Realidade virtual é incorporada a treino dos operadores de trens do metrô de Salvador com óculos 3D


Simulação foi aplicada com última turma de metroviários e será estendida em processo de reciclagem de antigos profissionais. Neste Dia do Metroviário, g1 compartilha detalhes sobre uso da ferramenta no sistema de transporte. Realidade virtual é incorporada ao treino dos operadores de trens do metrô de Salvador
“Próxima estação: Imbuí”, anuncia a gravação de voz quando o trem chega a uma das 12 paradas da linha 2 do metrô de Salvador. A mensagem, ouvida diariamente pelas mais de 400 mil pessoas que usam o transporte todos os dias, foi replicada na simulação digital criada para treinar os operadores de trens.
Parece videogame, mas, usando óculos de realidade virtual, qualquer lugar vira uma cabine. Equipados com o acessório, os trabalhadores experimentam digitalmente a vivência da rotina como operador. Eles conduzem os trens, com as devidas pausas para entrada e saída de passageiros nas estações, supervisionam os comandos automatizados e se preparam para reagir diante de situações adversas, como falhas técnicas e a presença de objetos ou pessoas nos trilhos.
“Foi ótimo pra minha turma. A gente não estava conduzindo trens ainda [quando a simulação virtual foi incorporada], só acompanhando como uma ‘operação assistida’, e isso deu uma acelerada no processo”, avalia Ian Vieira, um dos operadores de trens que integra a turma de oito metroviários formada no primeiro semestre.
Em entrevista ao g1, ele afirma que a experiência otimizou o treinamento e os deixou mais preparados para o ofício com o grande fluxo de demandas.
“Eu acho que a gente conseguiu antecipar bastante algumas situações por já ter vivenciado mesmo sendo virtualmente. Os operadores antigos já relatavam pra mim que antes o treinamento era somente teórico para depois a parte prática. E aí, quando chegava na operação, sentiam aquele baque porque não tinham vivência. A minha turma teve esse privilégio”.
Ian Vieira, metroviário treinado com óculos de realidade virtual
Uediton Teixeira/g1
De acordo com a CCR Metrô Bahia, a experiência será continuada. Ao lembrar o Dia do Metroviário, celebrado neste sábado (26), a empresa informa que vai “reciclar” os profissionais contratados anteriormente, dando a eles a oportunidade de aprimorar as habilidades com o auxílio da realidade virtual.
Segurança e aprimoramento
Analista de Engenharia de Operação da concessionária, Érica Bezerra destaca que o investimento no projeto foi de cerca de R$ 1,5 milhão, o que inclui cinco óculos de realidade virtual e a reprodução de todo o cenário que compõe o sistema do metrô. Por exemplo, quando o simulador vai de uma estação a outra, ele passa por elementos como passarelas, viadutos, shoppings e igrejas presentes na cidade.
Quanto às estações, é possível visualizar a estrutura dos terminais, com as placas de sinalização e passageiros. Por enquanto, a experiência abrange o trajeto da Linha 2, entre as estações Aeroporto e Acesso Norte, além da Linha 1, entre as estações Lapa e Pirajá. A simulação será expandida até setembro de 2025, adicionando a passagem pela lavadora de trens e situações complexas, como falhas operacionais e manobras manuais de máquinas de chaves.
Realidade virtual é incorporada ao treino dos operadores de trens do metrô de Salvador
De acordo com Érica, todo esse investimento se traduz em mais segurança para os operadores e para os clientes, ou seja, a população. “[O trem] É um equipamento realmente muito complexo de se operar, então nós temos na realidade virtual ocorrências e situações que não acontecem tanto no dia a dia e isso vai preparar mais o trabalhador para o serviço”, defende a analista.
Como ressalta Geovana Santana, supervisora de tráfego, o uso da simulação não anula os treinos práticos, diretamente com os trens. A equipe agora busca estruturar um modelo de treinamento, com carga horária específica para cada atividade.
“A gente ainda está definindo como é que vai ser utilizado, quantas horas vão ser dedicadas ao uso do óculos. Esses oito primeiros operadores já conseguiram se ambientar a partir do protótipo, que está avançando desde o início. A nova turma deve pegar a estrutura mais robusta”, aponta Geovana.
A previsão é de que 12 profissionais sejam treinados em breve com o sistema de realidade virtual. A intenção é dividir a capacitação em três etapas: teoria, realidade virtual e, enfim, prática.
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