CNJ aponta envolvimento da empresa Fource em esquema de venda de decisões

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontou envolvimento do grupo econômico Fource no esquema de venda de decisões judiciais de gabinete do Superior Tribunal de Justiça (STJ), revelado a partir de conversas do celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, em Cuiabá (MT).

A coluna Grande Angular teve acesso à documentação do CNJ. Em um dos diálogos, Zampieri pediu ao empresário Andreson Gonçalves “o documento do Haroldo”. Segundo as investigações, trata-se de Haroldo Augusto Filho, sócio da empresa Fource Mineração LTDA., juntamento com Valdoir Slapak. Os dois também são do grupo econômico Fource.

Na ocasião, Andreson enviou duas minutas de decisões relacionadas a processos de relatoria da ministra do STJ Nancy Andrighi. O diálogo ocorreu em 10 de agosto de 2023, mas as decisões só foram efetivamente proferidas em 25 de agosto e 4 de setembro.

No dia 31 de julho de 2024, o então corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, encaminhou todo o material para o Ministério Público Federal (MPF) conduzir as investigações em primeira instância, já que envolve pessoas sem foro.

Os diálogos explosivos do celular de Zamperi foram recuperados após o corregedor nacional de Justiça determinar à 12ª Vara Criminal de Cuiabá a cópia integral do material apreendido e que tinha sido confiscado pelo juiz Wladymir Perri, que responde a uma reclamação disciplinar.

Celular confiscado

O magistrado confiscou o aparelho celular do advogado assassinado, negou acesso às partes e deslacrou envelopes físicos, sem acompanhamento do Ministério Público ou defesa.

Os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT), foram afastados do cargo pelo CNJ, em agosto deste ano. Em uma das conversas citadas pelo CNJ no material encaminhado ao MPF, Zampieri diz a Sebastião que conversou com o “rapaz de Brasília” e que não havia nenhum procedimento contra o desembargador no STJ nem no CNJ.

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