Novo governo da França rejeita sua primeira moção de censura

O secretário do Partido Socialista da França e membro da coalizão Nova Frente Popular, Olivier Faure, em 8 de outubro de 2024 na Assembleia Nacional, em ParisTHOMAS SAMSON

Thomas Samson

O novo governo da França, liderado pelo primeiro-ministro conservador Michel Barnier, rejeitou, nesta terça-feira (8), sua primeira moção de censura promovida pela esquerda, devido à recusa da extrema direita em apoiá-la.

A moção de censura, apresentada pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), recebeu 197 votos a favor na Assembleia Nacional (Câmara baixa), longe da maioria absoluta de 289 necessária para derrubar o novo governo do presidente Emmanuel Macron.

Esta aliança de socialistas, ambientalistas, comunistas e do partido A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) venceu as últimas eleições legislativas que o presidente antecipou em junho, após a vitória da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu.

Mas em setembro, Macron decidiu nomear Barnier como primeiro-ministro, à frente de um governo apoiado por uma aliança de centro-direita e pelo conservador Os Republicanos (LR), ao considerar que os 193 deputados da NFP não garantiam estabilidade.

O líder socialista, Olivier Faure, encarregado de defender a moção de censura na plataforma, denunciou um “roubo eleitoral” e disse esperar que a iniciativa permita verificar “quem se opõe ao governo e quem não se opõe”, em referência a um apoio implícito à extrema direita.

“Atualmente ninguém goza de maioria absoluta”, “a maioria relativa que acompanha o Governo é hoje a menos relativa”, defendeu Barnier perante a Assembleia Nacional, denunciando que a esquerda apresentou a moção de censura antes mesmo de conhecer seu programa.

A NFP também justificou sua iniciativa com base nas “orientações políticas” do governo Barnier, que busca intensificar a política contra a migração e cortar os gastos públicos em seu orçamento para 2025, que deve ser apresentado na quinta-feira.

Apesar de superar esta primeira censura, o governo de Barnier pode cair a qualquer momento, já que sua sobrevivência depende neste momento da vontade da extrema direita.

O partido Reagrupamento Nacional (RN), da líder ultradireitista Marine Le Pen, que enfrenta um julgamento por apropriação indevida de fundos públicos europeus, anunciou que não o fará enquanto influenciar em suas políticas.

O RN também se absteve, nesta terça-feira, na decisão da mesa da Assembleia Nacional de enterrar a proposta de destituição de Macron, apresentada pela LFI e que uma comissão parlamentar já rejeitou na semana passada.

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