Biojoias e ecojoias: entenda a diferença entre produtos e conheça negócios que atuam no setor


Enquanto as biojoias são feitas de materiais orgânicos, as ecojoias são fruto do reaproveitamento de materiais recicláveis. Biojoias: acessórios feitos com material orgânico ganham destaque entre público do 18º Flipoços
Júlia Reis/g1
Você sabe a diferença entre biojoias e ecojoias? Para começar, é importante dizer que ambas são artesanais e amigas da sustentabilidade, ou eco-friendly. A empresária de Nova Friburgo (RJ) Ely Bastos de Lima explica a diferença entre os produtos.
Segundo ela, as biojoiais são acessórios produzidos a partir de insumos orgânicos, como pedras, madeiras, ossos, fibras vegetais, sementes, cascas e plantas. Ely é proprietária da loja Igara Moda Arte e trabalha há sete anos no ramo.
Alguns exemplos de fibras usadas na fabricação são as de piaçava, arumã, bananeira e pupunheira; sementes como açaí e jarina e plantas como o capim dourado. Com certeza, você já viu algum acessório assim em feirinhas de artesanato.
Brincos feitos em cipó natural e fibra piaçaba
Arquivo pessoal / Ely Bastos de Lima
Já as ecojoias são produto de um setor que foca na reutilização de materiais recicláveis, processo também chamado de upcycling. Isso inclui latinhas de alumínio, chapas de raio-x, cápsulas de café, frascos de plástico, garrafas PET, tecidos, fios de eletrônicos, papelão, redes de pesca e por aí vai.
Outra empreendedora do estado fluminense, moradora da cidade de Maricá (RJ), Carol Barreto se especializou no segmento de ecojoias e abriu o próprio negócio em 2005.
Com produção artesanal, a loja virtual Ecojoias Carol Barreto vende cerca de 150 peças ao mês e, por ano, evita que cerca de 400 embalagens plásticas e 200 latas de alumínio sejam incorretamente descartadas no ambiente.
Brincos feitos em plástico reciclável
Arquivo pessoal
Curadoria de peças
Com início em 2008, a loja de Ely passou a focar em três linhas de produtos a partir de 2014: biojoias, ecojoias e ecodecor (decoração sustentável). No entanto, o negócio não realiza a produção das peças, mas uma curadoria de itens de diversos fornecedores, sendo a maior parte do Norte do país.
“Por ser amazonense e conhecer bem a região, eu levei meu marido para Belém (PA) e Manaus (AM) para termos acesso ao que era produzido pelos indígenas e ribeirinhos, e a gente trouxe esse conceito pra nossa loja porque o conhecimento aqui do Sudeste que era muito limitado”, conta Ely.
Colar de fios de tucum é um exemplo de biojoia
Arquivo pessoal / Ely Bastos de Lima
Na época, o comércio e a troca de informações online não era como hoje, então a dupla participava de rodadas de negócios e viagens para levantamento dos fornecedores. Um deles é a Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro, que produz a maior parte das biojoias.
De descendência indígena, Ely Bastos comenta que a produção pelos ribeirinhos segue o tempo da natureza. “Tudo é tirado na época certa, então nenhum ribeirinho arranca uma semente ou uma fibra fora de época. Então tem momentos que tem uma semente, momentos que não tem”, explica.
Além da associação, o negócio trabalha próximo a grupos indógenas das etnias Yanomami, Baniwa, Ticuna, Baré, entre outros. Aos 69 anos, Ely divide com o marido a expectativa de um mundo mais sustentável.
Ely Bastos de Lima é proprietária de uma loja que vende ecojoias e biojoias em Nova Friburgo
Arquivo pessoal
Vida nova ao plástico
Em 2005, Carolina Barreto começou seu ateliê junto a uma amiga e as vendas ocorriam de forma presencial. Segundo a equipe, formada por cinco pessoas, o negócio surgiu com a premissa de mudar o conceito do que é lixo e modernizar o conceito do que é uma joia.
Para produzir as peças, ela recebe os materiais recicláveis de vizinhos, escolas e empresas parceiras. O material é separado e passa por uma lavagem, com água captada da chuva. O que não vira ecojoia é direcionado para ser reciclado.
Croqui de brinco que será fabricado em plástico
Arquivo pessoal / Carolina Barreto
A proprietária ressalta que o processo de produção não tem nada a ver com reciclagem, já que não há nenhum tipo de mudança da composição química, nem derretimentos ou coisa do tipo. Com a chegada da pandemia, o negócio foi se digitalizando cada vez mais e hoje atua totalmente online.
Carol explica que a a matéria-prima mais usada são frascos de xampu, amaciante, sabão líquido, hidratante. Plásticos não transparentes com coloração do próprio frasco. Parte menor das peças é feita com garrafa pet com cor, além das disputadas latinhas de alumínio.
Brinco de plástico reciclável após processo de produção
Arquivo pessoal / Carolina Barreto
“No início, a gente começou também com um foco muito grande no alumínio, só que ele tem uma reciclabilidade muito boa, né? Então, no mundo comercial dos catadores, das cooperativas, eles vão dar sempre preferência para o alumínio, porque é um valor maior de renda”.
“Ele é bem aceito na reciclagem, o plástico não. Então, esse foi um dos motivos de termos focado mais no plástico, porque ele não tem valor nenhum”, finaliza.
Proprietária produz as peças de forma artesanal em seu ateliê
Arquivo pessoal / Carolina Barreto
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