
O governo federal anunciou a redução a zero das tarifas de importação para diversos alimentos, como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva. A medida tem o objetivo de conter a alta dos preços desses itens e aliviar a inflação alimentar, um dos principais fatores que impactam a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Economistas afirmam que a decisão terá pouco efeito sobre a inflação.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que as novas tarifas entrarão em vigor “em poucos dias” e destacou que o governo está “abrindo mão de imposto em favor da redução de preço”. A lista completa dos itens que terão a alíquota zerada inclui:
- Carne (de 10,8% para 0%)
- Café (de 9% para 0%)
- Açúcar (de 14% para 0%)
- Milho (de 7,2% para 0%)
- Azeite de oliva (de 9% para 0%)
- Óleo de girassol (até 9% para 0%)
- Sardinha (de 32% para 0%)
- Biscoitos (de 16,2% para 0%)
- Massas alimentícias (de 14,4% para 0%)
Impacto na inflação deve ser pequeno
Especialistas avaliam que a medida terá um impacto limitado sobre a inflação. Andrea Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, ressalta que o Brasil não importa grandes volumes desses produtos, com exceção do azeite e do óleo. Além disso, a especialista destaca que há problemas de oferta global em itens como carne e azeite, o que pode limitar qualquer redução de preço.
Outro fator que pode comprometer os efeitos da isenção fiscal é a variação cambial. “Mesmo que o Brasil importasse grandes volumes desses produtos, o câmbio depreciado poderia anular parte do benefício”, explica Angelo. Ela ainda aponta que a medida pode impulsionar a demanda, beneficiando comerciantes que podem absorver parte do ganho como margem de lucro.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, também vê pouco efeito inflacionário da decisão. Para ela, a medida pode aliviar pontualmente os preços de alguns itens, mas sem garantir um impacto significativo no índice de preços ao consumidor (IPCA). “Os produtos importados são uma parcela pequena do mercado doméstico de alimentos. Assim, a decisão deve ter mais um efeito político do que econômico”, avalia.
Isenção de ICMS deve ter impacto maior
Os economistas também ressaltam que a isenção de outro imposto, o ICMS pelos estados teria um efeito mais relevante na contenção dos preços. “A medida do governo federal atua apenas na tarifa de importação, mas os impostos estaduais também compõem uma parte importante do preço final ao consumidor”, diz Angelo.
Diante do cenário atual, analistas apontam que a desoneração dos alimentos importados pode trazer algum alívio em nichos específicos, mas não será suficiente para reverter a alta dos preços em larga escala. A inflação dos alimentos continua sendo um dos maiores desafios para a atual gestão, e novas medidas poderão ser necessárias para conter seus impactos na economia e na percepção popular do governo.
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