Vídeo mostra tempestade de poeira em Araquarara; saiba mais sobre o fenômeno


De acordo com Cepagri da Unicamp, região registrou rajadas de vento de 50 a 70 km/h no dia do evento. Especialistas falam sobre consequências ao meio ambiente e aos seres humanos. Vídeo mostra tempestade de poeira em Araquarara; saiba mais sobre o fenômeno
Uma equipe do Terra da Gente registrou uma tempestade de poeira na Rodovia Washington Luís, em Araraquara (SP), na última sexta-feira (19). Nas imagens é possível ver nuvens escuras no céu e uma camada espessa de poeira suspensa no ar.
De acordo com o Centro de Pesquisas Meteorológicas da Unicamp (Cepagri), no final da tarde deste dia foram registradas rajadas de vento de 50 a 70 km/h em vários pontos do estado e na região de Araraquara, o que pode ter contribuído com a formação do fenômeno.
“Boa parte dos dias que antecederam esse evento foram dias quentes e sem chuva nas redondezas de Araraquara e São Carlos. Isso pode ter deixado as camadas mais superficiais do solo secas no dia 19”, informou o meteorologista do Cepagri, Bruno Bainy.
Além disso, por volta das 18h, houve um pico na concentração de material particulado que pode indicar a presença de uma tempestade de poeira, segundo medição da qualidade do ar feita pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
“Em geral, isso afeta uma área grande. Quanto mais perto da fonte de poeira, mais intenso é o fenômeno. À medida que se afasta, que vai entrando em uma cidade, por exemplo, em que não há tantas fontes de poeira, isso acaba se dispensando mais”, explica o meteorologista.
O que é uma tempestade de poeira?
Causado pela interações da atmosfera com a superfície terrestre, a tempestade de poeira é um evento meteorológico que tem como característica os ventos intensos que transportam poeira de alguma fonte em grandes quantidades por uma área extensa.
Tempestade de poeira regitrada em Araraquara, interior de São Paulo
Paulo Augusto/TG
Bruno explica que quando há formações de chuva, os ventos podem carregar partículas também, mas não de forma tão intensa e por tantos quilômetros como ocorre durante as tempestades de poeira.
“Eventos como esse variam de escala, podendo alcançar um raio de até 10 km da fonte e carregar partículas até cerca de 1 km de altura”, acrescenta.
Normalmente, as tempestades de poeira ocorrem em áreas rurais, no período de estiagem, quando o solo está sem vegetação, por fatores como desmatamento ou períodos entre safras. Desertos também são frequentemente afetado pelo fenômenos, durante as conhecidas tempestades de areia.
Apesar de serem fenômenos naturais, as tempestades de poeira podem acontecer com mais frequência por causa da ação humana. O desmatamento e o esgotamento dos solos tendem a aumentar a área coberta pela areia, o que torna o local propício para as tempestades.
Consequências
Redução da visibilidade, além de irritação nos olhos e nas vias aéreas estão entre os efeitos da tempestade de poeira para as pessoas. Como visto nas imagens acima, quando se trata de uma rodovia, o risco associado à falta de visibilidade é ainda maior.
Tempestade de poeira registrada em Luiz Antônio, em novembro de 2023
Márcio de Campos/TG
“A gente tem um indicativo de que as tempestades de poeira vão se tornar mais severas, associadas também a vendavais mais intensos, o que potencializa esse tipo de fenômeno. No entanto, são dados qualitativos”, comenta Bruno Bainy.
O meteorologista acredita que é necessário aumentar a conscientização sobre esse tipo de fenômeno, principalmente se ele se tornar mais frequente. “Nesse caso, seria adequado que os setores de previsão de tempo incorporassem isso nas suas rotinas porque traz grande impacto à população”.
Para o ecólogo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Geraldo Wilson Fernandes “É um fenômeno muito sério, tem ocorrido com mais frequência e traz efeitos à saúde, à agricultura, é um problema enorme”, explica o especialista.
Pensando nas lavouras, a tempestade de poeira traz nutrientes de outros locais e “leva embora” os componentes do solo daquela região. Para a flora, isso significa modificar a composição desses solos, e consequentemente a ocorrência ou desaparecimentos de espécies vegetais.
“As plantas carnívoras vivem em um solo com deficiência total de nitrogênio. Se ele receber um aporte desse composto, pode modificar tudo. Isso traz muitas consequências aos ecossistemas, mas ainda é preciso estudar mais sobre isso”, finaliza.
Com poucas informações concretas, Geraldo cita como impactos na fauna as mudanças na qualidade do alimento de animais herbívoros. Assim, toda a cadeia de um ecossistema por ser afetada.
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