No Brics, Lula cobra países ricos por responsabilidade na crise climática

Acidente doméstico com presidente Lula causa sangramento cerebralRedação GPS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reiterou a responsabilidade dos países ricos na crise climática durante sua participação por videoconferência na cúpula dos Brics, que acontece na Rússia. Um acidente doméstico no sábado o impediu de viajar ao país, conforme recomendações médicas.

“O Brics é ator incontornável no enfrentamento da mudança do clima, não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje. É preciso ir além dos 100 bilhões anuais prometidos e não cumpridos e fornecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos”, disse.

Na véspera, Lula conversou com o presidente russo Vladimir Putin, que expressou preocupação com a saúde do presidente e lamentou sua ausência na cúpula. Lula, por sua vez, também lamentou o ocorrido e confirmou sua participação na reunião por videoconferência.

Em seu discurso, Lula destacou importantes aspectos de sua política internacional, ampliada principalmente pela presidência brasileira do G20, incluindo a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e a proposta de taxação dos super-ricos. Ele mencionou a realização da COP 30 no Brasil e sua presidência nos Brics.

“Na presidência brasileira dos Brics, queremos reafirmar a vocação do bloco na luta por um mundo multipolar e por relações menos assimétricas entre os países. Não podemos aceitar a imposição de apartheids no acesso à vacina e medicamentos como ocorreu na pandemia, nem no desenvolvimento de inteligência artificial que caminha para se tornar privilégio de poucos”, acrescentou.

Lula também criticou a estrutura financeira global, afirmando que hoje ocorre um “Plano Marshall” ao contrário, onde países em desenvolvimento financiam países desenvolvidos. Ele citou a presidência de Dilma Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), destacando as linhas de crédito.

“O fluxo financeiro continua seguindo para as nações ricas. É um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes em desenvolvimento financiam o mundo desenvolvido. […] O novo Banco de Desenvolvimento que neste ano completa 10 anos tem investido na infraestrutura necessária para fortalecer nossas economias e promover uma transição justa e soberana. Sobre a liderança da companheira Dilma Rousseff, o NDB conta com uma carteira com quase 100 projetos com financiamento na ordem de US$ 33 bilhões”, disse.

Lula também defendeu o avanço na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre os países membros dos Brics.

“Agora é chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre nossos países. Não se trata de substituir nossas moedas. Mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional. Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode ser mais adiada.”

O Brics, que antes era formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, agora conta com dez países, incluindo Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia, por iniciativa da China. Há ainda pelo menos 30 outras nações interessadas em integrar o grupo, como Venezuela e Nicarágua.

Presença virtual

Lula sofreu uma queda no banheiro no sábado (20), batendo a cabeça e necessitando de pontos. O médico Roberto Kalil informou que exames revelaram um “mínimo ponto de hematomas” no cérebro do presidente, mas com baixa probabilidade de evolução.

Após ser atendido no Hospital Sírio Libanês em Brasília, Lula foi liberado para trabalhar normalmente, mas sem atividades físicas nesta semana. Na segunda-feira, ele continuou a recuperação no Palácio da Alvorada, recebendo ministros para reuniões.

Lula caracterizou o acidente como “grave”, mas ressaltou que não afetou a parte “mais delicada” da cabeça.

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