Falsos “cafetões do PCC” extorquiam usuários de site de prostituição

São Paulo — Uma investigação da Polícia Civil de Sorocaba mostra como supostos membros de uma quadrilha inovaram na estratégia para extorquir suas vítimas, se passando por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para extorquir consumidores de um site de prostituição online. A atuação do grupo está documentada em áudios e mensagens de WhatsApp.

Em maio, sete supostos integrantes da quadrilha foram denunciados pelo Ministério Público de São Paulo e se tornaram réus pelos crimes de extorsão e associação criminosa. Um deles está preso preventivamente enquanto aguarda julgamento. A primeira audiência de instrução está prevista para o início do mês que vem.

A partir dos dados de usuários que se cadastraram no site para contratar garotas de programa, os suspeitos escolhiam suas vítimas e entravam em contato com elas se passando por “cafetões do PCC”.

As ameaças mencionavam supostas dívidas ligadas a programas que sequer foram contratados. Em um caso, o valor exigido foi de R$ 32 mi.

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Mensagem enviada por suspeitos para cobrar vítima
Mensagem enviada por suspeitos para cobrar vítima
Hélen Gaúcha, suposta garota de programa usada para atrair vítimas
Descrição de suposta garota de programa usada por suspeitos para atrair vítimas
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Mensagem enviada por suspeitos para cobrar vítima

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Hélen Gaúcha, suposta garota de programa usada para atrair vítimas

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Descrição de suposta garota de programa usada por suspeitos para atrair vítimas

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“Salve salve ermao (sic), quem está a conduzir as ideias agora é o ermão Ronaldo, vulgo Picadinho”, “Tu vai ser homem para resolver comigo?”, “Vou te dar mais uma oportunidade”, “Teu nome tá no grupo de cobrança”, dizem mensagens enviadas por suspeitos.

Os integrantes da quadrilha usavam fotos de perfil no WhatsApp com a imagem do PCC. Além das ameaças, os suspeitos enviavam dados pessoais das vítimas, como endereço e nomes de familiares.

Mesmo após o pagamento dos valores cobrados, os suspeitos continuavam a exigir novos valores, novamente citando o PCC e prejuízos para a facção.

“Irmão, o maior torre [cargo de liderança regional do PCC] te chamou e tu fez um acordo aí com ele do restante do valor que estava devendo. Até aí tudo certo. Mas meus moleques eu botei na rua, gastei gasolina, arrisquei 60 mil reais de arma, pois eles já estavam indo te cobrar na tua residência. Ou seja, perdi meus 4 moleques. Foram presos ontem”, diz uma das mensagens.

“Nós da facção fizemos uma reunião e foi decidido que você irá arcar com pelo menos 5 mil reais do prejuízo causado por causa de você. Se não tivessem ido te cobrar nada disso teria acontecido. 5 mil reais vai ser só para o advogado dos moleques mesmo”, diz a mensagem.

Pelo menos 30 vítimas foram identificadas pela polícia.

Denúncia contra “cafetões do PCC”

Denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo afirma que Rodrigo Elias Oliveira de Paula seria a pessoa responsável pelos cadastros de garotas de programa e pela obtenção dos dados das vítimas e quem entrava em contato com elas para realizar as extorsões. Ele foi preso preventivamente.

Seis pessoas atuariam na quadrilha como correntistas, oferecendo suas contas bancárias para receberem os depósitos bancários das vítimas.

“É indubitável que os denunciados participavam de forma habitual na execução de crimes de extorsão, sendo membros de associação criminosa organizada, razão pela qual não fazem jus ao acordo de não persecução penal”, diz a denúncia.

Ao fundamentar o pedido de prisão preventiva de Rodrigo, o MPSP afirma que ele está sendo investigado por diversas práticas delitivas semelhantes.

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