Fred Rodrigues é denunciado à PF por suspeita de falsidade ideológica após PUC-GO confirmar que ele não se formou em direito


Universidade diz que Fred nunca finalizou o curso de direito e que a matrícula dele foi desativada há mais de dez anos. Candidato disse que o Tribunal Regional Eleitoral acatou o pedido dele para alterar o registro de escolaridade no Tribunal Superior Eleitoral. Fred Rodrigues (PL), candidato à Prefeitura de Goiânia
Wesley Costa/O Popular
A Superintendência da Polícia Federal em Goiás recebeu nesta quarta-feira (23) uma notícia-crime contra o candidato à Prefeitura de Goiânia Fred Rodrigues (PL) por falsidade ideológica. A denúncia diz que Fred mentiu à Justiça Eleitoral ao afirmar ser bacharel em direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-GO) de Goiás. A informação constava, inclusive, no portal da Justiça Eleitoral.
A denúncia foi protocolada pela coligação “União por Goiânia”, do candidato adversário Sandro Mabel (União Brasil) com base no artigo 350 do Código Eleitoral, que diz que é crime inserir dados falsos no sistema eleitoral para disputa de campanha política.
A partir disso, o Ministério Público Eleitoral solicitou à PUC-GO que apresentasse informações sobre o fato e a universidade respondeu que Fred nunca finalizou o curso de direito e que a matrícula dele foi desativada em 2013, ou seja, há mais de dez anos.
No documento ao qual a TV Anhanguera teve acesso, a PUC-GO detalha que Fred entrou no curso de direito em 2004, transferido de outra faculdade. Ele não concluiu a grade do curso porque faltaram 200 horas complementares, que são obrigatórias.
Por fim, a universidade declarou que nunca expediu diploma de curso superior em direito para Fred Rodrigues e que o candidato não colou grau em direito lá e nem pediu transferência para outra instituição de ensino superior.
Quando a notícia veio à tona, Fred fez uma publicação nas redes sociais dizendo que seus adversários estavam desesperados e afirmou que tinha concluído o curso de direito. No vídeo, ele mostra uma das duas páginas da avaliação curricular da PUC-GO com as disciplinas em que foi aprovado.
Durante debate do jornal O Popular, realizado nesta quarta (23), o assunto dominou o confronto entre os dois candidatos. Fred se defendeu dizendo que sua equipe havia errado no momento de registrar essa informação e que pediria a correção na Justiça Eleitoral.
Por volta das 18h30 desta quarta, a assessoria do candidato informou que o Tribunal Regional Eleitoral acatou o pedido dele para alterar o registro de escolaridade no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A notícia-crime por falsidade ideológica foi encaminhada ao delegado corregedor, que vai analisar se a denúncia será investigada pela PF ou pela Polícia Civil de Goiás, caso seja de competência da polícia judiciária estadual. A PF não deu um prazo para dar um parecer sobre a denúncia.
Contradições
Como já mencionado, durante debate do jornal O Popular realizado nesta quarta (23), Fred se defendeu dizendo que houve uma falha no momento de prestar essa informação à Justiça Eleitoral. O candidato também afirmou que sempre deixou claro que não tinha colado grau.
“Só confirmou que eu sempre disse, eu não colei grau. Se eu não colei grau, eu não tenho diploma, eu só me formei nas matérias e sempre me posicionei assim, inclusive, o erro que foi registrado sobre o nosso registro de candidatura, preenchido pela nossa equipe, ali na correria, já foi pedido para ser retificado, ele vai ser retificado”, declarou.
Mas durante uma entrevista à própria emissora de televisão da PUC-GO, Fred diz que é formado em direito.
“Agradeço o espaço à PUC-GO, minha universidade, onde me formei em direito. Muito feliz em estar de volta”, afirma.
Cargo na Alego
A informação de que Fred Rodrigues não tem diploma em direito e a denúncia de falsidade ideológica chegaram também à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), nesta quarta. Isso porque, quando Fred Rodrigues teve o mandato de deputado estadual cassado, assumiu o cargo de diretor de promoção de mídias sociais na Alego, informando que era formado em direito.
Fred conseguiu o cargo através de uma nomeação do presidente da Alego, o deputado Bruno Peixoto (União Brasil). Mas pelas regras, esse cargo exige nível superior completo e, na ficha cadastral que preencheu, Fred declarou que tinha se formado em direito na PUC em 2010 (veja imagem abaixo).
Em entrevista à repórter Fabiana Puccinelli, do Jornal Popular, Bruno Peixoto disse que encaminhou o caso à Procuradoria-Geral da Assembleia para apurar as providências legais.
Ficha cadastral de vaga na Alego preenchida por Fred Rodrigues
Documento obtido por Fabiana Pulcineli/O Popular
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