Argentina diz ter identificado chefe do Hezbollah que recrutava brasileiros

Hussein Ahmad Karaki seria responsável por recrutar brasileiros a serviço do grupo libanês e, segundo autoridades do país, esteve envolvido em uma série de tentativas de ataques na região nos últimos anos. A Argentina anunciou que emitiu um alerta de prisão internacional para Hussein Ahmad Karaki, que seria o chefe operacional do grupo extremista Hezbollah, nesta sexta-feira (25). Segundo o Ministério da Segurança, Kakari recrutava militantes em países continente, incluindo no Brasil.
Kakari também teria participado de dois atentados contra alvos judaicos na Argentina, há mais de 30 anos. A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, disse que a investigação foi coordenada com o Brasil e Paraguai.
“Essa pessoa vem trabalhando desde os anos 1990 na organização do Hezbollah em nosso continente”, disse a ministra. Segundo ela, as investigações apontam que o extremista está no Líbano, atualmente.
Patricia afirmou que Karaki foi responsável por conseguir um carro-bomba utilizado no atentado contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires em 1992
Horas antes da explosão na embaixada israelense, o Kakari teria deixado a Argentina de avião com destino ao Brasil. Patricia afirmou que ele usou um passaporte colombiano falso para fugir.
“Ele também foi o chefe operacional em linha direta com (Hassan) Nasrallah, que foi morto há algumas semanas no Líbano”, disse a ministra.
Karaki teria atuado na Argentina sob o nome de Alberto León Nain, de acordo com as investigações.
Patrícia informou que o governo da Argentina solicitou à Justiça que a Interpol emita um alerta vermelho em todo o mundo para localizar e prender o extremista.
Segundo a ministra, Brasil e Paraguai “vão apoiar o alerta vermelho que a Argentina está solicitando”.
Karaki, também conhecido como “Abu Ali”, “Rami” ou “Saad Az Aldin”, teria entrado na Argentina em janeiro de 1992. O ataque à embaixada israelense ocorreu em 17 de março daquele ano.
Bullrich também afirmou que o libanês saiu do radar dos agentes de inteligência desde 1994 e que, a partir do ano 2000, teria tentado organizar ataques. Nesse sentido, ela o apontou como suposto participante da organização, nos últimos anos, de várias tentativas de atentados em países da região, como Brasil e Bolívia.
Segundo a ministra, “essa liderança de Karaki, que conseguiu se manter na clandestinidade por três décadas, hoje recebe um golpe muito forte porque estamos tornando isso público, porque estamos dizendo que ele está no Líbano”.
A ministra mostrou imagens que corresponderiam ao libanês, que, segundo ela, na década de 2000 recebeu do governo de Hugo Chávez (1999-2013) documentos de identidade como venezuelano. “Estamos falando do documento que lhe foi concedido pelo regime chavista em 2004 e da cidadania em 2008.”
Há dois anos, a imprensa argentina repercutiu um relatório secreto do Mossad (agência de inteligência israelense) que mostrava supostas imagens de Karaki como uma célula operacional do Hezbollah na região.
Os ataques à embaixada israelense e à AMIA causaram mais de uma centena de mortes. Em várias declarações ao longo dos anos, a Justiça argentina considerou o Irã como o ideólogo dos dois ataques e o Hezbollah como seu braço executor. Esse país nega as acusações.
A Câmara de Cassação Penal, o mais alto tribunal penal da Argentina, ratificou que o Irã e o grupo libanês estiveram envolvidos nesses atos terroristas em uma decisão emitida em abril.
O tribunal indicou que a motivação de ambos “se originou principalmente na decisão unilateral do governo argentino de rescindir três contratos de fornecimento de material e tecnologia nuclear acordados com a República Islâmica do Irã”, devido a uma mudança na política externa do país sul-americano entre o final de 1991 e meados de 1992.
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