
O mercado financeiro encerrou esta quarta-feira com leve alta, em um dia marcado pela divulgação do IPCA de fevereiro, movimentações no cenário externo e a repercussão do relatório da Grizzly Research contra a XP Inc. O Ibovespa subiu 0,06%, aos 123.586,87 pontos, refletindo um dia de ajustes e cautela entre os investidores.
Dólar e destaques do mercado
O dólar comercial fechou o dia em alta de 0,30%, cotado a R$ 5,8275, acompanhando o cenário internacional. Entre os destaques do mercado, as ações da Cogna (COGN3) avançaram 5,45%, impulsionadas por boas projeções para o setor educacional. Por outro lado, os papéis da Azzas (AZZA3) despencaram 9,57%, refletindo a preocupação dos investidores com a queda de 35,8% no lucro líquido recorrente da empresa no quarto trimestre de 2024.
Segundo Bruno Cotrim, economista da Top Gain, essa volatilidade reflete a incerteza do mercado sobre a capacidade de recuperação de empresas varejistas, especialmente em um cenário de juros ainda elevados.
“O setor de varejo já opera com margens reduzidas e, com juros altos, a confiança do consumidor diminui. Se o público de classe média e alta reduz o consumo de bens não essenciais, como moda, isso impacta diretamente os resultados dessas empresas”, explica Cotrim.
IPCA e perspectivas para a economia brasileira
O IPCA de fevereiro registrou alta de 1,31%, a maior para o mês desde 2003. No acumulado de 12 meses, a inflação chegou a 5,06%, pressionada pelos setores de educação, habitação e alimentação. O maior impacto veio da energia elétrica residencial, que subiu 16,80%, revertendo a redução temporária do Bônus de Itaipu aplicada em janeiro.
Cotrim destaca que o mercado já esperava um IPCA elevado, mas ainda há um impasse sobre como o Banco Central vai reagir a esses dados.
“A inflação segue alta, mas o Banco Central também precisa lidar com a pressão política por uma redução dos juros. Se o IPCA continuar pressionado, dificilmente veremos cortes agressivos na Selic neste primeiro semestre”, avalia.
Cenário internacional e impactos na bolsa
O mercado também foi influenciado pelos dados da inflação ao consumidor nos EUA (CPI), que vieram abaixo do esperado, aumentando as expectativas de um futuro corte de juros pelo Federal Reserve. Além disso, a imposição de tarifas de 25% sobre aço e alumínio pelo governo Donald Trump elevou o tom das tensões comerciais globais.
“Essas barreiras comerciais criam incertezas sobre o crescimento global. A escalada protecionista pode gerar impactos na indústria e no comércio internacional, o que reflete nos mercados emergentes, como o Brasil”, analisa Cotrim.
Resumo do dia
O fechamento do mercado nesta quarta-feira foi marcado por cautela e volatilidade, com investidores equilibrando os impactos da inflação no Brasil e as movimentações externas. A expectativa agora se volta para os próximos dados econômicos e decisões do Banco Central, que devem guiar o rumo da bolsa e do dólar nos próximos pregões.
O mercado segue atento aos desdobramentos do cenário internacional e à resposta do Banco Central diante da pressão inflacionária. Nos próximos dias, a volatilidade pode continuar alta, especialmente com a Super Quarta (19/03), quando serão anunciadas as novas decisões de política monetária no Brasil e nos EUA.
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