
O JPMorgan revisou sua recomendação para o mercado acionário brasileiro, elevando o país para a categoria “overweight” (acima da média do índice de referência). A decisão, divulgada na última segunda-feira (10), reflete um cenário mais favorável para o Brasil, impulsionado pelo fim do ciclo de cortes de juros e um ambiente econômico mais previsível.
Segundo os estrategistas do banco, o Brasil pode estar mais próximo do fim do ciclo de cortes da Selic do que o esperado pelo mercado, o que melhora a percepção sobre os ativos locais. O país também segue com um crescimento econômico resiliente, enquanto a política monetária mais restritiva tem ajudado no controle da inflação.
Outro fator que pesa na decisão do JPMorgan é o cenário político, com as eleições presidenciais de 2026 entrando no radar dos investidores. O banco avalia que o pleito pode representar uma oportunidade para mudanças na política econômica e na condução das contas públicas, aumentando o interesse por ativos brasileiros.
A reavaliação do JPMorgan ocorre após meses de desempenho abaixo do esperado para a bolsa brasileira. Desde novembro, quando o banco havia reduzido sua recomendação para o Brasil, o índice MSCI Brazil acumulou queda de 7,6%, enquanto outros mercados emergentes tiveram desempenhos mais positivos. Agora, com o país voltando ao radar dos investidores globais, o mercado aguarda os próximos movimentos de fluxo de capital para a bolsa.
O Brasil aos olhos da Austin Rating
Em contrapartida, o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, avalia que, do ponto de vista da classificação de risco soberano, “o Brasil não apresenta, no momento, quaisquer perspectivas de alteração de seu rating, que está em BB+ (non investment grade), apesar da indicação de outlook positivo“. Agostini destaca que apesar do endividamento público estar em trajetória de alta (relação dívida bruta/PIB), esse movimento ocorre de forma moderada, enquanto o crescimento econômico permaneceu vigoroso em 2024, porém, já dá sinais de perda de fôlego.
“Por outro lado, os juros estão subindo e pode continuar gerando um ônus para o Tesouro Nacional, em relação ao custo da dívida pública e ao aumento dela, dado que boa parte do estoque da dívida é indexado à taxa Selic.” destaca o economista. “Diante desse equilíbrio entre fatores positivos e negativos, a Austin Rating ainda não vê motivos concretos para alterar a nota do Brasil.” completou.
Além dos fatores internos, a Austin Rating destaca que o cenário externo também precisa ser monitorado de perto, especialmente as ações do governo dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump. A ameaça de um tarifaço sobre importações pode gerar impactos relevantes para o comércio global, afetando a economia brasileira.
No entanto, o economista aponta que, “por enquanto, ele só tem ameaçado, ainda não tem feito algo de forma que a gente possa ainda se preocupar” concluiu o Agostini. Nos próximos meses, a agência pretende acompanhar o desempenho da economia brasileira, a execução do orçamento federal e possíveis desdobramentos no comércio global antes de revisar sua avaliação sobre o risco soberano do país.
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