Indústria catarinense é a que mais emprega mulheres no país, 8% acima da média nacional

A indústria catarinense emprega 301,8 mil mulheres, o equivalente a 33,31% dos trabalhadores do setor em Santa Catarina. O percentual faz do Estado o maior empregador de mulheres no setor industrial do país, onde a média é de 25%.

Santa Catarina é o estado que mais emprega mulheres na indústria

Santa Catarina é o estado que mais emprega mulheres na indústria – Foto: Agência Brasil/Divulgação

Considerando todas as trabalhadoras de Santa Catarina, 23,9% estão na indústria. Segundo dados do Observatório Fiesc, com base nos últimos dados disponíveis, os segmentos que mais empregam mulheres em Santa Catarina são: têxtil, confecção e calçados, com 62,01% do total de empregados; fármacos, com 53,25%; indústria diversa, com 46,38%; e alimentos e bebidas, com 44,82%.

Para a gerente executiva do IEL/SC, Eliza Coral, a indústria catarinense se destaca pela forte presença de mulheres nos setores que mais empregam, como têxtil, confecções, couro, calçados e alimentício, que tradicionalmente possuem uma maior proporção de mulheres. “Fatores como a estrutura produtiva do Estado, políticas de contratação das empresas e possíveis programas de incentivo à igualdade de gênero podem contribuir para esse resultado”, explica.

Considerando as trabalhadoras da indústria em todo o país, o setor de alimentos e bebidas lidera, com 23,7% do total de vagas ocupadas por mulheres. O segmento têxtil, confecções, couro e calçados vem na sequência, com 22,5%, seguido do setor da construção, com 10,96%.

Faixa etária das mulheres na indústria

Entre as colaboradoras da indústria catarinense, 33,5% têm entre 18 e 29 anos; 28,5% estão na faixa etária dos 30 a 39 anos, e 22,4% têm entre 40 e 49 anos.

No Brasil, as mulheres entre 18 e 29 anos são 30,7% da força de trabalho feminina na indústria, enquanto que as que estão na faixa etária dos 30 aos 39 anos são 29,67% e 24,12% tem entre 40 e 49 anos.

Marlisa Silva, gerente de key account na Altenburg

Com formação na área de tecnologia, Marlisa ajudou a estruturar o setor na indústria. Em busca de desafios, ela migrou para a área comercial e hoje é responsável pelas grandes contas de clientes como Havan, Pernambucanas, Riachuelo e Carrefour

Marlisa Silva

Marlisa Silva atua há 33 anos na Altenburg, em Blumenau – Foto: Matheus Nunes/Divulgação

Marlisa Silva atua há 33 anos na Altenburg, em Blumenau, onde começou como analista de informática numa época em que mulheres ainda eram muito raras neste setor.

Formada em tecnólogo em processamento de dados pela Furb, foi responsável por estruturar toda a área de tecnologia da informação da companhia, desde o cabeamento de redes, computadores, rede de telefonia até a estrutura necessária para que a fábrica pudesse operar usando recursos da indústria 4.0, como a internet das coisas.

“A empresa nunca foi a mesma, a gente foi se transformando junto e eu sempre buscava me qualificar. Gosto de ser desafiada e eu sentia que já estava acomodada no setor de TI. Então fui para a área comercial da empresa e hoje respondo pelas maiores contas de clientes como Havan, Pernambucanas, Riachuelo e Carrefour”, cita.

Por conta disso, conhece quase todo o país, outras culturas e diversos perfis de clientes.

Mãe de dois filhos, ambos foram jovens aprendizes na Altenburg – um deles segue trabalhando no setor industrial, como gerente na Butzke, em Timbó, e outro escolheu a medicina veterinária. Seu marido atuou por anos na Altona.

“Gosto de ser desafiada e eu sentia que já estava acomodada no setor de TI. Então fui para a área comercial da empresa e hoje respondo pelas maiores contas de clientes.”

Stéphane Domeneghini, engenheira da FG Empreendimentos

Engenheira em ramo predominantemente masculino é referência em arranha-céus em Santa Catarina

Sthepanie é engenheira civil na área de projetos para edifícios altos e superaltos – Foto: Vinícius de Morais/Divulgação

A engenheira civil Stéphane Domeneghini, referência na área de projetos para edifícios altos e superaltos, assume a liderança da Talls Solutions, a nova empresa do Grupo FG dedicada à consultoria técnica para projetos de grande porte. Com mais de 15 anos de experiência, Stéphane é diretora executiva e é a engenheira à frente dos maiores prédios, como One Tower e Senna Tower, da FG Empreendimentos, construtora responsável pelos maiores arranha-céus do Brasil e o maior residencial da América Latina.

Com uma trajetória marcada pela liderança em soluções técnicas, processos inovadores e gestão de equipes, Stéphane construiu uma carreira sólida no desenvolvimento de projetos de edifícios altos. Sua experiência abrange desde a elaboração de produtos até a definição de tecnologias e sistemas, garantindo a excelência em cada etapa da obra.

Stéphane sempre soube que queria contribuir para grandes construções que inspiram e transformam o mundo. Desde pequena, alimentava o sonho de participar de projetos que impressionassem pela grandiosidade, tanto em escala física quanto em impacto. A paixão pelas antigas civilizações, que quase a levou a seguir carreira em arqueologia, encontrou seu lugar na engenharia civil, onde Stéphane viu a oportunidade de criar os “monumentos” do futuro. “Ler sobre as grandes civilizações e como o ser humano transformou o mundo me fez perceber que eu queria projetar o futuro, ajudando a criar estruturas icônicas para a sociedade”, afirma a engenheira.

Na FG desde 2014, Stéphane começou como gestora de projetos e, ao longo dos anos, ascendeu rapidamente dentro da empresa. Com sua forte atuação técnica, foi promovida a gerente de engenharia aplicada e supertalls, liderando o projeto do Triumph Tower, um edifício de mais de 500 metros de altura e o maior desafio da empresa até hoje.

Entre as maiores realizações de Stéphane, estão as soluções estruturais inovadoras que viabilizam a construção de arranha-céus. Com um foco em segurança e otimização, ela trouxe conhecimento técnico de fora do Brasil para aplicar nos projetos da FG, contribuindo de forma significativa para o avanço da engenharia civil no país.

“No início, há preconceitos que preciso superar, mas isso muda rapidamente quando entramos em discussões técnicas e o conhecimento prevalece sobre o gênero”

Maria Rosa Bonfanti, coordenadora de produção na JBS de Forquilhinha

Profissional deu início à carreira como auxiliar de produção na companhia há 20 anos e hoje, formada em engenharia de produção, coordena uma equipe de 700 pessoas

Maria Rosa coordenadora de produção na JBS

Maria Rosa coordenadora de produção na JBS – Foto: Matheus Nunes/Divulgação

Maria Rosa Bonfanti, coordenadora de produção na JBS, celebra 20 anos de trajetória na empresa, marcada pela superação de desafios e por conquistas pessoais e profissionais. Sua jornada começou em 2004, na área de higienização.

Em 2007, Maria viu uma oportunidade que mudaria sua vida: ingressou na faculdade de engenharia de produção, um sonho que se concretizou com o apoio da JBS. Na época, ela era a única representante da produção a participar do programa de qualificação, ao lado de colegas que já ocupavam cargos de liderança. “Foi um desafio enorme conciliar o trabalho, os estudos e a família, mas a faculdade foi crucial para o meu desenvolvimento. Me formei em 2012 e, logo depois, fui promovida a supervisora de produção”, relembra Maria, que já havia concluído o ensino médio por meio da Educação de Jovens e Adultos, oferecida pela prefeitura.

Com foco contínuo em aprimoramento, Maria cursou uma pós-graduação em gestão empresarial e recursos humanos e concluiu, recentemente, um MBA em gestão de pessoas e coaching. A experiência adquirida ao longo de sua carreira foi determinante para sua promoção ao cargo de coordenadora de produção, posição que ocupa há quatro anos, liderando uma equipe de 700 colaboradores no turno da noite.

Entre as principais entregas da engenheira à JBS está a contribuição para reduzir o absenteísmo em um setor que enfrentava diariamente a falta de 20 pessoas. “Consegui, junto à equipe, reduzir o absenteísmo, o que foi um grande desafio para todos nós”, destaca. Durante a pandemia de 2020, ela assumiu a coordenação de produção de forma interina e, com a confiança da empresa, foi efetivada no cargo após três meses.

Maria sempre priorizou a educação dos filhos. Sua filha, hoje técnica de vôlei e estudante de nutrição e educação física, seguiu os passos da mãe no compromisso com a qualificação. “Sempre incentivei meus filhos a buscar o melhor através dos estudos. A educação é o maior presente que posso dar a eles”, afirma.

“Continuo focada no desenvolvimento de pessoas, pois elas são a chave para o sucesso de qualquer organização”

Empreender é alternativa para mulheres unirem realização profissional e vida pessoal

É cada dia maior o número de mulheres que buscam no empreendedorismo uma alternativa para mudarem o seu papel na sociedade. Seja para se realizarem profissionalmente, seja para terem mais tempo para a família, ou ainda por necessidade. Para qualquer uma das situações, o empreendedorismo é um caminho gratificante, mas ao mesmo tempo cheio de desafios. Para a presidente do Ceme (Conselho Estadual da Mulher Empresária de Santa Catarina), Vanilsa Silvano, empreender vai além de um simples negócio, é um compromisso diário que exige visão, coragem e busca por aprendizado contínuo.

“Não basta sonhar, é preciso planejar, agir e persistir para transformar desafios em oportunidades”, pondera a empresária que comanda o conselho que reúne mais de 3.000 mulheres empreendedoras em Santa Catarina por meio de 100 núcleos ligados às associações empresariais vinculadas à Facisc (Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina).

Os números confirmam que a profissão está em plena ascensão. De acordo com o Sebrae, a partir de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tinha 10,11 milhões de donas de negócios no final de 2023. Em Santa Catarina, são mais de 428 mil mulheres empreendedoras. O Estado tem uma participação maior do empreendedorismo feminino que a média nacional: são 35,5% de lideranças femininas diante do total de empreendedores catarinenses. Isso faz de Santa Catarina o sexto Estado com a maior proporção de mulheres à frente dos negócios.

Segundo dados levantados pela Facisc, são 42 mil mulheres em cargos de liderança empresarial no Estado. Na indústria, 34,4% do empresariado industrial é feminino. As mulheres também são responsáveis por grande parte dos empregos gerados no estado. São cerca de 65 mil mulheres empregadoras em Santa Catarina.

Julia Moutinho está à frente de um bar de karaokê em São José

Julia Moutinho está à frente de um bar de karaokê em São José – Foto: Divulgação/ND

Ainda de acordo com o Sebrae, a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tinha 10,11 milhões de donas de negócios no final de 2023. O comércio é a atividade individual que concentra o maior número de mulheres empreendedoras, mas é o setor de serviços, pelo conjunto de segmentos, que atrai mais empresárias. Em Santa Catarina, por exemplo, 58% delas estão nos serviços, 31% no comércio e 11% na indústria. É o caso da empresária Juliana Cabral Zytkuewisz Moutinho, que está à frente de um bar de karaokê em São José, na Grande Florianópolis. Juliana era funcionária pública e decidiu dar um passo rumo a um caminho diferente.

“Eu percebi que era inteligente e esforçada, e que sempre me sentia dona de tudo que fazia. Em cada lugar que trabalhei, me entreguei de corpo e alma para fazer aquele negócio crescer, como se fosse meu. Sonhava os sonhos dos meus chefes. Percebi que já era uma intraempreendedora; sempre levei soluções e lucratividade para meus chefes, produzindo como se fosse duas ou três colaboradoras. Vi que só precisava de um passo de coragem, e foi cercada por mulheres empreendedoras que decidi me tornar uma também”, detalha.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.