Comerciantes que dependem do clima estão refazendo estratégias para não perder vendas


As mudanças climáticas, que mexem tanto com as temperaturas, dificultam o planejamento: do tamanho do estoque, até se é mesmo a hora de investir. Comerciantes que dependem do clima refazem estratégias para não perder vendas
Comerciantes que dependem do clima estão refazendo as estratégias para não perder vendas.
Ter o clima como sócio não é para qualquer um. O comportamento dele anda instável demais. Os donos da sorveteria na Zona Sul de São Paulo sempre souberam que o negócio dava lucro no verão. No inverno, parava tudo.
“Esse ano praticamente não teve inverno e a gente estava ali esperando: ‘Gente, o inverno não veio: vamos continuar’. E todo mundo empenhado para continuar esse processo novo. Tudo é muito novo para a gente”, diz a empresária Angélica Haro.
Em 2024, o inverno foi o segundo mais quente desde 1961. Sempre tem alguém em busca de refresco.
É bom ter as vendas aquecidas todos os meses do ano. O faturamento fica mais estável. Mas, em compensação, as mudanças climáticas, que mexem tanto com as temperaturas, dificultam o planejamento: do tamanho do estoque, se é mesmo a hora de investir. Ainda mais quando as mudanças no tempo são tão bruscas. Em um dia faz 36ºC. No outro, 17ºC. Se para a gente já é difícil saber que roupa separar para uma mesma semana, imagine para quem faz isso com meses de antecedência.
Comerciantes que dependem do clima estão refazendo estratégias para não perder vendas
Jornal Nacional/ Reprodução
As lojas de roupas do Brás, que vendem no atacado para o país todo, trabalham de olho na previsão do tempo. Isso ajuda a calcular a quantidade de peças que vão encomendar antes de cada estação. Uma conta difícil de ser exata. Roupas mais pesadas voltaram para o estoque mais cedo do que de costume.
“A gente tem que estar atento à previsão do tempo ali semanal, quinzenal, para realmente colocar à mostra para os clientes aquelas ofertas que eles estão procurando relacionadas ao clima que está rolando naquele dia”, conta Dunia Saed, gerente de marketing.
Outra estratégia é colocar, no mesmo corredor, roupas leves de um lado e meia estação do outro. Aí não tem erro, diz a dona de casa Maísa Silva Moreira, mãe de gêmeos.
“De manhã, você manda de regata para escola e, à tarde, já tem que vir de casaco para casa”, diz.
Há 15 anos na Serra da Cantareira, na Grande São Paulo, acima dos mil metros de altitude, o restaurante oscila na gangorra dos termômetros. O cardápio de fondue e caldos se estendia até novembro. Em 2024, mudou dois meses antes. Mesmo assim, o empresário ainda aposta na sociedade com o clima mais fresco.
“Se lá está 35ºC, aqui vai estar 30ºC. A gente está contando muito com esse diferencial de a gente estar em um lugar um pouquinho mais ameno e ainda conseguir colher frutos disso”, diz José Queiroz, dono de restaurante.
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