Violência política pré-eleitoral sobe 130% em 2024, diz pesquisa

A cada um dia e meio em 2024 houve pelo menos um caso de violência política no Brasil. De acordo com a pesquisa Violência Política e Eleitoral no Brasil, desenvolvida pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global, o ano de 2024 contabilizou, entre novembro de 2022 até 15 de agosto, 145 casos de violência política, sendo 22 deles assassinatos.

Este ano é o mais violento já registrado. Em 2018, por exemplo, nas eleições presidenciais, uma pessoa era vítima de violência política a cada 8 dias. Já em 2020, uma a cada 7 dias.

Ao considerar o último pleito municipal de 2020, o ano de 2024 também bate recordes. O período pré-eleitoral de 2020 registrou 63 casos de violência política. Já entre janeiro e 15 de agosto deste ano foram 105 ocorrências – a variação de casos entre os dois pleitos municipais é de quase 170%, e, considerando o conjunto das violências (assassinato, atentado e ameaças) a variação foi de 130%.

“Desde a primeira edição da pesquisa é possível identificar que em anos eleitorais há um acirramento da violência política. Nos casos registrados percebemos uma naturalização da violência política dado os altos índices de assassinatos, atentados e ameaças”, explica a coordenadora de Incidência Política da Terra de Direitos, Gisele Barbieri.

“A pesquisa ainda identifica que a violência política atinge partidos de diferentes espectros políticos e afeta as mulheres de maneira desproporcional”, destaca Gisele.

Tipos de violência política

Segundo o levantamento, ameaças são a forma mais recorrente de violência política, correspondentes a 51,2% dos casos de violência entre novembro de 2022 a 15 de agosto de 2024.  Atentados e ofensas estão em 2º e 3º lugares no ranking.

Ao todo foram mapeadas 153 ameaças e em 29,4% destas ocorrências houve ameaça de morte.

O ambiente virtual é o principal espaço de ocorrência das ameaças: mais da metade dos casos aconteceram nas redes sociais (67,4% dos casos de ameaça em ambiente virtual).

A população branca responde por mais da metade (52%) dos casos de violência política no período analisado. Os homens brancos foram alvos de 84 casos de violência (28%) e mulheres brancas em 71 casos (23,7%). Em 23,7% dos casos de violência política foram os homens negros as vítimas (71 casos). Mulheres negras cisgêneras e transexuais foram alvo de 63 casos, totalizando 21% dos casos.

“Ao analisar o tipo de violência política cometido contra as mulheres, é possível identificar que existe um componente que se diferencia: a ameaça de estupro, que está relacionada a sua condição de gênero. O levantamento não mapeou nenhum caso de ameaça de violência sexual contra os homens”, evidencia Gisele. No período analisado houve 15 casos de ameaça de estupro à parlamentares mulheres.

Foi descoberto, ainda, que a violência é, principalmente, direcionada a políticos em exercício do mandato (77%). No entanto, a violência mais extrema é direcionada, com maior frequência, a candidatos ou pré-candidatos (68%). Dos 22 assassinatos, 15 foram contra quem ainda pleiteiava um cargo eletivo.

Por fim, partidos de esquerda foram os alvos mais frequentes: PT (56) e PSOL (33).

Violência por região

A violência política e eleitoral foi registrada em 24 estados e no Distrito Federal.

As três regiões do Brasil que mais abrigam casos de violência política e eleitoral são:

  • Sudeste, que contabiliza 38,1% das ocorrências;
  • Nordeste, que soma 29,8% dos episódios; e
  • Centro-Oeste, que registra 15% do total.

O estado com maior número de ocorrências é São Paulo (53), seguido de Rio de Janeiro (32).. Bahia e Minas Gerais, ambos com 25 ocorrências.

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