Advogado de vítimas de Mariana em Londres critica bônus de executivos

O advogado Tom Goodhead, CEO do escritório Pogust Goodhead, que representa as vítimas do desastre de Mariana, criticou os bilhões de reais em bônus que os executivos da Vale e da BHP receberam desde o rompimento da barragem. A Alta Corte de Justiça de Londres começou a julgar na segunda-feira (21/10) a responsabilidade da BHP no maior desastre ambiental do Brasil.

No domingo (20/10), uma investigação da coluna em colaboração com o portal britânico Finance Uncovered revelou que os executivos da Vale e da BHP receberam, nos últimos nove anos, cerca de US$ 516 milhões — R$ 2,9 bilhões — das mineradoras. Em entrevista à coluna, Goodhead disse que é “ultrajante” a disparidade entre os valores pagos aos empresários e o que a Vale e a BHP oferecem às mais de 600 mil vítimas do desastre.

“É importante manter em mente esse montante de R$ 2,9 bilhões toda vez que a BHP tentar convencer a opinião pública de que é aceitável oferecer R$ 30 mil para os atingidos de Mariana após nove anos de espera”, disse o advogado.

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Tom Goodhead, CEO do Pogust Goodhead, escritório responsável por representar as mais de 600 mil vítimas da tragédia de Mariana na Justiça inglesa

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O CEO do Pogust Goodhead também criticou o acordo que vem sendo feito a portas fechadas pela Vale, BHP e o governo federal. Goodhead disse que a BHP entrou em um “corrida contra o tempo” para anunciar o acordo devido ao início do julgamento em Londres.

“Por que as empresas protelaram para fechar um acordo por nove anos e agora tornou-se uma corrida contra o tempo? O julgamento na Inglaterra pressiona a BHP a tomar atitudes que deveriam ter sido tomadas há quase uma década”, pontuou o advogado, que considera que a ação na justiça inglesa é uma chance para as vítimas serem ouvidas.

“As negociações no Brasil têm sido conduzidas de forma confidencial e sem participação dos atingidos, portanto meus clientes – indivíduos, quilombolas, indígenas, municípios, igrejas e autarquias – não fizeram parte desse acordo”, disse.

O governo federal anunciou na última semana que só depende de Lula para finalizar o acordo com a Vale e a BHP. O julgamento da ação na Justiça inglesa tem previsão de conclusão até março de 2025.

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