Conflito longe do fim

Ataque israelense no Sul de Beirute, LíbanoAFP

Há um velho ditado que diz ser a verdade a primeira vítima das guerras. De fato, num conflito dual ou mesmo multifacetado, com vários integrantes do atrito, ninguém quer ceder e ao, revés, canta em prosa e verso os seus feitos contra o inimigo, mesmo sendo eles inexistentes.

Na guerra Israel-Palestina, que já não se limita a esses atores apenas, envolvendo Hamas, Hezbollah, Irã e Líbano, cada lado trata de supervalorizar seus feitos. A assimetria é palmar. Israel conta efetivamente com Forças Armadas no sentido clássico do termo, com exceção do Irã que também possui poderio militar ao menos próximo de Israel. Apenas para se ter uma ideia, os judeus contam com cerca de 600 caças, enquanto os iranianos possuem cerca de 550 caças. O Irã, contudo e por enquanto, não está em guerra aberta com Israel.

Hezbollah e Hamas são grupos armados, não se podendo nomeá-los de exércitos ou algo que o valha, muito embora o Hezbollah conte, segundo estimativas, com 40.000 homens e um arsenal bastante razoável, especialmente drones, bem como mísseis de curto e médio alcance.

Recentemente, um drone com explosivos foi lançado pelo Hezbollah e atingiu a casa de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense. O líder judeu e sua família não estavam no local no momento do ataque, tampouco houve feridos ou mortos com a ação.

Além dessa ação, o mesmo Hezbollah enviou cerca de 180 mísseis no território israelense, deixando um morto e dez feridos. Dentro da ideia da propaganda de guerra, tão importante quanto ações militares bem-sucedidas, Netanyahu apressou-se em qualificar como “um erro grave” o ataque feito à sua casa.

Hezbollah, por sua vez, por meio de Mohamad Afif, secretário de relações com a imprensa do grupo, afirmou que “se não conseguimos alcançá-los desta vez, temos muitos dias pela frente”, frase que igualmente se insere na já mencionada propaganda de guerra.

Com ou sem propaganda, nesta troca de versões, ataques, mísseis, drones, bombardeios, quem realmente sofre é a população envolvida, aliás frequentemente envolvida de modo involuntário, como ocorre com o Líbano. Os reféns israelenses de Gaza – se é que ainda estão vivos –, a população palestina de Gaza e também da Cisjordânia, os moradores de Tel’Aviv e Beirute, todos esses são as principais vítimas desse conflito.

Como diz antigo ditado, em briga de elefante quem sofre é a grama.

Para ler mais textos meus e de outros pesquisadores, acesse www.institutoconviccao.com.br.

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