Aniversário de SP: líder comunitário cria projeto para levar atendimento médico gratuito à periferia


Daniel Faria fundou os programas ‘Médico para Todos’ e ‘Aguenta Firme’ com recursos de sua ONG e da colaboração da comunidade do Jardim São Luiz. Projeto se conecta ao ODS 3. Projeto leva atendimento médico gratuito à periferia de SP
Reprodução/TV Globo
Entre uma caminhada e outra pelas ruas do Jardim São Luiz, no extremo Sul da capital paulista, Daniel Faria, de 43 anos, busca entender as necessidades de quem mora por ali. Foi assim que o líder comunitário, “cria” da comunidade e pai de 5 filhos, conseguiu preencher uma lacuna: a falta de acesso à saúde básica e sem custo na periferia.
Diante desse problema, Daniel fez da sede da ONG Obras Recreativas Profissionais, Artísticas e Sociais (Orpas), criada há 19 anos, uma espécie de “hospital” para levar atendimento médico e orientação psicológica aos pacientes, em sua maioria moradores do bairro.
“Perdi a minha mãe para o câncer, com um diagnóstico tardio. Ela tinha pouquíssimo tempo de vida quando descobriu a doença. Dói. Talvez, se tivesse um diagnóstico mais próximo, [ela] estaria aqui. Muitas outras vidas foram perdidas nas últimas décadas, nas comunidades, porque um exame demora de seis meses a um ano para ficar pronto, mas quando o resultado sai a doença já está avançada”, pondera Daniel.
Os programas desenvolvidos são o “Médico para Todos”, que auxilia os moradores com consultas e agendamentos via WhatsApp, e o “Aguenta Firme”, que consiste no atendimento psicológico para combater a depressão e outros problemas neurológicos.
Os programas contam com médicos, psicanalistas, psicólogos e nutricionistas, que atendem de graça, em média, mais de duas mil pessoas por mês. O Médico para Todos foi criado há seis anos, enquanto o Aguenta Firme tem apenas oito meses desde sua criação.
“Foi nesse sentido que a gente idealizou aqui esse atendimento de qualidade para comunidade. Assim, conseguimos ter um acompanhamento mais próximo das pessoas. Uma consulta, uma conversa, são coisas importantes para que os pacientes entendam o processo que elas estão passando dentro do atendimento clinico”, destacou o líder comunitário.
E foi o que Maria da Conceição, de 62 anos, uma das pacientes do projeto, entendeu. “Consegui desabafar coisas que eu não tinha coragem para falar para ninguém, e acabei de falar com ela agora, com a médica. Aqui eles conseguiram me explicar coisas que agora estou conseguindo no tratamento. Me senti bem à vontade”, relatou.
Mas, para esses projetos serem colocados de pé, Daniel enfrentou algumas barreiras. Uma delas, segundo ele, foi o preconceito com a comunidade quando o assunto é a violência. “Tivemos dificuldades para encontrar médicos para atender aqui, num bairro da periferia, mesmo pagando o que eles receberiam por consultas numa região central. Alguns profissionais até questionaram se não seriam roubados, sequestrados.”
Para ele, a periferia convive diariamente por rótulos. Mas com a ajuda da própria comunidade e de outros projetos, ele conseguiu convencer outros profissionais da área da saúde.
“Muitos acham que aqui só tem bandido, ladrão, violência. No entanto, conseguimos achar um grande time para atender aqui na comunidade. Muitos moram aqui na região, entendem a dinâmica de uma periferia. A partir daí, compramos equipamentos, fizemos a divulgação e iniciamos os atendimentos”, relatou Faria.
Hoje, os projetos são financiados por um restaurante, e também pelas vendas de livros, canecas e camisetas, além de doações da própria comunidade. Além disso, a ONG conta ainda com outra frente, que são as palestras e consultorias em empresas e escolas. Os médicos são remunerados através desses recursos captados. Já os psicólogos, nutricionistas e palestrantes são voluntários.
Projeto leva atendimento médico gratuito à periferia de SP
Reprodução/TV Globo
Por dentro dos ODS
Para as celebrações dos 470 anos da capital paulista, o Bom dia São Paulo, o SP1, SP2 e o g1 exibem nesta semana uma série de reportagens sobre paulistanos que estão fazendo a diferença em cada uma das áreas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, ajudando a tornar a cidade um lugar melhor e mais justo para todos.
Nesta reportagem, tratamos do ODS 3: saúde e bem-estar, que fala sobre a garantir de acesso à saúde de qualidade e promoção do bem-estar para todos, em todas as idades.
Confira em detalhes o que ele estabelece:
3 – Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades;
3.1 Até 2030, reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos;
3.2 Até 2030, acabar com as mortes evitáveis recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos 25 por 1.000 nascidos vivos;
3.3 Até 2030, acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e combater a hepatite, doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis;
3.4 Até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar;
3.5 Reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo o abuso de drogas entorpecentes e uso nocivo do álcool;
3.6 Até 2020, reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por acidentes em estradas;
3.7 Até 2030, assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar, informação e educação, bem como a integração da saúde reprodutiva em estratégias e programas nacionais;
3.8 Atingir a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção do risco financeiro, o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para todos;
3.9 Até 2030, reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos perigosos, contaminação e poluição do ar e água do solo;
3.a Fortalecer a implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco em todos os países, conforme apropriado;
3.b Apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas e medicamentos para as doenças transmissíveis e não transmissíveis, que afetam principalmente os países em desenvolvimento, proporcionar o acesso a medicamentos e vacinas essenciais a preços acessíveis, segundo a Declaração de Doha, que afirma o direito dos países em desenvolvimento de utilizarem plenamente as disposições do acordo TRIPS sobre flexibilidades para proteger a saúde pública e, em particular, proporcionar o acesso a medicamentos para todos;
3.c Aumentar substancialmente o financiamento da saúde e o recrutamento, desenvolvimento e formação, e retenção do pessoal de saúde nos países em desenvolvimento, especialmente nos países menos desenvolvidos e nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento;
3.d Reforçar a capacidade de todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, para o alerta precoce, redução de riscos e gerenciamento de riscos nacionais e globais de saúde.
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