Movimentos sociais denunciam morte e tortura de trabalhadores rurais em operação policial no Pará


Operação “Fortis Status” foi realizada pela Delegacia Especializada em Conflitos Agrários de Marabá (Deca), que alegou confronto com “homens fortemente armados”. Movimentos sociais negam confronto e dizem que nenhuma arma pesada foi encontrada. Operação “Fortis Status” foi realizada na fazenda Mutamba, pela Polícia Civil do Pará.
Divulgação/PC
Movimentos sociais publicaram nesta segunda-feira (14) um nota coletiva denunciado a morte, tentativa de assassinato e tortura de trabalhadores rurais durante uma operação da Polícia Civil do Pará, na última sexta-feira (11), em Marabá, sudeste do estado.
A nota, assinada por sete associações, entre elas a Comissão Pastoral da Terra (CPT), afirma que a operação “Fortis Status”, realizada na fazenda Mutamba, deixou dois homens mortos, identificados como Adão Rodrigues de Sousa e Edson Silva e Silva, além de vários feridos e quatro presos.
Já a Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários de Marabá (Deca), disse que duas pessoas morreram após entrarem em confronto com a polícia.
A operação da Deca, comandada pelo delegado Antonio Mororo Junior, informou ainda os quatro suspeitos foram presos em por associação criminosa e porte ilegal de armas.
O g1 solicitou um posicionamento à Polícia Civil, Polícia Militar, Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE) e aguarda retorno.
Denúncia de tortura e intimidação
Na nota coletiva, os movimentos sociais afirmam que os dois homens mortos estavam dormindo em um barracão coletivo, com outros 16 trabalhadores, quando foram surpreendidos com os gritos dos policiais “perdeu, perdeu”.
“Rajadas de tiros naquela hora da madrugada e na escuridão, não houve qualquer chance de se defenderem”, diz a nota.
Os movimentos sociais disseram que os dois mortos também não tinham mandados de prisão decretado e nem passagem pela polícia.
Na versão da Polícia Civil, “as equipes policiais foram recebidas a tiros por um grupo de 13 homens fortemente armados, desencadeando um confronto”. Já os movimentos negam, afirmando não havia “nenhuma arma pesada”.
A nota, assinada pela CPT, afirma que os policiais chegaram às 4h e se dividiram em dois grupos. Cada grupo seguiu para um barracão coletivo.
Em um deles, “um dos policiais colocou uma faca no pescoço de um jovem […] e o ameaçou de morte caso não dissesse onde se encontrava o coordenador do grupo”.
O documento diz ainda que “a comprovação das torturas está registrada nos exames de corpo de delito” e que os quatro suspeitos presos “foram obrigados a dizerem o que o delegado queria ouvir”.
Já o delegado-geral da Polícia, Walter Resende, afirmou que os “quatro criminosos […] fazem parte das atividades ilícitas investigadas, como associação criminosa, porte ilegal de armas e outros crimes”.
Outras mortes não confirmadas
Após a operação “Fortis Status”, a Defensoria Pública do Estado (DPE) atendeu No dia 11 de outubro, de forma presencial e virtual, famílias envolvidas no conflito agrário.
Em um documento encaminhado à 2° Vara Criminal da Comarca de Marabá, a DPE diz que foram “executados 5 trabalhadores rurais, enquanto estes dormiam em suas redes”. A polícia, porém, confirma apenas as mortes de Adão Rodrigues de Sousa e Edson Silva e Silva.
A Defensoria afirma ainda que “recebeu informações das famílias de condutas excessiva da Polícia Civil” e que no local vivem mulheres e crianças.
Diante dos relatos, a DPE pediu à Justiça a suspensão imediata das medidas decretadas pela juíza Alessandra Rocha da Silva Souza, que autorizou a operação no dia 30 de setembro.
Fazenda Mutamba
A DPE afirma que cerca de 200 pessoas se encontram em área de conflito agrário onde a operação ocorre e que são atendidas pela Defensoria.
“A fazenda Mutamba, de propriedade da família Mutran, atualmente é ocupada por três grupos de famílias sem-terra com organização independente”, informou a nota dos movimentos sociais.
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