Justiça espanhola rejeita queixa de Sánchez contra o juiz que o citou como testemunha

O juiz Juan Carlos Peinado chega ao Palácio da Moncloa, em Madri, para tomar declaração do presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, em 30 de julho de 2024OSCAR DEL POZO

Óscar del Pozo

Um tribunal de Madri rejeitou a queixa apresentada pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, contra o juiz que o citou como testemunha na investigação sobre sua esposa, Begoña Gómez, por corrupção e tráfico de influências.

Sanchez denunciou o juiz Juan Carlos Peinado por não ter respeitado sua posição de chefe de governo, ao convocá-lo a declarar presencialmente, em vez de permitir o depoimento por escrito.

No final de julho, Sánchez foi convocado a depor no Palácio da Moncloa, residência oficial do chefe de governo espanhol.

O líder socialista havia exigido dias antes testemunhar por escrito, segundo ele, uma prerrogativa do presidente de governo. A Justiça, no entanto, não atendeu ao pedido e manteve seu depoimento presencial ao magistrado.

Sánchez, que afirma a inocência de sua esposa, reivindicou então a Peinado, seu direito de não testemunhar contra Gómez, uma garantia que oferece a lei.

Dias depois, Sánchez apresentou a queixa contra o juiz por “prevaricação”, assim como sua esposa.

“Este processo é inadmissível para um presidente e prova que está em um caminho sem volta”, reagiu nesta sexta-feira o líder da principal formação opositora (Partido Popular, direita), Alberto Núñez Feijóo, em sua conta do X.

– Investigação limitada –

Gómez – especialista em arrecadar recursos para fundações e ONGs – , é suspeita de ter se aproveitado do cargo do marido em suas relações profissionais, especialmente com o empresário Juan Carlos Barrabés.

O juiz Peinado abriu a investigação em abril, após a denúncia de um grupo próximo da extrema direita, Mãos Limpas, que afirmava basear-se exclusivamente em reportagens da imprensa.

O magistrado continuou a investigação apesar de dois relatórios da Guarda Civil que não apontaram irregularidades e contra o parecer do Ministério Público, que pediu o arquivamento do caso.

No início de outubro, a Justiça espanhola aprovou a continuidade da investigação, mas limitou sua abrangência, o que significou não incluir neste caso outros aspectos que afetem o grupo empresarial Globalia.

Quando a abertura do processo contra sua esposa veio a público no final de abril, Sánchez surpreendeu ao anunciar que estava considerando renunciar ao cargo. Após cinco dias de reflexão, decidiu permanecer no Moncloa.

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