Região de Ponta Grossa aumenta área de plantio de cevada para tentar crescer no mercado nacional do malte


Conforme Deral, área dedicada ao cereal aumentou 11% em relação a 2023. Crescimento foi motivado pela instalação da primeira maltaria da cidade, inaugurada em junho. Apesar de ser uma novidade para muitos produtores em Ponta Grossa, a produção de cevada já faz parte da história de famílias como a Schimidt, que cultiva o cereal há 50 anos
Arquivo pessoal/Fábio Schimidt
A região de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, aumentou a área plantada de cevada para tentar ter mais participação no mercado cervejeiro nacional.
Conforme o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral-PR), o crescimento da área plantada foi de 11% em relação ao ano passado. Com isso, a expectativa é de que o volume de produção cresça 7% em comparação a 2023, totalizando 116 mil toneladas, como explica o engenheiro agrônomo analista do Deral Carlos Hugo Godinho.
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“O produtor dos Campos Gerais está começando a entender a cultura. Muitos estão plantando pela primeira vez, muitos já plantaram e desistiram devido ao alto padrão de qualidade exigido pelas maltarias”, avalia.
É a partir da cevada que se produz o malte, ingrediente da cerveja fundamental no sabor, aroma e aparência da bebida.
Para o engenheiro, o investimento dos produtores no cereal é reflexo da instalação da primeira maltaria da cidade, a Maltaria Campos Gerais, inaugurada em junho deste ano a partir de um investimento conjunto das cooperativas Agrária, Frísia, Castrolanda, Capal, Bom Jesus e Coopagrícola.
De acordo com o Governo do Estado, a empresa tem capacidade de produzir 280 mil toneladas de malte por ano. O empreendimento pretende diminuir a dependência do produto importado, cuja maior parte atualmente vem da Argentina e Uruguai. A estimativa do Ministério da Agricultura e Pecuária é de que 50% do malte utilizado na indústria cervejeira venha de fora do Brasil.
Apesar deste mercado ainda estar começando a crescer na região, algumas famílias apostam no cereal há anos. É o caso da família do engenheiro agrônomo Fábio Schmidt, que cultiva cevada desde a década de 1970. Atualmente, além do plantio – que deve render cerca de 2 mil toneladas nesse ano – Fábio também fomenta a produção com cerca de 50 produtores parceiros.
“O fato de a maltaria se instalar aqui na região faz com que a cultura fique mais disseminada. Incentiva os produtores a terem mais interesse em conhecer e plantar. A proximidade de uma maltaria do centro produtor é sempre muito benéfica, primeiro porque é mais gente no mercado, segundo pela economia logística, garantindo uma lucratividade melhor. Também tem o incentivo à pesquisa, que é o carro-chefe da agricultura”, opina.
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Cerveja é tradição ponta-grossense
O Dicionário Histórico dos Campos Gerais, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), destaca que a produção de cerveja é um patrimônio cultural de Ponta Grossa desde a chegada de imigrantes europeus, por volta de 1870.
Para reforçar a vocação, a Associação Ponta-grossense da Indústria Cervejeira (Apic) está dando os primeiros passos para obter a Indicação Geográfica (IG) das cervejas locais – um documento que reconhece a importância e especificidades de determinado produto.
Apesar de acumular fatores que a destaquem no mercado cervejeiro, como o fato de abrigar plantas de duas gigantes da indústria, e de realizar eventos como a München Fest, o Sebrae do Paraná avalia que ainda faltam passos importantes até que o pedido de registro chegue até o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), como aprofundar a pesquisa histórica e despertar na população a notoriedade na produção da bebida.
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