Ministério Público aciona polícia para apurar crime de racismo em vídeo que viralizou


Funcionário de bar em Belo Horizonte criticou a abolição da Lei Áurea e disse que pessoas pretas têm que “tomar água do vaso” Ministério Público aciona polícia para apurar crime de racismo em vídeo que viralizou
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) acionou a polícia para apurar o crime de racismo cometido por um homem de 36 anos, em um vídeo que viralizou na internet.
O vídeo foi publicado na madrugada de quinta (17) para sexta-feira (18) e publicado nas redes sociais do próprio suspeito, Alessandro Pereira de Oliveira. Ele era funcionário de um bar que fica no bairro Universitário, em Belo Horizonte.
“Eu acionei o promotor e a delegada que trabalham com a temática de crimes de intolerância da capital para providências sobre a questão”, disse Allender Barreto Lima, promotor de Justiça e coordenador de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação (CCRAD) do MPMG.
Críticas à Lei Áurea
No vídeo, que começou a circular nas redes sociais desde sexta-feira (18), o homem critica a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel para extinguir a escravidão no Brasil em 1888, e faz um discurso racista.
“É, rapaz. Trabalhar em bar não é fácil, não. Tem que aturar cada uma. Maldita Princesa Isabel, que assinou aquela Lei Áurea para acabar com a escravidão. Preto tem que entrar no chicote e no tronco mesmo, tem conversa não. Ai ai… Tomar no c* . Vê se preto tem razão pra reclamar de p* de copo. Tem que tomar água do vaso essa desgraça. Falar pra você, viu… Eu tinha que ter vivido na época dos barões, cortar essa raça toda no chicote, amarrar no tronco e chicote estalando no lombo. Amarrar na caixa de ferro e deixar o dia todo no sol esses demônios. Falar pra você, viu… Eu tenho que aturar macaco aqui me enchendo o saco. Tomar no c*. ”
De acordo com o presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB-MG, Gilberto Silva, “não restam dúvidas que [o homem] cometeu o crime [de racismo].”
Homem foi demitido após vídeo
O sócio proprietário do bar, Alex Sandro de Oliveira, disse à TV Globo que só soube do vídeo após ser abordado por clientes e questionado da publicação.
“Eu sou contra o racismo. Fiquei indignado. Tenho parentes negros. Mandei ele embora na hora”, disse Alex Sandro.
Bar onde suspeito de racismo trabalhava fica no bairro Universitário, na capital mineira
Luiz Henrique Cisi/TV Globo
Alessandro Pereira de Oliveira trabalhava há cerca de quatro meses no bar e, segundo o proprietário, era uma pessoa tranquila e que nunca tinha apresentado problemas no trabalho.
Após ser demitido, o homem não voltou ao local.
Quatro passagens pela prisão
Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Alessandro Pereira de Oliveira tem quatro passagens pelo sistema prisional.
Na última passagem, ele teve o benefício de saída temporária concedido pela Justiça e não retornou no prazo determinado. Alessandro foi registrado como fugitivo por abuso de confiança desde março deste ano e ainda possui mandado de prisão em aberto.
O g1 procurou a Polícia Civil de Minas Gerais, que ainda não respondeu.
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