu traição
O que diz o laudo?
O laudo pericial, obtido pelo g1, detalha as lesões de Igor: sete facadas na região do peitoral: uma na testa, uma no lado direito do rosto, uma próxima à orelha direita e uma nas costas.
A PM foi acionada pela síndica do prédio após ela ter ouvido muito barulho e não ter conseguido contato com Marcelly, a dona do apartamento.
No local, os policiais precisaram forçar a entrada no imóvel e se depararam com um cenário de violência, de luta corporal, com muito sangue e o corpo de Igor no quarto.
Segundo o laudo, as manchas de sangue foram os principais vestígios encontrados pela perícia. Elas estavam no corredor do prédio e dentro do apartamento.
No interior do apartamento, as manchas estavam espalhadas por vários cômodos, principalmente na sala, na cozinha, no corredor e na suíte, onde o cadáver foi encontrado.
Mario Vitorino abraça Marcelly Peretto (à esq.) após assassinato do irmão dela; faca usada no crime (à dir.)
Reprodução
A faca, considerada pela perícia como provável instrumento usado no crime, estava coberta de sangue e foi encontrada no chão do banheiro social. Ela tem 36 cm de comprimento total, 23 cm de lâmina pontiaguda e uma largura máxima de 5 cm.
O documento revelou, ainda, que a ponta da lâmina estava ligeiramente entortada, o que sugere que a faca pode ter sido usada com força considerável durante o ataque.
Outro aspecto que chamou a atenção: os danos nos batentes das portas do banheiro e do quarto entre o banheiro e a suíte. Eles apontam, de acordo com o documento, para uma tentativa de arrombamentos. Entretanto, não foram encontrados fragmentos de madeira, o que pode dar a entender que os danos seriam anteriores.
O que Marcelly disse à polícia?
Segundo o advogado Leandro Weissmann, Marcelly estava “à vontade” e sozinha no apartamento após Rafaela deixar o imóvel.
Leandro Weissmann acrescentou que Marcelly estava nua e descansando no próprio quarto, após ingerir bebidas alcoólicas e fazer uso de ecstasy, quando Igor e Mario chegaram. “Os dois subiram [de elevador] e já entraram no apartamento discutindo”, afirmou.
De acordo com o advogado, Marcelly disse à Polícia Civil que estava “totalmente desnorteada” por conta do efeito do entorpecente.
“Ela [Marcely] falou que o Igor, quando brigava ou discutia, não deixava ninguém entrar nas discussões dele. Sabendo disso, nem se envolveu, pois achou que seria um ‘bate-boca’. Não imaginava que chegaria a esse ponto”, complementou Weissmann.
Igor Peretto foi encontrado morto com 11 facadas no quarto do apartamento da irmã, em Praia Grande, SP
Laudo pericial e reprodução
Marcelly também disse à polícia ter visto Igor quebrando um espelho com um chute durante a discussão. Neste momento, ainda de acordo com o advogado, a mulher saiu do quarto em direção a outro cômodo, com o objetivo de se vestir.
“Quando ela saiu e foi para o outro quarto, ainda não tinha agressão nenhuma”, afirmou o advogado. Por fim, Weissmann afirmou que Marcelly encontrou o irmão já esfaqueado quando deixou o segundo cômodo.
O que disse Mario?
Para o advogado Mario Badures, o cliente Mario Vitorino agiu em legítima defesa.
Badures apresentou à imprensa imagens que mostram que, 16 dias após o caso, o cliente ainda tinha hematomas da luta corporal que teve com Igor.
De acordo com ele, o rosto do cliente ficou inchado e a palma da mão foi atingida pelo espelho (veja abaixo).
Advogado de cunhado de comerciante assassinado mostra imagens dos hematomas no corpo de Mario 16 dias após o crime
Reprodução
“Marcelly, que é a testemunha presencial, que estava no local dos fatos, fala que o Igor, na posse de um espelho, de um vidro quebrado, que era um espelho, foi na direção de Mario. Isso é a investigação que diz”, disse.
O advogado afirmou que existem testemunhas e moradores que relatam que houve pancadaria e gritos de socorro. “Existe um porteiro que interfona para o apartamento e a vítima Igor que atende o interfone e fala que está tudo bem”.
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