Sacolé ‘turbinado’ com droga pode ser letal; entenda reações no corpo, como AVC e infarto


Polícia investiga suposta venda em ensaios de blocos do Rio de sacolé com comprimido de MDMA. Uso da droga somado a fatores como calor, desidratação e álcool pode ser fatal. Sacolé com droga sendo vendido em meio a blocos de rua no carnaval
Reprodução/Redes sociais
Uma imagem que mostra um ambulante em meio ao “esquenta” do carnaval carioca oferecendo uma versão “turbinada” do sacolé (ou geladinho) original, que promete uma experiência psicodélica, viralizou nas redes. O saquinho do típico sorvete preparado dentro de pequenos sacos plásticos vem com uma “bala” – nome popular para o MDMA.
🚨 O MDMA é uma droga psicoestimulante que age sobre o sistema nervoso. A Delegacia de Repressão aos Entorpecentes abriu uma investigação para apurar a suposta venda do produto, apelidado de “sacolé com bala”, em ensaios de blocos de carnaval do Rio.
👉 Especialistas alertam que o perigo de uso da droga, somado às circunstâncias do carnaval, como o calor, risco de desidratação e consumo de bebidas alcoólicas, pode tornar a experiência letal por conta de AVC e infarto.
Esse tipo de droga, misturada com álcool, desidratação, pouca alimentação e calor muito forte, tem os efeitos aumentados. Uma aceleração cardíaca que a droga causaria, nessas condições, viram um infarto. É uma aventura que pode terminar em morte.
O que acontece no cérebro sob o efeito da droga
O MDMA é uma droga psicoestimulante que age sobre o sistema nervoso autônomo – que é como se fosse o nosso “controle central”, regulando a pressão arterial, frequência cardíaca e temperatura corporal.
Durante a ação da droga, o corpo aumenta a produção de adrenalina e noradrenalina, dois hormônios estimulantes. É a união dos dois que causa efeitos como aumento da energia, da autoconfiança e da capacidade de respostas.
Segundo o neurologista Felix Bauab, especialista em neurociência do hospital Sírio Libanês, a pessoa sob o efeito da droga sente como se tivesse “superpoderes”, o que pode ser arriscado.
“A pessoa fica destemida, com coragem de enfrentar riscos, e pode se colocar em situações perigosas. Só isso, em meio ao carnaval, já é um risco. Mas, como o corpo fica quando essa reação química acontece, é um risco aumentado em meio ao calor, aglomeração e desidratação”, explica.
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O risco dos efeitos no corpo
O efeito da droga acontece por uma reação química. No corpo, isso se reflete em um desequilíbrio das funções vitais, como o aumento da pressão arterial e da temperatura corporal.
A elevação da pressão sanguínea pode resultar em arritmia cardíaca, aumentando o risco de infarto.
A contração das artérias do cérebro ou a própria arritmia, dependendo da gravidade, pode levar a um AVC.
No caso da temperatura, é importante diferenciar de febre – que é quando nosso corpo reage a uma causa externa (infecção). Nesses casos, segundo o especialista, o aumento não é tão rápido quanto o efeito da droga, que pode elevar a temperatura corporal acima dos 40°C.
Imagina isso desidratado e em um ambiente já quente? As coisas ficam muito maximizadas no efeito e, com isso, as consequências podem ser letais. É importante que as pessoas saibam do risco antes de se exporem a isso.
Sacolé com droga sendo vendido em bloco de carnaval no Rio de Janeiro
Reprodução
➡️ Outra consequência é a hiponatremia. Segundo o Guia de Doenças e Sintomas do Hospital Albert Einstein, a hiponatremia é uma alteração metabólica caracterizada pela baixa concentração de sódio no sangue em relação ao volume de água no organismo.
Isso pode acontecer porque, além da adrenalina e noradrenalina, o corpo vai liberar ocitocina – o hormônio do amor. A ocitocina tem uma ação antidiurética, agindo sobre o equilíbrio da água e sódio no corpo.
🚨 Quando há uma quantidade de hormônio acima dos níveis naturais, o corpo acumula água e isso faz com que o sódio no sangue fique baixo, causando uma intoxicação por água.
Se a pessoa estiver no sol, sob efeito de drogas, numa aglomeração e, ao sentir um mal estar, beber água, o processo de intoxicação poderá ser acelerado.
A droga é ilegal e, por isso, não há qualquer controle de quantidade de substância. Com isso, não há como definir a proporção do risco. A recomendação é de que as pessoas não tomem isso porque pode mesmo ser letal.
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