Deputados russos ratificam tratado de defesa mútua com a Coreia do Norte

Uma imagem sem data divulgada em 18 de outubro de 2024 pela Maxar Technologies que poderia corresponder ao navio russo Angara, carregado com armas norte-coreanas, saindo do porto de Rajin, na cidade norte-coreana de RasonHANDOUT

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Os deputados russos ratificaram, nesta quinta-feira (24), por unanimidade um tratado de defesa mútua com a Coreia do Norte, em meio a acusações ocidentais de que Pyongyang envia milhares de soldados à Rússia.

O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, alertou nesta quinta que o seu país não ficaria “de braços cruzados” diante de um envio de tropas norte-coreanas para a Rússia, vendo nesta medida um risco de escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia, após 32 meses de combates de alta intensidade.

O presidente sul-coreano indicou que o seu país estudará “com mais flexibilidade” do que antes a possibilidade de fornecer armas à Ucrânia, “dependendo das ações das forças norte-coreanas”.

Em Moscou, 397 deputados da Duma, a Câmara Baixa do Parlamento russo, votaram a favor do “tratado de parceria estratégica abrangente”, que deve ser examinado em 6 de novembro pela Câmara Alta, o Conselho da Federação, antes de ser assinado pelo presidente Vladimir Putin.

O tratado entre Rússia e Coreia do Norte foi assinado em 19 de junho, durante uma visita inusitada do presidente Putin a Pyongyang, um sinal da aproximação acelerada entre os dois países.

O artigo 4 do tratado prevê assistência militar imediata em caso de agressão armada por parte de terceiros países.

O Exército ucraniano controla centenas de quilômetros quadrados de território russo desde o início de sua ofensiva surpresa na região de Kursk. Ao mesmo tempo, as tropas russas prosseguem com o avanço no leste da Ucrânia.

Segundo o tratado, “se uma das partes sofrer um ataque armado da parte de um Estado ou grupo de Estados e se encontrar em um estado de guerra, a outra parte prestará imediatamente assistência militar ou de outro tipo, de acordo com os meios à sua disposição, conforme o artigo 51 da Carta da ONU e as legislações russa e norte-coreana”.

A Coreia do Norte nega ter enviado soldados à Rússia para a ofensiva na Ucrânia. Um representante de Pyongyang chamou a afirmação de “rumor sem fundamento”.

A Rússia também não confirmou a presença de soldados norte-coreanos em seu território.

– Cooperação entre os dois países –

Na segunda-feira, o Kremlin anunciou a intenção de continuar “desenvolvendo esta cooperação” com a Coreia do Norte, que “não deve preocupar ninguém” porque “não é dirigida contra países terceiros”.

Porém, segundo o governo dos Estados Unidos, “entre o início e meados de outubro, a Coreia do Norte enviou pelo menos 3.000 soldados” ao leste da Rússia, o que confirma informações divulgadas pela Coreia do Sul.

A inteligência sul-coreana afirmou na semana passada que a Coreia do Norte enviou até 12.000 soldados para apoiar a Rússia.

De acordo com um porta-voz da Casa Branca, os soldados que Washington afirma estarem na Rússia “viajaram de navio da região de Wonsan, na Coreia do Norte, para Vladivostok, na Rússia, e chegaram a vários locais de treinamento militar russo no leste da Rússia, onde estão atualmente recebendo formação”.

Os Estados Unidos não sabem se estes soldados lutarão ao lado do Exército russo na Ucrânia, disse ele, mas comentou que seria uma possibilidade “muito preocupante”. Se isto acontecer, estes soldados seriam “alvos militares legítimos”, alertou.

O tratado, que apela à criação de “um sistema internacional multipolar” – uma fórmula frequentemente usada por Moscou para contrariar o que chama de “hegemonia” dos Estados Unidos – também prevê “esforços para minimizar o impacto” de possíveis sanções econômicas que possam ser impostas por países terceiros.

Rússia e Coreia do Norte aproximaram-se consideravelmente desde que Moscou lançou o seu ataque à Ucrânia em fevereiro de 2022.

As potências ocidentais também acusam Pyongyang de fornecer grandes quantidades de munições e mísseis ao Exército russo.

O tratado prevê também o reforço das “transações comerciais” e a duplicação das medidas “para minimizar o impacto” das sanções econômicas.

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