GO: candidato a prefeito é denunciado à PF por falsidade ideológica

Goiânia – O candidato à Prefeitura da capital goiana Fred Rodrigues (PL) foi denunciado à Polícia Federal por falsidade ideológica. A denúncia protocolada pela coligação “União por Goiânia” aponta que ele mentiu à Justiça Eleitoral.

A denúncia, feita pela coligação do candidato adversário Sandro Mabel (UB), argumenta a informação que constava no plano de governo de Fred, bem como no portal da Justiça Eleitoral, de que ele era bacharel em direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Porém, a instituição confirmou que Fred não concluiu o curso na universidade; portanto, não tem diploma de curso superior.

Baseada no artigo 350 do Código Eleitoral, a coligação de Mabel alega que é crime inserir dados falsos no sistema eleitoral para a disputa de campanha política.

A notícia-crime por falsidade ideológica foi encaminhada ao delegado corregedor, que deve analisar se a denúncia será investigada pela PF ou pela Polícia Civil de Goiás, caso seja de competência da polícia judiciária estadual. A PF não deu prazo para dar um parecer sobre a denúncia.

Fred Rodrigues concorre no segundo turno com o candidato a prefeito Sandro Mabel (União Brasil). Fred é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mabel tem apoio do governador de Goiás e pré-candidato à presidência, Ronaldo Caiado (União Brasil).

Sem diploma

A partir de uma ação tutelar, o Ministério Público Eleitoral solicitou à PUC-GO que apresentasse informações sobre o fato, e a universidade respondeu que Fred nunca finalizou o curso de direito e que a matrícula dele foi desativada em 2013, ou seja, há mais de 10 anos.

Segundo a PUC-GO, Fred Rodrigues ingressou no curso de direito no segundo semestre de 2004, por meio de transferência de outra instituição, mas não concluiu o currículo obrigatório, faltando o cumprimento de 200 horas de atividades complementares. Além disso, a universidade esclareceu que o cadastro do candidato foi desativado desde 2013, conforme previsto no regimento da instituição.

No documento, a PUC-GO informou que nunca expediu diploma de direito em nome de Fred Rodrigues, que o estudante não colou grau, nem solicitou transferência para outra instituição de ensino superior. A universidade também não tem registro de diploma emitido por outra instituição.

Quando a notícia veio à tona, por meio das redes sociais, Fred fez uma publicação argumentando que os adversários estavam desesperados, e disse que tinha concluído o curso de direito. No vídeo, ele mostra uma das duas páginas da avaliação curricular da PUC-GO com as disciplinas em que foi aprovado.

“Formei-me em todas as matérias da grade curricular. Ou seja, todas as matérias eu cursei e fui aprovado, inclusive na monografia. Eu não tenho diploma porque, quando eu estava me formando, eu comecei a trabalhar com outra área; por causa disso, eu não dei entrada no processo de colação de grau”, detalhou.

Metrópoles não conseguiu contato com a equipe do candidato para se manifestar sobre o fato de ele ter ocupado um cargo público que exigia curso superior sem ter graduação. O espaço segue aberto.

Controvérsia

O questionamento à formação de Fred Rodrigues ganhou força após uma entrevista concedida pelo candidato, na qual ele declarou ter completado a formação em direito na PUC-GO. A informação foi repetida por ele em diversas situações, como entrevistas e debates.

De acordo com a universidade, Rodrigues ingressou no curso por meio de transferência no segundo semestre de 2004. Porém, não conseguiu integralizar a matriz curricular, faltando 200 horas de atividades complementares obrigatórias. A PUC-GO destacou ainda que Rodrigues não colou grau, o que inviabiliza a emissão do diploma de graduação.

Além de negar a emissão do diploma, a PUC-GO informou que não houve pedido de transferência de Rodrigues para outra instituição de ensino superior e que não há registros de solicitação de diploma ou certificado de conclusão por parte do candidato. O histórico escolar de Rodrigues foi anexado ao processo para corroborar as afirmações da universidade, o que fortalece os indícios de que a declaração de escolaridade apresentada pelo candidato é falsa.

Cargo na Alego

Fred, que teve cassado o mandato de deputado estadual, assumiu um cargo na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) que tinha como pré-requisito a formação de nível superior.

Fred assumiu o cargo de diretor de Promoção de Mídias Sociais da Alego no fim do ano passado, logo depois de ser cassado pelo TSE por problemas na prestação de contas da campanha. À época, ele era deputado estadual de Goiás pelo Democracia Cristã.

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