Vestígios de cidade desconhecida são descobertos em oásis na Arábia Saudita; entenda

Reconstrução virtual em 3D de como seria a cidade de al-NatahReprodução/Khaybar LDAP

Pesquisadores encontraram vestígios de uma cidade de 4.400 anos abaixo de um oásis na Arábia Saudita. A descoberta foi batizada de “al-Natah” e revelou uma transição histórica de sociedades nômades para o começo das formações de cidades, conforme relata um artigo publicado na revista PLOS One. A exploração foi liderada pelo arqueólogo francês Guillaume Charloux.

A cidade, que acredita-se ser de uma civilização até então desconhecida, estava oculta pelo oásis de Khaybar, uma área verde cercada por desertos no noroeste da Península Arábica. O marco inicial da pesquisa foi a identificação de uma muralha de 14,5 km de extensão, que cercava a cidade, indicando uma sociedade organizada.

Civilização desconhecida

Acredita-se que al-Natah tenha sido construída por volta de 2400 a.C., durante o início da Idade do Bronze — período entre 800 a.C. e 476 d.C. marcado pelo uso mais intenso de metais e pelo desenvolvimento maior do comércio. A cidade abrigava cerca de 500 habitantes. Os pesquisadores tentam descobrir os motivos para seu abandono, cerca de mil anos depois da construção.

Antes, a região era considerada um deserto estéril, povoado por nômades e com cemitérios esparsos. Essa percepção mudou com a descoberta de muralhas da Idade do Bronze em Tayma, ao norte de Khaybar, que estimulou novas investigações nos oásis da região. 

Desenvolvimento único

Segundo o pesquisador Charloux, as rochas basálticas que cobriam al-Natah protegeram o local de escavações ilegais. Através de observação da, os arqueólogos encontraram indícios de caminhos e fundações por onde escavar. 

“Al-Natah confirma que o urbanismo rural surgiu mais cedo do que se acreditava, tornando possível considerar a complexidade de um assentamento sedentário em um oásis murado da Idade do Bronze”, disse Guillaume Charloux.

Vestígios da cidade

De acordo com o portal Olhar Digital, a pesquisa revelou fundações complexas, suficientes para suportar habitações de um ou dois andares, além de uma área total de aproximadamente 2,6 hectares, com cerca de 50 casas. As tumbas identificadas na necrópole local continham armas de metal e pedras preciosas, sugerindo uma sociedade avançada. 

Os fragmentos de cerâmica encontrados sugerem uma estrutura social relativamente igualitária, com peças simples, mas esteticamente bem-feitas. Com até cinco metros de altura, as muralhas da cidade antiga indicam a presença de alguma autoridade local.

Mudanças nas sociedades antigas

As descobertas corroboram a ideia de um “urbanismo lento” da humanidade, refletindo uma transição das comunidades nômades para um estilo de vida mais sedentário e fixo. Acredita-se que oásis fortificados podem ter tido contato uns com os outros em uma área ainda amplamente povoada por grupos nômades. 

A cidade al-Natah não é considerada grande e muito complexa, mas representa uma forma única de urbanização, adaptada às condições específicas do noroeste da Arábia, sugerindo um desenvolvimento histórico distinto na região.

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