Trump é o primeiro candidato republicano a vencer no Colégio Eleitoral e no voto popular em duas décadas; veja perfil


Donald Trump volta à Casa Branca e se consolida como um fenômeno político mundial. A trajetória de Donald Trump: presidente eleito detectou crises nos EUA e conquistou eleitores
A Casa Branca, a partir de janeiro de 2025, vai voltar a ser ocupada por Donald Trump. Quatro anos depois de ter deixado o endereço na derrota para Joe Biden, Trump retorna como o primeiro presidente republicano das últimas duas décadas a vencer no Colégio Eleitoral e no voto popular.
Donald Trump volta à Casa Branca e se consolida como um fenômeno político mundial. Esse fenômeno começou quando o empresário e apresentador de TV detectou nos Estados Unido. uma grande crise – de esperança – e se alimentou de um sentimento genuíno que paira entre os americanos. Com a globalização, os empregos na manufatura diminuíram. A inflação e os juros altos depois da pandemia, levaram os americanos a experimentar um remédio amargo que eles nem lembravam como era.
Por causa dessas pioras econômicas, grande parte da população não se vê mais capaz de comprar uma casa, sustentar a família, mandar o filho para a universidade.
O professor de Comunicação de Risco da Universidade de Nova York, Hélio Fred Vargas, explica como o discurso de Trump ecoa nessa parcela do eleitorado:
“Eles se sentem desfavorecidos pelos imigrantes, se sentem desfavorecidos por pessoas de uma raça diferente, se sentem desfavorecidos pelas elites liberais, e Trump lhes dá validação. Então, eles o apoiam porque ele valida as lamentações dessa população”, afirma.
Onda vermelha: veja como Trump venceu com força na eleição dos EUA
Em 2016, todas as pesquisas apontavam para a vitória da oponente de Trump, Hillary Clinton. Mas ele surpreendeu a todos ao ser eleito pela primeira vez. Começou cumprindo as promessas de campanha, assinando decretos sem passar pelo Congresso. Agora, seu partido, o Republicano, já garantiu a maioria no Senado, que era democrata, e projeções indicam que vai manter a maioria também na Câmara.
No primeiro governo, Trump cortou impostos. A ideia era estimular e também proteger a economia americana, alimentar o espírito nacionalista do país. Assim, travou uma guerra comercial com a China. Praticou uma política externa chamada “América em primeiro lugar”.
Uma ideia que repetiu seguidamente na campanha de 2024 e que se alimenta também da principal bandeira do republicano: a imigração. Trump tomou medidas, quando era presidente, para impedir que imigrantes entrassem nos Estados Unidos pela fronteira com o México.
“Ele tem usado um linguagem que conecta com as massas e também tem escutado essa raiva da população com temas como migração e a inflação. E tem um recorde também: durante o primeiro mandato, ele fez coisas que foram muito populares com essa base”, diz o jornalista Brian Winter.
E fez um governo marcado por muita divergência dentro dos gabinetes. Aliados se transformaram em desafetos.
Trump apostou no protecionismo americano. Mas a pandemia mostrou que nenhum país está tão isolado. Mais de 1,2 milhão de pessoas morreram de Covid nos Estados Unidos. Esse desastre se somou ao movimento Black Lives Matter, em que milhares de americanos foram às ruas pedir justiça racial.
Joe Biden ganhou força na corrida eleitoral de 2020, em que Trump tentava a reeleição. Joe Biden venceu. Trump disse, sem apresentar provas, que a eleição tinha sido roubada, e até hoje não aceitou o resultado de 2020.
No dia da certificação dos votos, em 6 de janeiro de 2021, discursou para apoiadores que, depois, invadiram o Congresso. Cinco pessoas morreram. Pela invasão ao Capitólio, Trump respondeu a um processo de impeachment, mas foi inocentado pelo Senado, de maioria republicana à época.
Trump é o primeiro candidato republicano a vencer no Colégio Eleitoral e no voto popular em duas décadas; veja perfil
Jornal Nacional/ Reprodução
Nos anos seguintes, Trump virou réu em quatro processos criminais e foi condenado por fraude pela acusação de pagar US$ 130 mil para a ex-atriz pornô Stormy Daniels, durante a campanha de 2016, para que ela não revelasse um caso extraconjugal que os dois teriam tido anos antes.
Mesmo assim, a conexão de Trump com as questões que importam à população americana fez com que ele chegasse fortalecido à disputa em 2024. O desempenho nas prévias do Partido Republicano não deixou dúvidas sobre o imenso apoio interno que tinha. Em março, logo no começo do processo para escolha do candidato na corrida presidencial, o nome dele já estava garantido.
A disputa, que parecia que seria apertada, mais uma vez surpreendeu. Desta vez, a vitória foi maior porque Donald Trump venceu tanto no Colégio Eleitoral quanto no voto popular. Vai assumir no dia 20 de janeiro de 2025 em frente ao Capitólio. Foi o voto de confiança de uma população que acredita que ele é capaz de transformar os Estados Unidos, de novo, em uma terra de abundância e prosperidade.
Trump promete que terminará rapidamente a guerra na Ucrânia, retirando a ajuda americana aos ucranianos. Na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, disse que dará apoio incondicional aos israelenses.
Trump também promete mais mudanças dentro dos Estados Unidos, como a maior deportação de imigrantes sem documentos da história do país e mais cortes de impostos.
Também defende políticas para reduzir os preços de produtos essenciais e, assim, ajudar os americanos a enfrentar a alta do custo de vida. Mas, ao mesmo tempo, promete erguer barreiras tarifárias a produtos importados, o que pode resultar em mais inflação.
“Americano não sabia o que era inflação. E quando eu digo que não sabia, eu quero dizer, literalmente, que ele não sabia o que era. O pico aqui foi em 2022, quase 9%. Foi a inflação mais alta em 40 anos. Brasileiro sabe isso, argentino sabe isso. Americano não sabe, porque foi uma experiência bastante inédita”, afirma o jornalista Brian Winter.
O jornalista e escritor Ken Auletta cobre presidentes americanos desde os anos 1960. Ele diz que Trump agora formará um governo de pessoas leais a ele, e que isso pode ser uma grande diferença em relação ao primeiro mandato.
“Se você voltar ao primeiro mandato de Trump, ele tinha chefes de gabinete e procuradores-gerais que colocavam limites e diziam: ‘Você não pode fazer isso’. E, agora, o que o próprio Trump diz é que ele não terá mais pessoas assim no segundo mandato. Por isso, ele poderá fazer as coisas do jeito que quiser”, diz Ken Auletta.
A vitória de Donald Trump abre um novo capítulo na história americana e mundial, e as consequências reverberarão por anos em todos nós.
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