Atual e bem contextualizado, Enem 2024 abordou minorias

Atual e bem contextualizado, Enem 2024 abordou minoriasJulia Di Spagna

Neste domingo (03), foi aplicada a primeira etapa do Enem 2024. Candidatos de todo o país encararam questões de Linguagens, Ciências Humanas e a temida redação que, neste ano, teve como tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Para os professores ouvidos pelo GUIA DO ESTUDANTE, a grande temática da prova foram as minorias, em especial a população negra.

Moderno, abrangente e com um nível de dificuldade intermediário, de maneira geral, o exame manteve o nível de dificuldade do ano passado.

Em relação às questões houve uma ampla abordagem de temas ligados a questões identitárias, abordando povos tradicionais e comunidades quilombolas. Permeando o tema da redação, apareceram também assuntos como a causa abolicionista, que de certa forma poderia servir de insumo como repertório; a atuação de representantes culturais como Chiquinha Gonzaga e Castro Alves; e preconceitos e identificação da influência da globalização nas questões identitárias.

A prova de Ciências Humanas também teve um caráter bem atual. Um dos temas abordados, por exemplo, foi a questão climática. Apesar de não mencionar especificamente casos recentes, era possível fazer paralelos.

Com textos longos, os professores notaram uma diminuição na quantidade de imagens em relação a anos anteriores na parte de Linguagens. Assim, o candidato precisou analisar mais as perguntas – o que deixou a prova um pouco mais cansativa.

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Confira abaixo a análise de cada disciplina, baseada em comentários de professores do Oficina do Estudante, SAS Educação e Curso Anglo.

Língua Portuguesa

A prova de Linguagens do Enem deste ano manteve o nível de dificuldade quando comparada aos anos anteriores, abordando textos de gêneros diversos. Escritores mais tradicionais como José de Alencar, referências a Machado de Assis e a Vinícius de Moraes estavam presentes. Autores mais contemporâneos e personalidades como Tati Bernardi e Rita Lee também marcaram presença na prova.

Questões relativas à variação linguística, temática social aparecendo junto aos Racionais, setores minoritários da sociedade, produção artística afro-brasileira e vários outros temas atuais estavam presentes, o que deu à prova um caráter bastante contemporâneo.

Tudo isso exigia dos alunos uma capacidade de verificação de leitura e articulação com uma perspectiva social. Além disso, também é possível afirmar que algumas das questões davam a possibilidade de reflexão relacionada ao tema da redação.

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Espanhol

A prova estava um pouco mais difícil e conteudista do que em anos anteriores. Ela abordou poemas, a questão dos cancelamentos das redes sociais, a história de Tenochtitlán, capital do Império Asteca, e de como as pessoas devem aproveitar as etapas da vida ano após ano.

Inglês

Prova bem feita com dificuldade mediana e seguindo o padrão dos anos anteriores.

Apresentou uma questão com um poema sobre guerra exigindo do candidato a habilidade 5 (análise, interpretação e aplicação de recursos expressivos das linguagens): ‘instead of’ (ao invés de) passando uma ideia de mudança de comportamento.

A habilidade 7 (capacidade do candidato de identificar a função social de um texto) apareceu nas citações de Bob Marley e Einstein, já que a função dos textos era mostrar que dificuldades são oportunidades para novas ideias. A mesma habilidade foi exigida na questão envolvendo a imagem da internet, alertando sobre a destruição rápida do meio ambiente. Por fim, um dos textos abordava o preconceito linguístico.

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História

A prova de História foi plural e exigiu do candidato contextualização histórica e identificação de períodos. Houve questões sobre a colonização da América, o ideal republicano, a Era Vargas e o abolicionismo — tema que, inclusive, também apareceu na redação, alinhando-se ao tema proposto. O nível de dificuldade foi de fácil para médio, similar ao das provas anteriores, como a do ano passado. Não foi uma prova conteudista; o foco estava na interpretação, na leitura e na identificação dos períodos históricos.

Geografia

Uma prova bastante diversificada, com assuntos que englobaram desde questões socioambientais, envolvendo o COP26, escoamento da água em regiões urbanas, efeitos climáticos decorrentes de processos econômicos, crises de refugiados, as telecomunicações, internet e meios de comunicação, promovendo integração inclusive de grupos marginalizados.

Além disso, foram cobradas questões da Geografia Física, incluindo a parte de geologia, falando um pouco sobre terremotos, efeitos das próprias mudanças climáticas e cartografia.

Os textos dos enunciados não estavam tão longos como costumam ser, e havia várias questões mais diretas, e que, como sempre, exigiam uma interpretação, uma conexão entre a teoria e os acontecimentos mais contemporâneos. A prova teve um nível de dificuldade média – algumas um pouco mais difíceis, por serem mais conceituais, outras um pouco mais simples, por serem mais objetivas.

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Sociologia

As questões estavam no nível de médio para fácil, assim como na prova do ano passado. Mais uma vez, a prova de Sociologia teve muito destaque dentro das Ciências Humanas.

O componente da disciplina foi bem abordado, com muitas questões sobre pautas identitárias abordando a inserção social dos povos tradicionais, a questão racial e a influência da globalização com esse recorte. Nesse ano, não tiveram imagens nessa parte da prova – diferentemente do Enem do ano passado.

Filosofia

O nível da prova não foi diferente do último ano e se manteve dentro do que os professores esperavam. Com questões de dificuldade entre fácil e médio, alguns temas sempre presentes apareceram novamente, como Filosofia Antiga.

Porém, uma surpresa foi o fato de ter mais de uma questão sobre modalidades de pensamento (lógica filosófica). Além de exigir boa leitura, a prova exigiu conhecimentos dos conteúdos clássicos das disciplinas e colocou os candidatos para refletir – ponto importante da edição deste ano.

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Colaboraram

Oficina do Estudante: Marcio Pantoja, professor de Inglês; Hernan Veloso, professor de Espanhol; Herinque Morele, professor de Filosofia e Sociologia; Luis Felipe Valle, professor de Geografia e Atualidade; Renato Alves, professor de História; e Wander Azanha, diretor.

SAS Educação: Paulo Fernandes, consultor pedagógico; e Pedro Lopes, supervisor de avaliações.

Curso Anglo: Viktor Lemos, diretor geral.

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