
As recentes declarações das autoridades da China e dos Estados Unidos elevaram o nível de tensão entre as duas maiores economias do mundo. Em entrevista ao programa BM&C News, o especialista em análise macro Fábio Fares e o economista VanDyck Silveira analisaram o cenário atual, destacando os impactos econômicos e políticos dessa escalada nas relações bilaterais.
Guerra comercial e incertezas no mercado
A disputa entre China e Estados Unidos ultrapassou o campo comercial e entrou em um novo patamar de rivalidade. Segundo Fábio Fares, há um aumento das tarifas impostas pelos EUA à China, muitas vezes passando despercebido pelo mercado. “A China sofreu dois aumentos de tarifas de 10% recentemente, enquanto o foco do noticiário estava nas tarifas sobre México e Canadá“, destacou.
Fares lembra que os EUA desempenham um papel fundamental no comércio global devido ao seu grande volume de importações. “Os Estados Unidos compram muito mais do que vendem e pagam tarifas bem menores que a média global. Isso gera um déficit comercial significativo, mas também coloca os americanos em posição de força para negociações“, explicou.
Apesar das ameaças retóricas, Fares acredita que o equilíbrio econômico entre as duas potências impede uma escalada para um conflito militar. “China e EUA dependem um do outro financeiramente. Os chineses são grandes compradores de títulos da dívida americana e um rompimento nessa relação traria efeitos negativos para ambos os lados“, avaliou.
Taiwan no centro das tensões
O economista VanDyck Silveira acrescenta que a ambiguidade da postura americana em relação a Taiwan pode encorajar uma ação chinesa mais agressiva. “Se eu fosse um autocrata e estivesse assistindo aos desdobramentos da guerra na Ucrânia, eu invadiria Taiwan amanhã“.
Silveira argumenta que essa incerteza geopolítica tem consequências econômicas diretas. “A principal fabricante de semicondutores de Taiwan, já está expandindo suas operações para a Alemanha, Europa e até os EUA para minimizar riscos. O medo de uma invasão chinesa tem impactos significativos no setor de tecnologia“, pontuou.
Além disso, Silveira destacou que a administração Trump tem uma abordagem estratégica para negociações internacionais. “O estilo do Trump é começar com uma retórica agressiva para depois encontrar um ponto de equilíbrio. Ele fez isso no primeiro mandato e pode estar repetindo a estratégia“, disse.
Impactos para os mercados globais
Os especialistas concordam que, embora o risco de um conflito direto seja baixo, a volatilidade dos mercados deve permanecer elevada. Investidores precisam acompanhar de perto as movimentações de tarifas comerciais, políticas migratórias e ações do Federal Reserve, já que qualquer escalada pode impactar a inflação e os juros nos EUA.
A relação entre China e EUA continua sendo um dos principais fatores de influência na economia global. Se por um lado há um risco crescente de rupturas comerciais, por outro, a interdependência econômica entre as potências sugere que um desfecho negociado ainda é o caminho mais provável.
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