Previdência militar custa mais que o INSS

O sistema previdenciário brasileiro enfrenta um déficit crônico, especialmente no que se refere aos regimes das Forças Armadas. As contribuições não cobrem as despesas com aposentadorias e pensões, exigindo que o Tesouro Nacional complemente os valores. Essa situação é ainda mais crítica quando se observa que o custo por beneficiário no regime das Forças Armadas é 18,6 vezes maior do que no INSS, que atende trabalhadores do setor privado.

Em 2024, o déficit do regime militar atingiu R$ 50,88 bilhões, enquanto o regime próprio dos servidores civis da União registrou um déficit de R$ 55,68 bilhões. No entanto, o número de beneficiários no regime dos servidores civis é mais que o dobro do número de militares inativos e pensionistas. Essa discrepância levou o Tribunal de Contas da União a recomendar ajustes no regime previdenciário militar para equilibrar receitas e despesas.

Quais são as propostas para equilibrar o sistema?

O governo, através do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou ao Congresso uma proposta visando economizar R$ 2 bilhões por ano no regime dos militares. Entre as mudanças propostas, destaca-se a introdução de uma idade mínima de 55 anos para a transferência à reserva, com uma regra de transição até 2032. Atualmente, a média de idade para a reforma dos militares é de 52 anos, sem uma idade mínima estabelecida.

Outra proposta importante é a eliminação da transferência de cotas de pensão, prática já extinta para trabalhadores do INSS e servidores civis. Além disso, o projeto padroniza a contribuição para assistência médica em 3,5% para inativos e pensionistas das Forças Armadas. No entanto, a pensão vitalícia para filhas de militares, que acabou em 2001, não será alterada para aqueles que já estavam na carreira e optaram por pagar um adicional.

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Impacto das reformas anteriores e desafios futuros

A Reforma da Previdência de 2019 trouxe mudanças significativas para trabalhadores do setor privado e servidores públicos, mas as Forças Armadas foram tratadas de forma diferenciada. Apesar de algumas alterações, como a contribuição previdenciária de pensionistas, a reestruturação de carreira resultou em aumentos salariais. Especialistas argumentam que as medidas propostas atualmente são tímidas e não enfrentam o problema de forma estrutural.

O projeto de lei enfrenta resistência no Congresso, especialmente da bancada da bala, que teme que as mudanças possam ser replicadas para policiais militares e bombeiros. O Ministério da Fazenda, no entanto, afirma que não há vinculação obrigatória entre as reformas das Forças Armadas e as das forças de segurança estaduais.

Considerações finais sobre o déficit e a sustentabilidade

Em 2024, o déficit do sistema dos militares foi composto por uma despesa total de R$ 60,1 bilhões e receitas de R$ 9,2 bilhões. A ausência de uma contribuição patronal, como ocorre no setor privado e no funcionalismo público, é um ponto destacado por especialistas. Embora o déficit seja elevado, simulações considerando uma contribuição patronal poderiam oferecer uma perspectiva diferente.

Os desafios para conter o crescimento dos gastos previdenciários militares incluem a revisão de privilégios históricos, como o valor da pensão equivalente à remuneração integral da ativa e a possibilidade de acumular pensões. Para muitos, há ainda um longo caminho a percorrer para alcançar a sustentabilidade financeira do sistema previdenciário militar no Brasil.

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