
O coração em luto de uma mãe ainda relembra o som do telefone tocando às 4h30 da madrugada de domingo (9). A ligação trouxe uma das piores notícias: sua filha, de apenas 17 anos, havia morrido após sofrer uma parada cardiorrespiratória em Jaraguá do Sul, no Norte catarinense. O namorado, um jovem de 19 anos, assumiu à polícia que ofereceu cocaína para a menina.

‘Entupiu ela de droga’: mãe conta que adolescente morta em SC namorava escondido com suspeito – Foto: Freepik/Reprodução/ND
Namoro escondido
Em entrevista exclusiva ao portal ND Mais, a mãe da adolescente garantiu que ela não era usuária de drogas. O dia em que sofreu com os efeitos do uso da cocaína seria o primeiro dia experimentando o entorpecente, oferecido pelo namorado maior de idade.
Naquele mesmo dia, a jovem disse para os pais que iria na casa de uma amiga de escola e, de lá, iriam para uma festa comemorar seu aniversário de 17 anos, completados no último dia 6 de março.
“Só disse assim pra ela, as últimas palavras: não se envolva em droga, porque não quero passar vergonha. Não vá se encontrar com aquela ‘tranqueira’”, recorda a mãe.
Ela afirma que sempre avisava a adolescente sobre o relacionamento com o jovem, que era conhecido na região por furtos, crimes patrimoniais e contra a vida. “Quando ela saia com ele era escondida de mim, porque eu era contra esse namoro”, reitera.
No dia da morte, no último dia 9 de março, a adolescente saiu com o jovem sem o consentimento dos pais. Às 4h30 da madrugada, a família recebeu uma ligação da PM (Polícia Militar) informando sobre a morte da menina no Hospital São José, em Jaraguá do Sul.
Quando comunicaram o falecimento da adolescente, a mãe perguntou como aconteceu. “Aí ela falou: ‘de overdose de droga’. Como? Ela estava na festa da amiga, que ela falou pra mim. Então pra mim foi um baque muito grande.”
Possível overdose
A família conta que o médico legista explicou que o uso alto de entorpecente e bebida alcóolica causou uma elevação de pressão, que levou à parada cardiorrespiratória
Na certidão de óbito, o legista indicou intoxicação exógena como possível causa da morte. Exames foram colhidos e enviados para a Polícia Científica de Florianópolis, que definirá a causa.
O namorado da adolescente, natural de Santo Antônio da Platina (PR), também passou por exames após admitir à polícia que ofereceu drogas para a vítima. Quando foi liberar o corpo da adolescente, a mãe quase encontrou o jovem, que está sendo investigado.
“O médico falou assim: ‘ele tava chorando, soluçando de arrependimento do que fez’. Agora que ele destruiu uma família”, disse a mãe. “Ele admitiu que entupiu ela de drogas.”
Ela ainda recorda que o jovem perguntou onde será realizado o velório e sepultamento da adolescente para que pudesse se despedir.
‘Paixão doentil’
A mãe relembra que quando a adolescente tinha apenas 14 anos assumiu o furto de uma moto realizado pelo namorado. “Porque ela era apaixonada por ele. Sabe aquela paixão doentil?”, explica.
O jovem, segundo a família, era conhecido na região pelas práticas criminosas. Segundo a PM, ele já possuía diversas passagens policiais e foi encontrado em um local conhecido por abrigar usuários de drogas na região.
A família ainda afirma que a adolescente, que trabalhava em uma padaria da cidade, sustentava o jovem de 19 anos com o salário que ganhava. Além disso, ela ainda fazia um curso no Corpo de Bombeiros Voluntários.
Relembre a morte da adolescente
A adolescente foi deixada pelo namorado na frente do Hospital São José, em Jaraguá do Sul. “Ele jogou ela como indigente lá. Ele sabia o nome dela. E o que me dói mais é que eles (os policiais) foram lá na casa do ‘esgoto’ e ele tava dormindo o sono dos justos, e a minha filha morta.”
Segundo a PM, funcionários do hospital acionaram a corporação e relataram que, aparentemente, a adolescente teria feito o uso de drogas, o que teria levado à parada cardiorrespiratória. A equipe ainda relatou que um carro deixou a adolescente no local e foi embora em seguida.
Com informações do hospital e de câmeras de segurança, os policiais identificaram a placa do carro e verificaram que era de um motorista de aplicativo.
Ao abordar o veículo, o motorista relatou que um homem havia solicitado a corrida, mostrando-se muito nervoso ao entrar no carro. Em seguida os policiais encontraram a residência do namorado.
O jovem, de acordo com a PM, confessou que havia oferecido drogas a adolescente e que, então, ela passou mal. Ele foi preso e encaminhado para a delegacia.
Na audiência de custódia, no entanto, o juiz concedeu liberdade provisória ao acusado, considerando que ele era réu primário, mantinha um relacionamento de mais de três anos com a vítima e prestou socorro. No entanto, a liberdade foi condicionada a medidas cautelares, que não foram especificadas.
O caso é investigado pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) e corre em segredo de justiça. No entanto, o MP solicitou diligências complementares para continuar a investigação.
Estatuto da Criança e do Adolescente
Segundo o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), oferecer ou vender produtos com componentes que possam causar dependência física ou psíquica a crianças e adolescentes é crime (artigo 243).
A pedido da família, o portal ND Mais optou por preservar a identidade da adolescente.