Mãe de piloto morto em acidente aéreo, que havia mudado a vida pelo sonho do filho, busca recomeço longe dos aviões


Tais Elena de Souza Gomes mudou para Itanhaém (SP) para acompanhar a carreira do filho. Com a morte dele em um acidente aéreo, mulher quer voltar para o interior paulista. Matheus Henrique era muito amoroso com a família
Arquivo pessoal
Tais Elena de Souza Gomes, advogada e mãe do piloto Matheus Henrique Gomes de Toledo, de 25 anos, que morreu em um acidente aéreo, pretende deixar a Baixada Santista após a tragédia. O acidente ocorreu quando o avião de pequeno porte, modelo Cessna 150J, caiu em uma aldeia indígena em Peruíbe, no litoral de São Paulo. Ela agora planeja recomeçar a vida no interior paulista.
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O acidente aconteceu por volta das 17h50 de domingo (9), na Terra Indígena Piaçaguera, área próxima ao município de Itanhaém, de onde a aeronave partiu. O voo era de instrução, e o aluno que estava acompanhando Matheus sobreviveu. A causa do acidente será investigada pelas autoridades.
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Tais contou que antes da tragédia morava em Santa Isabel (SP), mas se mudou para Itanhaém com o marido e a sogra em 2023 para acompanhar o filho, Matheus, que iniciou o curso de piloto no aeroclube da cidade. Na ocasião, ela precisou transferir sua carreira de advogada para o litoral paulista.
A advogada afirmou não ter se arrependido da mudança, mas admitiu que não consegue imaginar continuar vivendo em Itanhaém sem o filho.
“Pretendo novamente mudar minha vida porque em Itanhaém vai ficar difícil. Ver os aviões passando para cima e para baixo vai ser muito difícil para mim”, disse.
O próximo passo de Tais será colocar a casa à venda e voltar para Santa Isabel, onde outros familiares residem.
“Se eu mudei a minha vida para abraçar os sonhos do Matheus, eu vou ter que mudar de novo a minha vida por ele porque vai ser impossível manter-se aqui, olhar tudo […]. A dor vai ser cada vez maior, vai ser aberta uma ferida muito grande”, desabafou Tais.
Primeiro voo da vida de Matheus Henrique ocorreu em abril de 2018
Arquivo pessoal
Acidente
A mãe de Matheus acredita que o piloto tenha colaborado para ajudar o aluno dele, que também estava na aeronave e sobreviveu. “Meu filho foi um herói. Ele salvou o aluno dele, que estava viajando e sobreviveu”, disse a mulher.
Segundo Tais, o filho era ótimo em pousos. “Era quase perito, pousava o avião sem tranco”, afirmou. Por isso, a família acredita que o acidente foi resultado de alguma falha mecânica.
“Espero sinceramente que a Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] faça a investigação do que houve de fato. Posso quase apostar que não houve falha humana”, enfatizou.
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Bombeiros registraram destroços do avião que caiu em uma aldeia de Peruíbe (SP)
Corpo de Bombeiros SP
Para ela, o sobrevivente poderá ser uma forte testemunha do talento de Matheus enquanto piloto. “Vai poder contar o que houve lá em cima, o que aconteceu para que chegasse ao ponto de ter um pouso forçado dessa natureza. Não é uma coisa normal, ninguém pousa forçado manualmente porque quer”, finalizou.
Em nota, a assessoria do Hospital Regional Jorge Rossmann informou que o paciente, de 24 anos, possui quadro de saúde estável e está recebendo o atendimento médico necessário.
Matheus Henrique Gomes de Toledo, de 25 anos, era instrutor de voo em Itanhaém (SP)
Arquivo Pessoal
Destroços
Em vídeo feito pelo Corpo de Bombeiros, é possível ver a aeronave destruída após a queda. As imagens mostram parte do painel do avião, bem como pneu, poltronas e diversas partes da carcaça da aeronave espalhadas pela mata (assista abaixo).
Vídeo mostra destroços de avião que caiu em aldeia no litoral de SP
O caso
A aeronave emitiu um alerta às 17h42 e, segundo o Corpo de Bombeiros, caiu por volta das 17h50, na divisa com Itanhaém (SP). O resgate do sobrevivente durou aproximadamente três horas.
O Corpo de Bombeiros informou ter deslocado 15 agentes em cinco viaturas para a ocorrência. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgente (Samu), o Departamento Municipal de Defesa Civil de Peruíbe e a PM também foram acionados.
Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o avião atingiu a aldeia Awa Porangawa Dju, terra Indígena Piaçaguera. Nenhum indígena se feriu, mas as árvores que caíram com o acidente obstruíram a estrada de acesso às moradias.
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Em nota, a Força Aérea Brasileira afirmou que investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), localizado em São Paulo (SP), foram acionados para a ‘Ação Inicial’ da ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PT-AKY.
Durante esta etapa, de acordo com a FAB, são aplicadas “técnicas específicas por profissionais qualificados e credenciados, responsáveis pela coleta e confirmação de dados, preservação dos elementos, verificação inicial dos danos causados à aeronave ou pela aeronave, e pelo levantamento de outras informações necessárias à investigação”.
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