Exército abre processo para apurar ‘possíveis irregularidades’ no arsenal de coronel incendiado em apartamento

Militar aposentado mantinha 111 armas de fogo, incontáveis munições no imóvel, que pegou fogo em Campinas. Prédio teve que ser interditado e moradores foram resgatados de rapel. Apartamento com munições que pegou fogo em Campinas e armas de coronel
Defesa Civil e Arquivo Pessoal
O Exército Brasileiro informou na tarde desta segunda-feira (26) que abriu um Processo Administrativo para apurar “possíveis irregularidades” no registro e armazenamento das armas do coronel reformado Virgílio Parra Dias.
O apartamento do militar foi atingido por uma explosão seguida de incêndio em Campinas na noite de sábado (24). Parra Dias mantinha 111 armas de fogo e incontáveis munições em um local que a Polícia Civil definiu como “espécie de paiol”.
“Acerca do incêndio ocorrido em Campinas-SP, envolvendo armamentos e munições de um militar reformado do Exército, o Comando Militar do Sudeste informa que foi aberto Processo Administrativo para averiguar possíveis irregularidades quanto a situação cadastral do acervo”, disse o Exército.
O Exército reforçou que o coronel possui registro válido como atirador, caçador e colecionador, “que permite a posse e armazenagem de armas de fogo e munições, de acordo com uma série de prescrições legais”.
“As investigações estão a cargo da Polícia Civil do Estado de São Paulo, bem como as perícias para identificar os fatores causadores do acidente e demais medidas para elucidação dos fatos”, finaliza a nota.
Vídeo mostra coronel negando granada
Vídeo mostra coronel negando que tinha granada em apartamento onde houve série de explosões; polícia achou duas
Um vídeo gravado na noite de sábado (24) mostra o momento em que o coronel Virgílio Parra Dias, de 69 anos, negou para os bombeiros que mantinha granadas no apartamento que pegou fogo em Campinas (SP). As autoridades encontraram dois artefatos deste tipo.
A imagem foi obtida com exclusividade pela EPTV, afiliada da Rede Globo em Campinas. Veja acima.
No vídeo, é possível ouvir um bombeiro pressionando o coronel aposentado. “Acabou de estourar uma granada na cara do meu bombeiro lá. Se o senhor não falar o que tem lá…”, disse.
Parra Dias afirmou que não tem granada, mas ao ser novamente questionado, revela que armazenava pólvora. “Pode ser pólvora confinada em contêiner”.
A primeira granada foi localizada ainda durante o trabalho de rescaldo de combate ao fogo, na madrugada de domingo (25).
Por isso, o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) vasculhou, no domingo de manhã, o apartamento para garantir a segurança de quem trabalhava no local, mas a quantidade de escombro impediu que a equipe encontrasse a segunda granada, que só foi localizada no fim da tarde – o que fez o Gate retornar ao local.
Além das duas granadas intactas, foram encontrados três pinos que podem ser de outros artefatos semelhantes.
Polícia procura coronel
Além das granadas, Parra Dias mantinha 111 armas de fogo e incontáveis munições em um local que a Polícia Civil definiu como “espécie de paiol”. A investigação preliminar apontou que o local é “no mínimo inapropriado”.
Até a manhã desta segunda-feira (26), o coronel não havia sido localizado. A Polícia Civil afirma que segue em busca para que ele preste explicações.
A reportagem da EPTV, afiliada da TV Globo, falou com um filho do coronel. O homem, que estava em frente ao prédio na manhã desta segunda e não quis gravar entrevista, afirmou que o pai está “dopado” por ter tomado remédios para dormir. Ele não informou onde o coronel está.
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Vigílio Parra Dias, coronel do Exército, responsável por apartamento que pegou fogo em Campinas.
Reprodução/TV Globo
O Exército informou que Parra Dias possui registro de válido como atirador, caçador e colecionador (CAC). A instituição aguarda o laudo pericial para apontar se todas as armas possuíam autorização.
“Militares do Exército acompanham os trabalhos dos órgãos de segurança pública para colaborar com a elucidação dos fatos”, informou a instituição, em nota.
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Moradores retirados de rapel
Segundo a perícia, o fogo começou em um cofre do coronel. Um artefato ainda não identificado explodiu e deu início ao incêndio no apartamento do primeiro andar do condomínio Fênix, na Rua Hércules Florence, no bairro Botafogo.
Ao todo, 44 pessoas que estavam em andares superiores foram retiradas do prédio, parte delas por meio de cordas, em uma manobra semelhante à técnica de descida em rapel.
Trinta e quatro pessoas precisaram receber atendimento médico e foram encaminhadas para o Hospital Casa de Saúde e para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José — nenhuma em estado grave.
Além de munições e pólvora, a polícia encontrou a granada intacta no imóvel. O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da PM não conseguiu concluir se o artefato estava carregado, mas levou para detonação em local seguro. Segundo a corporação, o explosivo é do modelo M36.
Fotos internas mostram destruição em apartamento que tinha munições em Campinas
O coronel Parra Dias deixou o prédio durante a evacuação. O g1 tenta contato com o coronel. Ele também é tutor de um cachorro, que foi resgatado ileso após ficar no banheiro do apartamento. Um vídeo, feito dentro do imóvel, mostra o animal e os bombeiros que o retiraram.
“O cachorro está vivo! (…) O último sobrevivente”, diz uma das integrantes da equipe de resgate. Assista abaixo.
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