Pesquisadores e criadores de peixe de Goiás se unem para combater escassez do alimento por causa da estiagem

Os povos Karajás tiveram que recorrer a outra fonte de alimento por causa da falta de peixe no rio Araguaia. A seca do ano passado diminuiu a fartura de peixes no rio Araguaia, que passa por estados do norte e do centro-oeste
A seca de 2023 fez a fartura de peixes de peixes diminuir no Rio Araguaia. Em Goiás, pesquisadores e criadores de peixes se uniram para tentar e amenizar o problema, que atinge principalmente os indígenas da região.
Dentro da água, o pequeno microfone capta sons emitidos pelos peixes, barulhos que o Luiz Carlos, guia de pesca há 52 anos, conhece bem.
O problema é que está cada vez mais difícil encontrar grandes cardumes no Rio Araguaia. Situação que se reflete nas aldeias indígenas.
Os povos Karajás são essencialmente ribeirinhos. Eles constroem as aldeias nas margens dos rios porque é deles que tiram os peixes, seu principal alimento. Só que em Goiás, de uns tempos pra cá, o Araguaia não estava dando conta de sustentar com fartura todos os indígenas.
“Não tem mais. Então assim, passamos necessidade em relação a peixe. Aí o que que nós estamos fazendo…Comprando galinha refrigerada, carne de vaca . Eu nunca imaginei de comer frango congelado”, fala o cacique Karajá, Raul Hawakati.
Por isso os karajás pediram ajuda para os pesquisadores da Universidade Federal de Goiás. Primeiro eles montarma um laboratório, às margens do rio, para coletar amostras de espécies nativas como o pacu-manteiga e o piau-vara. O material genético foi usado na reprodução dos peixes , só que em tanques da universidade.
O animais se desenvolveram em lagos de criadores particulares de Rio Verde, na região sudoeste de Goiás.
“É especial porque as espécies que existem no Araguaia são únicas, né? Então a gente, como iniciativa privada, fazer parte disso, a gente está transferindo e aprendendo tecnologia para replicar isso em outras espécies para que o peixe nativo não sofra pressão da pesca predatória”, explica o piscicultor Hugo Leonardo Soares Bento.
O retorno dos 50 mil filhotes produzidos para as Terras Karajás foi de caminhão, numa viagem de 400 km. Os indígenas acompanharam atentos a soltura dos peixes nos lagos da reserva.
“Gratificante, muito gratificante mesmo, que a gente estava precisando, todos precisando, né?”, diz Indiana Wassuri, indígena Karajá.
Além de repovoar as águas, a ideia é que os peixes cresçam em abundância, para voltar a ser o principal alimento para a aldeia, onde vivem cerca de 500 moradores da aldeia.
“A ideia realmente é trazer as espécies para cá, para eles continuarem, né? Com a cultura do consumo do peixe, com a cultura da pesca, né? E que isso se perpetue nas gerações futuras”, fala a pesquisadora Fernanda Gomes de Paula.
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