
Desde sua ascensão à presidência dos Estados Unidos em 2016, Donald Trump tem sido alvo de intensa demonização por parte de setores da esquerda e da mídia tradicional. Retratá-lo como um líder autoritário, despreparado e perigoso tornou-se uma narrativa recorrente, refletindo a polarização política que domina o debate público contemporâneo. No entanto, reduzir Trump a um vilão caricato é um erro que ignora o contexto de sua eleição e as razões pelas quais suas ideias ressoaram em uma parcela significativa da população americana e global. Mais do que um simples exagero retórico da esquerda, a demonização de Trump se tornou uma estratégia para evitar o debate de ideias e a construção de alternativas políticas sólidas.
Eleito em 2016 – e reeleito em 2024 – com o slogan Make America Great Again, Trump canalizou o descontentamento de milhões de americanos que se sentiam marginalizados pelas elites políticas e econômicas. Seu discurso anti-establishment e sua promessa de priorizar os interesses americanos encontraram eco entre trabalhadores da indústria, empresários e eleitores rurais, muitos dos quais se sentiram abandonados pela globalização, pelo livre comércio e pelas políticas de identidade que passaram a dominar o espaço público.
A demonização de Trump ignora esse contexto e trata suas vitórias eleitorais como meros acidentes ou erros históricos, em vez de reconhecê-las como respostas legítimas a problemas reais. A polarização política levou muitos a desconsiderar as preocupações dos eleitores que o apoiaram, rotulando-os como ignorantes, racistas ou preconceituosos.
Parte do apelo de Trump decorre de sua postura desafiadora frente ao politicamente correto e à imposição de uma agenda progressista que muitos consideram distante das realidades cotidianas. Ao criticar abertamente a cultura do cancelamento e certas pautas identitárias, sua retórica direta e por vezes provocativa foi interpretada como um contraponto àquilo que seus eleitores enxergam como uma forma de censura e exclusão.
Em vez de enfrentar esse debate de forma séria e apresentar alternativas eficazes, a esquerda optou por demonizar Trump e seus apoiadores, uma estratégia que se revela contraproducente. A narrativa de que Trump representa uma ameaça existencial à democracia e aos valores ocidentais é uma aberração midiática e política. O fato é que o fim iminente da Guerra da Ucrania colocará Trump no panteão dos presidentes mais efetivos da história recente.
Embora as declarações frequentemente controvertidas mereçam críticas, tratá-lo como um ditador em potencial não apenas distorce a realidade, mas também alimenta ainda mais a polarização. A estratégia de medo e desmoralização adotada por seus opositores reforça a percepção de que a esquerda está desconectada das preocupações concretas da população.
A demonização de Trump reflete um problema mais profundo: a incapacidade de promover um debate sério e construtivo sobre ideias. A popularidade de Trump e de suas ideias seguirá oscilando em função de fatores como desempenho econômico, eventos globais e a capacidade de seus adversários de apresentar alternativas viáveis.
O fato de Trump ter mobilizado uma base eleitoral significativa e duradoura demonstra que suas ideias tocaram em questões fundamentais e persistentes na sociedade americana. A democracia depende da capacidade de estabelecer um diálogo honesto e construtivo, mesmo com aqueles com quem discordamos. Independentemente do futuro político de Trump, os temas que ele trouxe à tona continuarão a moldar o debate político nos anos vindouros. Esta é a grande realidade.
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